Diane Ramos 04/12/2019
A CRIANÇA NO TEMPO
Sempre recebo indicações e leio muitos comentários bons a respeito do autor Ian McEwan, talvez por falta de oportunidade ou por falta de afinidade com suas histórias sempre o deixei meio que de lado e não priorizei a leitura de seus livros. Porém, recentemente ganhei A Criança no Tempo e, como a premissa era interessante, resolvi me jogar na leitura e conhecer a escrita desse aclamado autor.
O livro traz a história de Stephen Lewis, um escritor de livros infantis. Stephen leva uma vida tranquila em Londres com sua esposa Julie e a filha de três anos, Kate, e dedica parte de seu tempo às reuniões enfadonhas do subcomitê de leitura e escrita, um projeto governamental do qual só faz parte por influência de Charles Darke, o editor que enxergou, em seu romance de estreia, uma história para crianças.
Numa gélida manhã de sábado, pai e filha vão ao supermercado - um evento banal, não fosse o episódio que mudaria para sempre a vida da família. No instante em que Stephen se vira para colocar as compras na esteira do caixa, Kate desaparece misteriosamente.
Ao rememorar a fatídica cena e diante da impossibilidade de reverter a catástrofe, Stephen é consumido pela culpa. Por que tirou os olhos dela por uma fração de segundos sequer? O que poderia ter feito de diferente? Julie, por sua vez, fica cada vez mais reclusa, e a relação dos dois não demora a definhar. Apesar da busca incessante, resta ao casal aceitar que sua filha se foi e que o tempo - não necessariamente como ele é, mas como o pensamos - proíbe de forma monomaníaca as segundas oportunidades.
A Criança no Tempo é narrado quase que sem diálogos e de maneira não linear, misturando o momento presente com lembranças do passado, o que faz com que o leitor se sinta meio perdido de vez em quando e torna a leitura um pouco mais lenta. Infelizmente, na minha humilde opinião, o livro não funcionou pra mim, talvez não tenha conseguido captar a verdadeira essência da obra e isso não permitiu que enxergasse a beleza que tantos vêem nesse autor. O tema, o desespero de ter uma criança perdida, até me chamou a atenção no início, porém, a história é tão sem ação e arrastada que me fez quase abandonar a leitura, o que foi uma pena pois estava muito ansiosa com a leitura.
Apesar das ressalvas, achei interessante a forma sensível de como impressões e sentimentos são retratados pelo autor. O desaparecimento de Kate é uma dor constante na vida de Stephen e Julie, sua esposa, e a maneira como eles reagem com essa dor é comovente e angustiante. A Criança no Tempo é um livro que fala sobre tudo aquilo que perdemos e as consequências desastrosas que podem trazer para nossas vidas, durante a leitura percebemos o quanto o tempo é capaz de trazer mudanças e expor fragilidades na vida do ser humano.
Enfim, A Criança no Tempo, infelizmente, não funcionou pra mim, o que foi bem frustrante, pois, ansiava muito essa leitura. Porém, não estou aqui para condenar livro nenhum, sendo assim, se você gosta de livros mais melancólicos e que aprofundam mais nas questões sentimentais acredito que essa obra poderá ser interessante para você.
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