Núbia Esther 30/07/2018Depois da caçada a Lavisser, dois anos atrás na Dinamarca, e as dúvidas que fizeram Sharpe quase desistir do exército, ele acabou decidindo retornar ao seu posto de intendente, com a promessa de que não seria deixado para trás quando o regimento viajasse outra vez para a guerra. Agora, ele está na Espanha. Nesse período, a França é senhora de toda a Europa e Napoleão avançou com todas as forças de seu exército imperial sobre a Espanha e Portugal. Com perdas significativas nos dois países, o exército britânico está restrito a esparsos regimentos e muitos soldados almejam retornar para os seus países. Há seis meses Sharpe se junto ao 95° Regimento de Fuzileiros no cargo de intendente é claro, afinal, não é do interesse de ninguém conferir algum poder a um tenente ascendido das fileiras. Se tudo corresse conforme o planejado, caberia a Sharpe apenas gerir as provisões de seu batalhão enquanto ignoraria os esgares e o escárnio de seus companheiros, mas com Sharpe, nada ocorre como o esperado.
Na Espanha, a cavalaria francesa massacra o 95° Regimento, faz de reféns oficiais, fere mortalmente outros e, para infelicidade de todos os fuzileiros sobrevivente, resta apenas Sharpe com a patente requerida para comandá-los.
“(…) Os cinquenta fuzileiros eram inofensivos como os destroços de um naufrágio, e se os franceses soubessem que os fugitivos eram liderados por um intendente, iriam considerá-los ainda mais inócuos.
Mas o intendente lutara contra os franceses pela primeira vez há quinze anos, e continuara lutando desde então. Os fuzileiros perdidos podiam chamá-lo de tenente novato, e podiam até enfatizar a palavra “novato” com o escárnio dos soldados velhos, mas isso era porque não conheciam este homem. Tinham-no como um mero sargento ascendido das fileiras, mas estavam enganados. Ele era um soldado, e seu nome era Richard Sharpe.” (Página 35)
Em A Presa de Sharpe, Sharpe teve o grande período de indecisão, quando até tentou jogar tudo para o alto e abandonar as fileiras. Agora, ele sabe que ele é um soldado, que ele é razoavelmente bom e que é tudo o que ele sabe ser. Mas, se ele tem convicção do o quão bom soldado ele é, ela lhe faz falta quando a história é ser líder. Um oficial ascendido por seu valor e não pelo dinheiro gasto com a compra da patente não é bem visto. Nem por aqueles que ficaram para trás e muito menos para os superiores que depuseram grandes somas para atingirem tais postos. Antes das batalhas árduas contra os franceses, Sharpe terá de empreender uma batalha consigo mesmo e com os minguantes fuzileiros sobreviventes da chacina. Angariar o respeito de seus homens e realmente assumir seu posto de comando será um de seus maiores desafios. Mas, talvez ele tenha alguma ajuda espanhola…
Major Blas Vivar. Esse militar de sangue nobre, com uma confiança que às vezes beira a indulgência, ajudará Sharpe em um momento de necessidade e exigirá a lealdade de Sharpe em troca. Vivar carrega consigo um misterioso baú, que o exército francês (o mesmo que derrotou o 95° Regimento) sistematicamente está perseguindo para capturar. Um baú cujo conteúdo poderá mudar os rumos da guerra, ao promover o levante do povo espanhol contra os franceses. O plano de Vivar para atingir tal meta é ambicioso, mas, depois de matar o temido sultão Tipu, sobreviver à Batalha de Assaye e se consagrar herói no processo, invadir a inexpugnável Fortaleza de Gawilghur, se aventurar em uma das mais conhecidas batalhas navais da história e resistir ao cerco de Copenhague; invadir uma cidade espanhola fortificada tomada de franceses pode até ser uma missão quase suicida, mas à altura da bravura, da necessidade de mostrar mais do que nunca seu valor, e da pitada de insanidade que parece sempre acompanhar Richard Sharpe. E, nada como uma missão fadada ao fracasso para que Cornwell capriche nos reveses e nos momentos de tensão de deixar o leitor a roer as unhas. Diferentemente do volume anterior, este já começa no tiro, porrada e bomba desde os parágrafos iniciais, enquanto prepara o caminho para futuros reencontros (tomara!) e quiçá alguns resgates que tornarão Sharpe ainda mais benquisto entre os seus. E, por falar nos fuzileiros, assim como Sharpe você até pode se ressentir de alguns no início, mas se prepare para se ver cativado por Harper. Esse conseguiu “ler” Sharpe direitinho, principalmente seu pendor para o enamoramento fulminante. Desconfio que essa parceria forjada a punhos e sangue renderá algumas situações impagáveis. Que venha Portugal!
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