Gêneros Literários

Gêneros Literários Angélica Soares




Resenhas - Gêneros literários


9 encontrados | exibindo 1 a 9


Maria.Luysa 07/05/2024

Gêneros literários
Li por causa da Universidade! A explicação foi boa, mas eu achei a leitura bem cansativa apesar de ser um livro pequeno.
comentários(0)comente



Maria.Luysa 07/05/2024

Gêneros literários
Li por causa da Universidade! A explicação foi boa, mas eu achei a leitura bem cansativa apesar de ser um livro pequeno.
comentários(0)comente



Dudu 21/12/2023

Bem, bem, bem introdutório
É um livro bastante introdutório e resumido, algo já esperado, mas resumido até demais, acredito eu. A autora se propõe a abordar diversos temas a custo de fazer isso com dois ou três parágrafos para cada um. O que não quer dizer que o livro seja ruim, não é isso, é até bem interessante para ter uma visão bem ampla a respeito de algumas teorias e dos gêneros literários. Gostei principalmente do cap 3, que é justamente o que mais toma espaço no livro. Conheci algumas informações sobre subgêneros específicos como a ode, a balada, e informações valiosas sobre uma teoria referente aos planos da narrativa (diegético e discursivo) e suas implicações com relação ao narrador. São coisas bem básicas, mas que ainda não estavam muito claras para mim, então com certeza compensou ter lido.
comentários(0)comente



Henrico.Iturriet 25/04/2023

Introdução insuficiente
Digo, qualquer introdução é insuficiente para um processo de conhecimento, já dizia o significado de introdução. Porém, eu tenho raiva desses livros que condensam conceitos e não permitem o mínimo de construção crítica em relação as obras e gêneros específicos das ferramentas e metodologia científica que o objeto, em si, busca em nós como pesquisadores para o compreendermos.
Fico com preguiça, raiva e percebo o caráter vazio da leitura teórica, isso sim é teoria e nao teoria científica.
comentários(0)comente



Gi 14/04/2023

"Muito se poderia dizer ainda sobre os gêneros literários, quando estruturados nos moldes tradicionais ou desestruturados em obras mais revolucionarias. Não podemos, entretanto, esquecer que, se a própria noção do que é e do que não é literário varia com o transcurso dos tempos, porque cada época contém uma ideologia especifica e sistemas próprios de manipulação da cultura, a noção de gênero literário é também histórico-cultural, obedecendo sempre, como já vimos, a um horizonte de expectativas."
comentários(0)comente



duda 29/05/2022

Não gostei da didática da autora, achei bem chato. Não sei se é porque não tenho muita afeição pelo assunto, mas creio que Angélica poderia explicar de uma forma menos maçante. Infelizmente vou ter que reler algumas partes.
comentários(0)comente



akame7 11/01/2022

Fichamento do livro
A poesia lírica

"O sujeito lírico se faz perceptível, não só quando indicado [página 24] pela primeira pessoa, mas também porque projetado nos arranjos especiais da linguagem. A emoção lírica é favorecida ainda pelo predomínio da coordenação (veja o acúmulo do conectivo aditivo "e"). E isto se dá porque a coordenação impede uma apreensão lógico-circunstancial, própria das conexões subordinativas. Destas restam, em poucos momentos, as comparativas (segundo, sexto e décimo segundo versos) e uma tempora (sétimo verso), quando a fusão se atenua, mantendo-se os limites do corpo e da natureza. O caráter emocional dos versos intensifica-se pela musicalidade que, na forma escolhida do soneto, decorre dotratamento melodioso e paralelístico das rimas, do ritmo e das estrofes.

No texto lírico, os recursos sonoros e de significação se aliam de tal forma, que se cria uma unidade. Daí tornar- se impossível qualquer mudança sem haver algum prejuízo; o que também dificulta as traduções. 1º) o eu lírico ganha sempre forma no modo especial de construção do poema: na seleção e combinação das palavras, na sintaxe, no ritmo, na imagística; 2º) assim, ele se configura e existe diferentemente em cadatexto, dirigindo-nos a recepção; 3º) e, por isso, não se confunde com a pessoa do poeta (o eu biográfico), mesmo quando expresso na primeira pessoa do discurso. a. O sujeito, então, mais que nunca, identifica-se na e pela linguagem, através da dicção própria de cada poema, de sua estruturação singular. E tudo isso é lírico por quê? Pelo que estudamos antes, já temos a resposta: porque filtrado pela emoção, porque construído por uma razão apaixonada, que aproxima sujeito e objeto. Porque a linguagem, por mais "subjetiva", é sempre transmissora de conceitos e une, por isso, su- [página 28] jeito e sociedade.

