Tropas e Boiadas

Tropas e Boiadas Hugo de Carvalho Ramos




Resenhas - Tropas e boiadas


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muriloogps 28/01/2023

O número um do cânone goiano
Em 1999, maior jornal de Goiás reuniu críticos, professores, historiadores, jornalistas… num concurso para eleger os 20 maiores livros da história da literatura goiana. Em primeiro lugar ficou Tropas e Boiadas de Hugo de Carvalho Ramos.

O livro foi publicado em 1917 quando o autor tinha apenas 22 anos. É uma coletânea de contos e uma novela (“Gente da Gleba”) e foi a única obra publicada de Hugo que morreu precocemente, por via de suicídio, em 1921 no Rio de Janeiro.

É uma obra-prima do regionalismo brasileiro e chegou a inspirar escritores como Guimarães Rosa e Monteiro Lobato e até hoje é estudado pelos pesquisadores das mais diversas universidades no Brasil inteiro. Não à toa.

O talento para descrever situações, paisagens e pessoas com detalhe e universalidade é, até onde minha bagagem permite dizer, sem precedentes. Cada história, umas mais lentas que outras, nos transporta exatamente à imaginação do escritor que narra, extraordinariamente, cenas e cenários do cotidiano do Planalto Central brasileiro.

Obs.: o vocabulário deste livro não é para amadores.
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Leonel Cupertino 27/02/2020

Um compilado verídico do sertão goiano
Trata-se de uma compilação de histórias, uma espécie de crônicas do esquecido sertão de Goiás, que expressam toda a simplicidade e altivez do tropeiro, do boiadeiro, mas com algumas pitadas de personagens de teor feminino - Nhá Lica, destaca-se - em recordações de sua meninice na capital.

São históricas riquíssimas com os hábitos de homens que cruzavam o país e serviam como conexão entre o campo (fonte de poder econômico e político) e a cidade (fonte de instrução, pequenos polos comerciais e de irradiação do poder religioso).

Posso afirmar, sem medo, que muitas das histórias do nosso autor são "causos" verídicos, ou criativamente inventados num imaginário longínquo daquele cotidiano rural. Os personagens contidos na narrativa são em sua maioria homens e mulheres simples, trabalhadores do campo, sujos de terra e suor, em roupas velhas e pouso em choupanas humildes ou fazendas de endinheirados. Temos até uma pitada de folclore com um conto do Saci, numa interpretação genuinamente goiana.

Sobre o nobre escritor, é possível identificar sem muito esforço que Hugo de Carvalho Ramos foi um homem que, recluso em seu quarto de estudante no Rio de Janeiro, sentia falta do cerrado, dos ares tranquilos e rústicos dos rincões goianos, e encontrou nas palavras de seus diversos personagens o lirismo necessário para conectá-lo ao seu chão. Infelizmente, seu fim foi trágico, mas a sua obra ficou para a posteridade como um expoente da cultura daquele estado distante no centro do Brasil, marginalizado culturalmente, até hoje, pelo centro-sul do país.
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