... e não consegue fugir

... e não consegue fugir Knut Hamsun




Resenhas - ... e não consegue fugir


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meire 09/03/2013

Mais uma obra prima do velho norueguês
Mutos louvores a Knut Hamsun, o velho norueguês. No entanto, aqui no skoob, nenhuma resenha ao “...E não consegue fugir”. Achei estranho, pois se trata de um livro muito citado, principalmente nas trilogias de Henry Miller.
É bom saber que já li muitos livros de Hamsun e ainda faltam diversos outros para ler. Mas a cada leitura me convenço mais da influência que ele despertou nas gerações seguintes. D H Lawrence, em questão, na cena que o protagonista de “...E não consegue fugir” Abel leva sua amiga para o paiol, cena que lembra os marcos eróticos de “O amante de Lady Chatterley”. Toda a expectativa, a tensão liberada após anos de contenção e que finda em conflitos, sempre conflitos.
Mas destacar a influência pontual que o inglês recebeu é deixar de lado a influência geral na trama que sentimos com relação aos alemães que vieram depois, principalmente Thomas Mann e Hermann Hesse. Esse último, sempre escreveu sobre jovens vagabundos que buscam a fuga. E o título do livro indica justamente isso. Fuga, retorno à pátria, anseios e inquietações. O estilo, pouco rebuscado, não lembra o de Thomas Mann, apenas remete no tocante à ironia. Mas a narrativa da decadência das famílias burguesas, apesar de ser tema inerente a Mann, faz vênia ao desenrolar da história de “...E não consegue fugir”.
Hamsun tem algo de misterioso, de folgazão na maneira como ele liga os acontecimentos da história, mas no entanto sempre funciona! O modo como ele revela certas ligações entre os personagens – que não se conhecem, de fato – e que irão desencadear futuras conexões no futuro, é tudo feito de maneira muito sutil.
A história do declínio do velho Brodersen, que procura uma companheira muito mais nova, é algo que lembra os mais perversos personagens dostoievskianos, uma referência quem Hamsun às vezes expunha, mas que o norueguês conseguiu dar um toque mais humano, menos problemático e mais interessado em mostrar a fragilidade da velhice, algo que nos faz imaginar num possível desfecho para o protagonista Abel.
Enfim, um literata tão popular no mundo nórdico, com uma biografia lamentável nos últimos anos de vida, ainda tem muito a oferecer para a literatura, um clássico de estilo simples e acessível, de histórias que parecem vir de tão longe mas que criam a identificação com o indivíduo de qualquer lugar do mundo, pois sua literatura é universal.
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