A lírica faz da linguagem o meio pelo qual ela age sobre os outros e não apenas sobre o poeta a produção poética de autoria feminina, com importantes representantes na poesia brasileira, como: Gilka Machado, Adélia Prado, Olga Savary, Marly de Oliveira, entre outras."

Algumas formas líricas fixas

"Balada A origem da balada é folclórica e surge literariamente com os povos germânicos na Idade Média. Sendo um canto de caráter narrativo, se desenvolve em torno de um único episódio, que pode ser melancólico, histórico, fantástico ou sobrenatural.

Canção — latim cantione (m), canto, canção. Genericamente designa toda composição poética destinada ao canto.A canção foi cultivada por grandes poetas como Dante, Petrarca, Camões e Fernando Pessoa. Do Modernismo brasileiro, destacamos "Canção", de Cecília Meireles: [página 31]

Elegia — grego elegeía, cantos de luto e tristeza. O nome devese talvez à transcrição helênica do vocábulo armênio (elegn,elegneay) que significava "bambu" ou "flauta de bambu", já que esta acompanhava os cantos lutuosos. Geralmente seu tema é o lamento e o pranto pela morte de alguém ilustre ou amigo e identifica-se por sua feição sentenciosa, transmissora de conceitos e máximas morais, que visam a fornecer regras para suportar os infortúnios.

Haicai — japonês haiku, versos cômicos; haikai, poemas cômicos —, poema japonês caracterizado pela brevidade, composto de três versos, somando dezessete sílabas, o primeiro e terceiro com cinco e o segundo com sete. Resultando em um pensamento poético e/ou filosófico muito concentrado, o haicai inspira-se nas estações do ano.

Ode — grego oidê, canto. Originariamente consistia num poema destinado ao canto, composto em quartetos formados por versos de metros variados, que proporcionassem determinados efeitos musicais e emocionais.— sendo o amor, o vinho e os prazeres gastronômicos os temas mais explorados. De acordo com o modelo clássico, as odes classificam-se em: pindáricas (exaltam homens e acontecimentos ilustres), sacras (exaltam a religião), filosóficas (de assuntos meditativos e filosóficos) — apresentando essas três o mesmo esquema estrófico, isto é, estrofes, antístrofes e estâncias menores denominadas épodos. Há ainda odes sáficas (de assuntos morais, com- [página 34] postas geralmente de quadras, com três versos decassílabos e um de quatro sílabas), anacreônticas (amorosas ou pastoris, de assuntos graciosos e estrutura estrófica variável), báquicas (ou ditirambos, de celebração dos prazeres da mesa).

Soneto — italiano sonetto, do provençal sonet, de son, melodia, canção — é todo poema de catorze versos, dispostos em dois quartetos e dois tercetos."

"A epopéia

Nelas situam-se também as fontes do gênero narrativo.Sendo a epopéia uma longa narrativa literária de caráter heróico, grandioso e de interesse nacional e social, ela apresenta, juntamente com todos os elementos narrativos (o narrador, o narratário, personagens, tema, enredo, espaço e tempo)12, uma atmosfera maravilhosa que, em torno de acontecimentos históricos passados, reúne mitos, heróis e deuses, podendo-se apresentar em prosa (como as canções de gesta medievais) ou em verso (como Os lusíadas).
1ª) Proposição 2ª) Invocação 3ª) Dedicatória 4ª) Narração 5ª) Remate, epílogo ou desfecho.
A substituição posterior do hexâmetro das epopéias homéricas pelo verso decassílabo, ainda longo e narrativo, sustenta o tom solene e a grandiloqüência próprios do épico. Isto porque a composição épica deve fazer-se por adição, justapondo-se, em pequena ou grande escala, trechos independentes, que evoluem progressivamente, sem uma preocupação imediata com o fim.
Ainda coerente com a autonomia das partes, a coordenação é o processo sintático mais apropriado para reuni-las. A plasticidade, relacionada à atração épica pela claridade e ao desejo de captação do mundo exterior pelo olhar, é outra característica do gênero. O poeta épico chega mesmo a transformar os sentimentos mais internos em imagens visíveis e bastante claras. A epopéia que, segundo Lukács, corresponde a um tempo anterior ao da consciência individual e, portanto, voltado para o destino de uma oletividade, não se manteve em nossa época, que se caracteriza sobretudo pelo individualismo e pelo investimento nos domínios do inconsciente humano. O sentido do épico, no entanto, se manifesta toda vez que se tem a intenção de abarcar a multiplicidade dinâmica da realidade em uma só obra, criando-se uma unidade."


