Thereza 30/03/2020
Reflexões sobre a pena de morte
Vocês sabiam que a última execução na guilhotina na França foi em 1977? Sendo que a última execução pública foi em 1939 e a abolição da pena de morte ocorreu somente em 1981. Mais de 180 anos de mortes usando esse aparelho asqueroso. Porém, antes da revolução de 1830, alguém pensava à frente e escreveu o absurdo que era um país continuar cortando cabeças em praça pública. Victor Hugo utiliza o romance para denunciar a atrocidade da prática e como a mesma tinha apenas efeitos negativos sobre a sociedade.
“Senhor gordo: A pena de morte! Para que falar nisso agora? O que lhe importa a pena de morte? Este autor tem que ser muito mal nascido para dar-nos pesadelos sobre esse assunto com seu livro!”.
A população não queria falar sobre o assunto, era mais fácil pensar que os condenados não serviam para viver em sociedade, não poderiam se redimir por seus crimes. Sendo impossível reeducar, era mais lógico eliminar.
No livro, acompanharemos um homem comum, sem saber seu nome, sua posição social, sua história ou mesmo o crime que cometeu, sabe-se apenas que vai morrer.
“Condenado à morte! Pois bem, por que não? Os homens, lembro-me de tê-lo lido em não sei qual livro (...), os homens são todos condenados à morte com sursis indefinidos. Então, será que a minha situação mudou tanto assim?”.
A narração em primeira pessoa nos leva do julgamento ao último momento em que o homem consegue escrever. E esses relatos não focam tanto nos processos ou no ambiente, falam mais sobre o que ele sente, suas angústias, sobre como passa mal quando dizem que chegou a hora. Imagine como a sociedade que negava a necessidade de se pensar sobre a pena capital ficou quando alguém ousou humanizar um condenado.
“E depois, será que a vida me deixaria alguma saudade? Na verdade, o sombrio e o pão da prisão, a porção de lavagem tirada do panelão dos forçados, ser maltratado (...), ser brutalizado por carcereiros e guardas, não encontrar nenhum humano que me ache digno de uma palavra (...), estar sempre estremecendo pelo que fiz e pelo que farão comigo: esses são mais ou menos os únicos bens que o carrasco pode me tirar.”.
site: https://www.instagram.com/p/B-YYc1_hR6S/?utm_source=ig_web_copy_link