LER ETERNO PRAZER 15/01/2020
Primeira experiência com Mia Couto, uma grata surpresa,percebemos na sua obra uma grande influência do realismo mágico, sendo muito influenciado por dois dos grandes escritores brasileiros, Jorge Amado e Guimarães Rosa.
Em Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra acompanhamos Marianinho, um estudante universitário que após passar anos longe de sua terra Natal, recebe a notícia de que seu avô está a beira da morte e que ele precisa retornar a fim de organizar os ritos fúnebres de seu avô.Marianinho ao chegar na modesta ilha de Luar do Chão,o clima de mistério acaba enredando o protagonista de um jeito inesperado: um avô que lhe envia cartas do além, assuntos familiares que não são abertamente declarados e uma busca constante pela identidade são alguns dos ingredientes que permeiam este fantástico livro. Com uma narração em primeira pessoa logo criamos um forte laço de empatia e até mesmo surpresa com o desenrolar da própria história.O enredo bem simples sem ser simplório: a vinda de um jovem para comandar os ritos fúnebres do avô. Mas, a partir deste gatilho despretensioso, Mia consegue nos mostrar uma densa e profunda amplitude de temas que em uma só resenha seria insuficiente para tratar. Tudo isso transcorrendo ao longo de alguns dias, da chegada de Marianinho até o enterramento de seu avô, cujos eventos são conduzidos com a classe da alternância quase que sinfônica entre tempo psicológico e cronológico, técnica apuradissima usada pelo autor.Nao poderia der dado um primeiro passo tão positivo em adentrar dentro do universo Miacoutiano. Um livro maravilhoso, mesmo em prosa, temos em Um rio chamado tempo,...uma história carregada de poesia!!