O Romance

O romance vem a ser a forma narrativa que, embora sem nenhuma relação genética com a epopéia, a ela equivale nos tempos modernos. E, ao contrário da epopéia, como forma representativa do mundo burguês, volta-se para o homem como indivíduo.vEssa forma narrativa aparece na Idade Média, com o romance de cavalaria, No Renascimento, aparece como romance pastoril e sentimental, logo seguido pelo romance barroco, de aventuras complicadas e inverossímeis, bem diferente do romance picaresco, da mesma época.

O nascimento da narrativa moderna que, apresentando constantes transformações, vem-se impondo fortemente, desde o século XIX, quando — quase sempre publicada em folhetins — se caracterizou sobretudo pela crítica [página 42] de costumes ou pela temática histórica. Estas chegam até nossos dias, juntamente com as narrativas que, nos moldes impressionistas, são calcadas no fluxo de consciência e nas análises psicológicas, ou as que optam por uma forma de realismo maravilhoso ou de ficçãoensaio. O enredo, as personagens, o espaço, o tempo, o ponto de vista da narrativa constituem os elementos estruturadores do romance.



O enredo

Sendo o resultado da ação das personagens, o enredo (também chamado trama ou intriga) só adquire existência através do discurso narrativo, isto é, do modo especial com que se organizam os acontecimentos. O que dá unidade aos elementos da trama é o tema, entendido como idéia comum, que constrói um sentido pela união de elementos mínimos da obra, chamados motivos.



As personagens

As personagens funcionam, segundo o teórico francês Roland Barthes, como agentes da narrativa. Isto porque depende delas o sentido das ações que compõem a trama. Ela guarda sempre, em sua ficcionalidade, uma dimensão psicológica, moral e sociológica.

Destacam-se do elenco de personagens de um romance o narrador e o narratário. Lembremos que o primeiro não pode nunca ser confundido com o Autor; é já uma criação deste e, portanto, elemento de ficção. Trata-se o segundo do receptor da narrativa, aquele a quem, muitas vezes, se dirige o narrador, como, por exemplo, o "leitor amigo", no romance Dom Casmurro, de Machado de Assis. De acordo com a proposta de Gérard Genette, quando o narratário não é identificado na narrativa, podemos [página 46] denominá-lo como narratário extradiegético. Quando o narratário participa da narrativa como personagem concreta (interveniente na trama ou apenas narratário), podemos denominá-lo como narratário intradiegético. Num romance, geralmente detectamos uma personagem principal (protagonista ou herói) e personagens secundárias (comparsas), mas nem sempre é muito fácil identificar o protagonista, havendo mesmo casos em que mais de uma personagem se projeta como centro dos acontecimentos narrados. O protagonista, no entanto, terá sempre uma forte atuação durante toda a trama. Tão importanten quanto caracterizar as personagens é buscar a funcionalidade dos seus caracteres.As personagens de uma narrativa, segundo E. M. Forster, podem ser caracterizadas apenas por um traço básico e comportar-se sempre da mesma maneira (personagens planas ou desenhadas, que tendem à caricatura ou se tornam tipos) ou podem ter seu retrato e sua atuação complementados e modificados no decorrer da narrativa (personagens redondas ou modeladas). Mas, não raramente, a mesma personagem apresenta ora aspectos que a individualizam, ora os que a mostram como representante típica de uma classe social, de uma profissão, de uma raça, região… Podem ser considerados ainda como personagens de um romance quaisquer elementos (idéias, fatos, desejos, objetos) aos quais se atribua uma personificação.



