Da República

Da República Cícero




Resenhas - Da República


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Yuri.Bilk 10/01/2017

Cícero é conhecido como o melhor orador e argumentador que Roma produziu. Neste livro ele discute a natureza das "coisas públicas" (res publica), ou seja, as interações entre estado, leis e cidadãos.

Confesso que peguei esse livro mais pra admirar sua retórica do que pra apreciar sua filosofia.

E que retórica! Cícero desenrola seu dicurso com a precisão de um cirurgião, nada está ali por acaso, cada sentença de seu texto tem um propósito.

Ele expressa suas ideias na forma de um dialogo (inventado, obviamente) em que Scipius Africanus, o famoso destruidor de Cartago, discute com outros personagens históricos sobre as diferentes formas de governo (monarquia, aristocracia e democracia), sobre a história da cidade e do governo romano até então, sobre a lei e sobre os aspectos do cidadão ideal.

As ideias em si servem mais como retrato da visao de mundo romana do que como fonte de inspiraçao para solucionar os problemas de hoje. Cícero era um aristocrata. Embora ele acreditasse que a participação do povo no governo fosse essencial para garantir a manutençao da liberdade, essa participaçao deveria ser limitada.

Para ele o poder deveria ser concentrado nas mãos de um benevolente "monarca", que haveria de "cuidar do povo como um pai". Esse monarca seria apoiado intelectualmente por uma classe de aristocratas (que supostamente seriam mais sábios que um cidadao comum).

É coincidencia que esse modelo de "governo perfeito" mimetizace justamente as instituiçoes romanas do Consulado e do (aristocrático) Senado? Não, não é. Os romanos eram cheios de si.

Implicita em toda essa argumentaçao está a visão de divisao de classes dos romanos, e a ideia de que algumas pessoas (os aristocratas) são inerentemente superiores a outras (a plebe).

O Estado, entretanto, estaria suscetivel a ruína caso houvesse deterioraçao moral da classe aristocrática. Por isso Cícero dedica o último terço do livro defendendo uma série de virtudes públicas do "cidadão ideal" que deviam ser adotadas pela aristocracia.

Boa parte do texto foi perdida na transição pra idade média, o que complica a coisa toda.

No fim dou 3 estrelas. As ideias, como era de se esperar, são ultrapassadas. Mas ainda são um bom retrato de como era a visao de mundo romana, o que é bem legal. Além de que a retórica é impecável.
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Isotilia 15/10/2013

Eterno! Um texto simplesmente eterno!
É incrível ler um livro tão antigo e achar um tema tão atual. Parece que 2.000 não significaram nada. Continuamos com os mesmos problemas e as mesmas discussões sobre como ter uma República, uma 'coisa pública', que garanta o estado de direito.
Essa obra está dividida em seis livros. No primeiro, o autor faz apologia ao amor pela Pátria, no segundo, ele conta a História de Roma e define o verdadeiro homem político, no terceiro, desenvolve o mesmo tema e conclui que só a justiça torna possível o governo da República (teria tirado essa ideia de 'A Política' de Aristóteles?), no quarto (muito curto), tece observações sob a dissolução dos costumes, no quinto, faz apologia à família e afirma que verdadeira felicidade só pode ser alcançada numa perfeita organização política, numa República sábia e bem organizada.
Finalmente, no sexto e mais impressionante livro, afirma a existência de Deus e manifesta a sua crença na imortalidade da alma. Fiquei muito impressionada com o contato espiritual que ele afirma ter tido. É exatamente a mesma descrição dos relatos espíritas. Ou o Chico Xavier leu o Cícero e reescreveu o mundo espiritual de um modo mais moderno. Ou os dois tiveram um contato com a mesma espiritualidade, só que um dois milênios depois do outro.
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