spoiler visualizarLF 04/11/2021
Sofrível
Sem exagero, este é um dos piores livros que já li. Não há nada aqui que preste.
Em primeiro lugar, não sei se querendo ou não, o autor imita o Ensaio sobre a Cegueira do Saramago. Ocorre um evento cataclísmico e inexplicável, que acaba da mesma forma que começou. Além disso, os personagens não tem nome, apenas designações, como Repórter, ou Esposa, ou o Raio que o Parta. As comparações acabam aí. A narrativa quase nunca faz sentido. De verdade! Uma mulher bomba suicida é identificada porque urina nas calças (?), por exemplo. São cenas clichês de ação soltas pelo livro, extremamente entediantes. Clichês também são os personagens, sem desenvolvimento algum e todos tipos de filmes hollywoodianos ruins, como o "Governador", político honesto, homem de família, que luta pelo seu povo, protegido por uma espécie de "serviço secreto" - pensem no presidente do filme Independence Day, e outros na mesma linha. O Repórter, personagem principal, é um dos protagonistas mais insossos que já vi. Ele é um alter ego do escritor, um jornalista que luta sempre pela verdade e que ao mesmo tempo é um herói de filmes de ação, que se sacrifica pela família. Na verdade, o livro constantemente puxa o saco da profissão de jornalista ("Faça aquilo que você faz de melhor: fale a verdade!"). Mas até aqui, apenas falei das partes "boas". O pior mesmo jaz nas reflexões e elucubrações, ou lições de moral, dos personagens. Deixo abaixo uma pérola:
"Desejo é a palavra. Um milagre pressupõe a existência de alguém, ou de alguma força, capaz de realizá-lo. Um desejo é mais abstrato, na maioria das vezes, mais inacessível. Talvez por isso só os gênios, e não os deuses, concedam desejos. Milagres são finitos. Acontecem ou não. Mesmo os desejos realizados são substituídos por novas vontades. Desejos são insaciáveis, logo, infinitos."
Conste que essa linha de raciocínio idiótica se passa por uma reflexão profunda no livro.
Há muito mais bizarrices que eu poderia mencionar aqui para demonstrar a péssima qualidade dessa narrativa, mas o livro já me oprimiu demais - uma vez que tive que lê-lo por razões profissionais, não pude abandonar a leitura, pois se pudesse o teria feita nas primeiras vinte páginas.
Tive que escrever esta resenha para me desintoxicar dessa leitura!