Tempo

São indicadores textuais do tempo da diegese as referências a dias, meses, horas, anos, ao ritmo das estações ou a uma determinada época. Quando a anacronia consiste em uma antecipação, no discurso, do que ainda vai acontecer no plano da diegese, a denominamos prolepse. A coincidência entre a duração do discurso e da diegese só se dá, praticamente, nos diálogos sem intervenção do narrador. O que verificamos mesmo, nos romances, são anisocronias, isto é, diferenças de duração entre os dois referidos tempos, as quais fazem variar a velocidade do relato. Os resumos, as elipses (exclusão de determinados acon- [página 50] tecimentos) aceleram a narrativa, enquanto as descrições minuciosas e as digressões (comentários paralelos, que suspendem o desenvolvimento da diegese) retardam a narrativa. Importante também é observarmos a construção do tempo psicológico (da dor, da espera, da angústia...). Pode-se, por exemplo, narrar em muitas páginas o que tenha ocorrido em poucos minutos, o que permitiria ao leitor a percepção do tempo interior.


O espaço

Também denominado ambiente, cenário ou localização, o espaço é o conjunto de elementos da paisagem exterior [página 51] (espaço físico) ou interior (espaço psicológico), onde se situam as ações das personagens. É ele imprescindível, pois não funciona apenas como pano de fundo, mas influencia diretamente no desenvolvimento do enredo, unindo-se ao tempo.



O ponto de vista

Jean Pouillon distinguiu três tipos de focalização: a visão "por trás", pela qual o narrador conhece tudo sobre as personagens e a história; a visão "com", em que o narrador sabe tanto quanto a personagem; e a visão "de fora", quando o narrador se limita ao que se vê, não penetrando na interioridade das personagens.

a) Focalização heterodiegética (em que o narrador não é um dos atores da diegese romanesca) versus focalização homodiegética (em que o narrador participa como agente da diegese narrada). Na focalização homodiegética, o narrador pode ser o protagonista (narrativa em primeira pessoa, caso em que recebe o nome de focalização autodiegética, como em Dom Casmurro, de Machado de Assis), ou pode ser uma personagem secundária, aparecendo como uma testemunha dos acontecimentos.

b) Focalização interna (quando o narrador apresenta o que se passa na interioridade das personagens) versus focalização externa (quando o narrador apresenta somente o que aparece: fisionomia, vestuário, hábitos, havendo, por isso, uma valorização dos diálogos).

c) Focalização onisciente (quando o narrador conhece tudo em relação às personagens e aos eventos) versus focalização restritiva (quando o narrador se atém ao que determinadas personagens vêem e sabem).

d) Focalização interventiva (quando o narrador intervém com comentários) versus focalização neutral (sem qualquer tipo de intervenção do narrador — o que se torna praticamente impossível, pois o simples uso da adjetivação já indica participação do narrador, podendo este, no entanto, tender para uma focalização bastante despersonalizada). Em uma narrativa podemos detectar várias dessas modalidades de focalização ou até encontrar o que Todorov chamou de focalização estereoscópica (quando o mesmo acontecimento recebe diferentes interpretações), própria dos romances epistolares, constituídos por cartas de várias personagens.


O conto

É a designação da forma narrativa de menor extensão e se diferencia do romance e da novela não só pelo tamanho, mas por características estruturais próprias. Ao invés de representar o desenvolvimento ou o corte na vida das personagens, visando a abarcar a totalidade, o conto aparece como uma amostragem, como um flagrante ou instantâneo, pelo que vemos registrado literariamente um episódio singular e representativo. Resultante de rigoroso trabalho de seleção e de harmonização dos elementos selecionados e de ênfase no essencial. Embora possuindo os mesmos componentes do romance (já conceituados no capítulo anterior), o conto elimina as análises minuciosas, complicações no enredo e delimita fortemente o tempo e o espaço. Convém notarmos que, pela pequena extensão, se sobressai o caráter poético geralmente atribuído a essa forma narrativa

Não devemos confundir o conto literário com o popular, folclórico ou fantástico, como os de Grimm ou Perrault, ainda caracterizados pela oralidade. Estes, de criação espontânea, fazem parte do que André Jolles chamou de "formas simples".



