Resenhas - Apenas um Subversivo

Carol 21/10/2013

Um grande livro, sem sombra de dúvidas.
Deparamo-nos com a história do Brasil claramente como pano de fundo das histórias de Dias Gomes (e também um pouco da história mundial), tornando o livro quase uma aula de história. Faz com que você relembre diversos fatos ou, talvez, conheça alguns que ainda não lhe foram apresentados.
Nesse quesito, o livro é nota dez. Porém, a expectativa para com a pessoa “Alfredo de Freitas Dias Gomes” fez com que eu me decepcionasse com o que ali é posto. Esperava encontrar nas páginas um herói, mas encontrei mais um ser humano – e cheio de defeitos que eu jamais poderia imaginar. Tentei ao máximo não ser anacrônica, mas não podia comungar com certas atitudes e falas que são opostas ao que prego.
Não sei se foi uma escolha própria, mas senti falta de um foco maior na vida pessoal dele – em relação aos filhos, por exemplo. Parece que não foram tão importantes na vida de Dias Gomes, mesmo sabendo que tenham sido. Creio realmente que tenha sido escolha dele, mas fiquei com o pé atrás.
Outro fato que me incomodou foi Dias sempre se colocar como excelente, acima dos críticos e inferiorizando-os através de adjetivos. Por mais que Dias fosse bom, parto do princípio que quem é bom no que faz não precisa “subir” nos outros.
Mas o livro faz com que você se questione o tempo inteiro, não apenas se o que Dias fala é realmente como aconteceu. Você passa a questionar sua vida, no que você acredita; me apeguei às mesmas dúvidas que o autor relata ter tido. É uma incrível e recomendável leitura.

rogeriogalves 11/02/2012

Comunista de Carteirinha
Reu confesso de que era comunista de carteirinha e de que suas novelas junto com sua esposa janet Clair eram feitas para incutir a filosofia marxista e a revolução sexual na sociedade.

Luis 07/02/2010

O testamento do herói.
Perseguido pela direita e (em certo momento) patrulhado pela esquerda em função de sua brilhante atividade como novelista, o baiano Dias Gomes traçou uma trajetória sem paralelos entre os intelectuais de seu tempo. Sua obra, sofisticada e popular ao mesmo tempo, trazendo ecos de Jorge Amado e Brecth em seu DNA, levou multidões ao Teatro e emocionou humildes donas de casa pelas ondas da Rádio Nacional ou, mais tarde, pela tela da TV Globo.
As páginas de "Apenas um Subversivo" registram as memórias do dramaturgo (talvez um dos mais importantes da nossa história ao lado de Nelson Rodrigues, Plínio Marcos e Oduvaldo Vianna Filho)em meio aos vários cenários em que atuou.O estrondoso sucesso e prestígio que desfrutava em seus últimos anos (quem não se lembra de "Roque Santeiro" ? adaptação de sua peça proibida "O Berço do Herói")não aplacou a sua veia contestadora e revolucionária, expressa com exatidão no título do volume.
Pena que não muito tempo depois da publicação desse livro, Dias Gomes morreria tragicamente em um acidente automobilístico na capital paulista. "Apenas um Subversivo" seria então o seu testamento, espelhando com intensa dignidade a sua vida e obra.

Afonso74 05/07/2009

Trata-se de um livro leve como deveriam ser todas as boas autobiografias. Afinal, pessoas que se levam a sério demais são normalmente enfadonhas e Dias Gomes não se enquadra nessa descrição. Quem deve levar um personagem à sério e analisar todos os seus erros e acertos de forma crítica e isenta são os biógrafos e não a própria pessoa.
Enfim, se procuram um relato desse autor fora de série sobre sua vida pessoal e política, leiam o livro.
Pessoalmente espero que o autor de "O Pagador de Promessas", "O Bem Amado" e "Roque Santeiro" receba em breve toda a atenção que Nelson Rodrigues vem recebendo há alguns anos. Já está mais do que na hora!