A Novela

É a forma narrativa intermediária, em extensão, entre o conto e o romance. Sendo mais reduzida que o romance, tem todos os elementos estruturadores deste, em número menor. Por esse sentido de economia constrói-se um enredo unilinear, faz-se predominar a ação sobre as análises e as descrições e são selecionados os momentos de crise, aqueles que impulsionam rapidamente a diegese para o final. Note-se que clímax e desfecho coincidem na novela autenticamente estruturada. Têm aparecido como mais apropriadas à novela as situações humanas excepcionais que, não sendo apresentadas como um flash (o que constituiria um conto), se desenvolvem como um corte na vida das personagens, corte este ex- [página 55] plorado pelo narrador em intensidade, ao contrário do romance, que se estende por um longo período ou até por uma vida inteira. O predomínio da ação que, muitas vezes, favorece a construção dialogada, dá à novela uma feição dramática,
ao contrário do conto, que se aproxima da poesia.

E, do seu relacionamento com as outras personagens, são narrados aqueles fatos essenciais para a configuração da densidade psicológica, que secretamente a caracteriza, a par da sua aparente fraqueza. A título de lembrete, convém não confundir: novel (em inglês) e novela (em espanhol) equivalem ao romance.


"Traços e formas dramáticas

Auto é uma modalidade do gênero dramático ligada aos mistérios e às moralidades e, na Idade Média, designou toda peça curta de tema religioso ou profano.Os mistérios são peças teatrais, cujos temas são retirados das sagradas escrituras para transmitir ao povo, de forma acessível e concreta, a história da religião, os dogmas e os artigos da fé. Nas moralidades, os temas histórico-concretos dos mistérios são substituídos por argumentos abstrato-típicos, que mostram o conflito do homem, em face do Bem e do Mal.
A designação de farsa era dada às peças de assunto profano. Por isso, o mundo nele representado (pois o texto dramático se completa na representação) apresenta-se como se existisse por vez. si mesmo, sem a interferência de um narrador. a Objetivo: a metaa alcançar. Assim é que tudo se projeta para o final, através da manutenção de uma forte expectativa, que desemboca no desfecho ou solução. Isto porque cada parte de uma peça dramática se liga a outras, de tal forma que é sempre conseqüência da anterior e causa da seguinte. Essa interdependência das partes é responsável pela tensão que, por sua vez, exige a concentração no essencial e a aceleração do tempo, para que nada se perca, nem se veja prejudicado o sentido do todo. É o que Aristóteles chamou de unidade de ação.
O diálogo é a forma própria para que as personagens ajam sem qualquer mediação, dando-nos sempre a impressão, até mesmo nos dramas históricos,de que tudo está acontecendo pela primeira vez. Segundo Emil Staiger, o dramático reúne o pathos e o problema. Conceitua o pathos como o tom da linguagem que comove, que provoca paixão, envolvendo o espectador que passa a vivenciar, com o ator, a dor ou o prazer. Já o [página 59] problema seria a proposição, aquilo que o Autor do texto dramático se propõe a resolver. Assim, unem-se o querer do patético e o questionar do problemático, conduzindo sempre a ação para adiante, para o futuro, que equivale ao desfecho. As perguntas do problema vão sendo respondidas pela força progressiva do pathos que, eliminando as distâncias entre ator e espectador, leva este, obrigatoriamente, à simpatia."


A tragédia e a comédia
"A tragédia (p.61) Aristóteles conceitua a tragédia como a mímesis de uma ação de caráter elevado (importante e completa), num estilo agradável, executada por atores que representam os homens de mais forte psi- [página 60] que, tendo por finalidade suscitar terror e piedade e obter a catarse (libertação) dessas emoções.Para que o herói caia em desgraça, é necessário que vivencie um desequilíbrio, uma desmedida, um valor negativo: a hybris, que o coloca em erro inconscientemente (falha trágica) e que, se vinculando ao destino, conduz à destruição de seu mundo.
Aristóteles distinguiu seis partes na tragédia: a fábula, os caracteres, a evolução, o pensamento, o espetáculo e o canto. Destaca a importância da fábula (ou mito) que, como mímesis da ação (combinação de atos), se estrutura pela subordinação entre as partes, pelo seu inter-relacionamento, criando-se a unidade de ação. E acrescenta que, antes de chegar ao desfecho, o autor de tragédias deve construir o nó (que vai do início da tragédia até o ponto onde se produz a mudança de sorte do herói), o reconhecimento (faz passar da ignorância ao conhecimento), a peripécia (mudança de ação, que não ocorre em conformidade com o verossímil ou o necessário) e o clímax (ápice do conflito, que se precipita no acontecimento catastrófico).
O filósofo considera ainda o mais belo reconhecimento, aquele que decorre de uma peripécia, como em Édipo rei, de Sófocles, tragédia que podemos tomar para modelo, por possuir todos os elementos citados acima. A comédia Para conceituar a comédia podemos recorrer ainda a Aristóteles. Segundo ele, essa forma dramática se volta para os homens de mais fraca psique, através da mímesis daqueles vícios que, não causando sofrimento, caem no ridículo e produzem o riso. Na comédia, a tensão própria do gênero dramático é extravasada com o riso.
O problema apresentado, cuja resposta deve ser conseguida através da linguagem do pathos, resolve-se em etapas sucessivas e se dispersa em tiradas ridículas. Há, assim, uma acomodação no cômico, que impede o desmoronamento do mundo da personagem. Alguns teóricos acentuam, na comédia, o sentido do insólito, do imprevisível ou da surpresa, bem como o aspecto de sátira de situações sociais ou individuais, com um efeito de correção de costumes. Curiosidade sobre a comédia: A etimologia do vocábulo "comédia" (komoidía) nos permite ligar a origem dessa forma dramática ao festejo popular (kômos) ou a kómas (aldeia), pois os atores cômicos andavam de uma aldeia para outra, por não serem prestigiados na cidade.
Costuma-se destacar ainda o fato de que o cômico e o riso incluem uma contradição ou incongruência, manifestada na reunião de objetos, acontecimentos ou significados que, em geral, não são vivenciados conjuntamente. Bergson registra, em O riso, o cômico dos movimentos (ressaltando o automatismo), de situação (obtido através da repetição, da inversão ou da interferência de séries), de palavras (através de jogos de palavras, do exagero, das formas estereotipadas, do humor, da ironia...) e ainda de caráter (o distraído, o insociável, o vaidoso, o hipócrita...). Sendo o cômico inerente ao ser humano, já na Antigüidade grega destacaram-se os comediógrafos Aristófanes e Menandro; entre os romanos, Plauto; modernamente, Shakespeare e Molière. Entre nós, ressaltamos a figura de Martins Pena (1815-1848). [página 62]



O drama
A palavra drama se emprega: 1ª) para designar o gênero dramático em geral; 2ª) como sinônimo de peça teatral; 3ª) como uma forma dramática específica, que resulta do hibridismo da tragédia com a comédia.


A crônica
A partir do século XIX, a crônica já apresenta um trabalho literário que a aproxima do conto e do poema, impondo-se, porém, como uma forma especial, porque não se permite classificar como aqueles. Ligada ao tempo (chrónos), ou melhor, ao seu tempo, a crônica o atravessa por ser um registro poético e muitas vezes irônico, através do que se capta o imaginário coletivo em suas manifestações cotidianas. Polimórfica, ela se utiliza afetivamente do diálogo, do monólogo, da alegoria, da confissão, da entrevista, do verso, da resenha, de personalidades reais, de personagens ficcionais..., afastando-se sempre da mera reprodução de fatos. E enquanto literatura, ela capta poeticamente o instante, perenizando-o.





O ensaio
Tal qual a crônica, o ensaio se coloca como forma fronteiriça, sendo improdutivo, do ponto de vista teóricocrítico, querer marcar os seus limites. Assim, ele é também muito especial e, por isso, optamos por não o situar, mesmo que predominantemente, dentro do lírico, do narrativo ou do dramático.
A etimologia da palavra ensaio aponta para "tentativa", "inacabamento" e "experiência". Mas, sob o rótulo de ensaio, se inscrevem hoje textos tão conclusivos (ensaios críticos, científicos, filosóficos, políticos, históricos) que ensaiar já não é apenas tentar ou experimentar uma interpretação da realidade por meio de exposições pessoais do escritor, sobre assuntos de seu domínio.Assim, uma das marcas do ensaio era a impressão de que nele se traduzia diretamente o pensamento em palavras, sem qualquer artifício de expressão. Deveria ser breve, compactando o pensamento, a experiência e a observação.
Para o ensaio, não há um tema predominante: vai desde a impressão causada no artista por sua própria personalidade ou pela de outrem, até a apreciação ou o julgamento de diferentes realizações humanas, e pode também se limitar à descrição de fatos.
Embora muitas vezes guarde uma feição didática, o ensaio se reveste hoje de características literárias. Isto porque a busca do pensamento original conduz a uma forma original de enunciá-lo, pondo em tensão, a todo o momento, a subjetividade e a objetividade, a abstração e a concretude. De uma coisa, porém, ele não abre mão: de seu caráter crítico, que separa para distinguir, e assim caracterizar o objeto para o qual se volta através de um exame tão racional quanto apaixonado, que faz da expressão da verdade a verdade da expressão. Grandes escritores nos deixaram ensaios antológicos, como José de Alencar e Machado de Assis. Em nossos tempos, a designação de ensaio vem-se restringindo a estudos críticos (literários, filosóficos, históricos...), incluindo-se neles a produção universitária



Dialogismo ou intertextualidade

Dessa postura carnavalizante, resulta o que ainda Bakhtin chama de dialogismo e polifonia no texto literário, isto é, a escrita em que se lê o "outro", que funciona como um espelho no qual a imagem original se reflete invertida, ampliada ou reduzida, sendo, por isso, uma escrita polifônica e plural, ao invés de monológica. A propósito do conceito de dialogismo como discurso do outro, Julia Kristeva acrescenta que, havendo a coexistência em um único texto do falar de duas ou mais vozes, há sempre uma absorção ou réplica de outros textos, ou seja, há relações de intertextualidade. Com isso, ela chama a atenção para o fato de que no texto dialógico se processa um diálogo com o corpus literário precedente, criando-se uma ambivalência de negação e afirmação, de recusa e aceitação pela nova realidade textual, daquela com a qual dialoga.


Paródia

Do grego paroidía (para + ode = canto paralelo), a paródia é, portanto, um mecanismo intertextual, pelo qual um texto é constituído com outros textos, reconhecendo-se, no novo texto, aquele que foi parodiado.
Com uma feição muito específica, o humor paródico não se utiliza do riso que descontrai, do riso que o sistema prevê e programa com uma função catártica de alívio de tensões e, com isso, de aceitação do próprio sistema. Isto porque, pela reunião imprevisível de várias vozes culturais, o riso carnavalizante foge ao controle do poder vigente, ideológico e literário, adquirindo um vigor denunciatório e antiilusionista, questionando valores tradicionais e evidenciando a literariedade da literatura.
Assim, o humor paródico ora se liga à sátira, com seu ataque bastante explícito ao estabelecido, ridicularizando-o, ora se transmite sutilmente pela ironia. A paródia implica, portanto, um trabalho lingüístico, embora o resultado de sua ação atinja não só os modelos literários, mas também a própria sociedade. Ela pode voltar-se para um ou para vários textos (literários ou não-literários) e até para o próprio texto em construção, assumindo-se como uma autoparódia. Pode incidir ainda sobre as normas de um gênero ou forma literária, sobre um movimento ou período da literatura, ou sobre aspectos característicos de um período cultural, estruturados lingüisticamente.


Conclusão

Não podemos, entretanto, esquecer que, se a própria noção do que é e do que não é literário varia com o transcurso dos tempos, porque cada época contém uma ideologia específica e sistemas próprios de manipulação da cultura, a noção de gênero literário é também histórico-cultural, obedecendo sempre, como já vimos, a um horizonte de expectativas.Imprescindível é que não nos ocupemos, na abordagem de um texto literário, apenas com a questão dos gêneros, mas que a ela se associem sempre as implicações contextuais, as poéticas e as ideológicas.
Finalizando, sem concluir, relembramos: para além do que se detecta como indicadores textuais dos gêneros, das poéticas ou das ideologias, há a força da linguagem, que gera e faz permanecer o literário.


Achei um excelente livro para fins didáticos e para quem trabalha/ e estuda a área (como eu), pois possui linguagem de fácil entendimento e aborda de forma prática os gêneros clássicos e os que vieram posteriormente. Porém, sua abordagem, por mais que muito útil e precisa, não é tão aprofundada como alguns podem estar procurando, o que pra mim não foi um defeito, e sim apenas uma característica. Saio desse livro com muito mais conhecimento sobre os gêneros literários do que quando entrei. Uma bagagem muito maior.

caspaeletrica 14/02/2022minha estante
que resenhas são essaskkkk a resenha? era morte lenta


akame7 14/02/2022minha estante
é um fichamento do livro, amgkkk


caspaeletrica 14/02/2022minha estante
o fichamento da morte lenta




Rúbia 30/12/2020

Condensação
A série é princípios, logo a obra está focada em trazer uma introdução sobre assuntos literários de forma concreta embora superficial. Para aquisição de um vocabulário temático rápido e conceitos basilares. A introdução da introdução, não pare por aqui...
A contextualização da noção literária é ligeira mas muito boa, fiquei satisfeita pela autora incluir esse capítulo.
O vocabulário crítico e a biografia comentada também são capítulos brindes, gostei bastante da organização e método.
comentários(0)comente



WAJ 18/05/2014

Estudando Gêneros Literários
William Adalberto de Jesus

Soares, Angélica, Gêneros literários, 7ª edição, São Paulo, Ed. Ática 2007- Série Princípios.

Todo texto, pode ser classificado como sendo do mesmo gênero? Está é uma questão que muitas pessoas se fazem. Há autores que encontram certa dificuldade em classificar o gênero de seu trabalho. Mas resolvendo essa questão problema, estudemos então, o livro Gêneros Literários. Como podemos observar, o título do livro, faz referência a importância de classificar e dividir as obras literárias de acordo com a realidade que ela aparece.
O livro corre a rumo da hipótese dos gêneros literários, de Platão e Aristóteles aos teóricos atuais, por meio de estudos de obras dos grandes títulos da literatura nacional, as formas características dos escritos lírico, narrativo ou dramático.
Direcionado para todo o público, mas, é especialmente para universitários, pois, trata de um assunto bem cultivado nas salas de aula. Os estudantes, principalmente do curso de letras, pois o curso se fará quase completo estudando os gêneros de obras literárias.
O livro foi escrito pela autora Angélica Soares, que é Pós- doutora pela Universidade Nova de Lisboa, Doutora em Teoria Literária e Professora Associada da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Dividido em capítulos, a obra é bem organizados por temas e subtemas, que dão ao leitor, uma localização fácil, e única. Não faz repetições, avulsas. A cada capítulo, é tratado uma forma, a cada subtítulo é transmitido ao leitor, uma teoria de gênero complementar, e nunca se contradiz, muito pelo contrário, faz, afirmações verídicas dobre o tema, facilitando ao leitor, a compreensão do tema.
Ao quinto capitulo, a autora faz, de certa forma, brinca. Pois, no ultimo capítulo, ao qual, deveria concluir, ela simplesmente afirma que finalizará sem concluir. Isso quer dizer que, muito se poderia debater a respeito dos gêneros literários. No fim deste capítulo, a autora afirma que, não podemos esquecer que, a noção que é ou não literário varia com o decorrer do tempo. Informa também que as obras literárias mentem sempre uma boa dose de redundância. Dito na qual faz lembrar Umberto Eco, quando diz que todo livro fala de outros livros e toda história conta uma história já contada.
O livro enfatiza os noções de celebres autores, um certo a conceitua os gêneros literários. Por meio de opiniões pode se garantir com uma curso linear, ratificando ainda no título dos pensamentos até as visões contemporâneas. Podendo assim dizer que com as referências, com seus grandes pensamentos encadearam-se conceitos de que os gêneros cometem parte do fato histórico-cultural e vai pender do enfoque feito na decisão dos gêneros. Apresentando a facilitação para os leitores, como chamar os gêneros com outras visões de análise. O livro é de um imenso valor literário, o estudo deste exemplar deve ser feito, minuciosamente, não apenas imposto por professores, mas por anseio próprio, pois as informações contidas no Gêneros Literários de Angélica Soares, é muito rico em conhecimento e coerência.
Waldir.JAnior-VavA 03/05/2019minha estante
ola queria livro em pdf, alguem tem?




9 encontrados | exibindo 1 a 9


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR