Coração Ardente

Coração Ardente John Bevere




Resenhas - Coração Ardente


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Kelly Oliveira Barbosa 25/02/2020

Um coração ardente, publicado originalmente em 1999, é o quarto livro do John Bevere que leio. Há alguma coisa no estilo de escrita dele que me desagrada um pouco – uma insistência em descrever experiências espirituais de cultos e devocionais particulares -, mas para já está na quarta leitura do autor é porque apesar de uma coisa ou outra, suas obras têm me edificado – e muito!

Esse em especial, me lançou em uma grande nostalgia. Para quem está na igreja evangélica há mais de 20 anos – e eu estou – é impossível não rememorar através das palavras de Bevere como eram algumas pregações de antigamente; quais eram as preocupações dos crentes, como tinham mais temor, como falavam mais na volta de Cristo. Não que era tudo ótimo, Salomão mesmo advertiu: “Não viva saudoso dos ‘bons e velhos tempos’; isso não é sábio.” [1] Mas são coisas que eu gosto de lembrar e talvez, é um tempo que eu nunca tenha saído dele – espero!

Como o título sugere, o assunto principal do livro é a busca do crente pela presença de Deus ou o relacionamento da Noiva (Igreja) com o Noivo (Jesus) e como é inaceitável que tal relacionamento entre num estado de mornidão.

“Jesus nunca aceitou mornidão”
Bevere através da tipologia do povo hebreu no deserto durante os 40 anos, exorta duramente a igreja da sua época, o que se aplica infelizmente e perfeitamente à igreja da nossa época.

Tal como ele percebia quando escreveu esse livro, nós vivemos em um tempo de cristãos mornos. “Conheço as tuas obras, que não és frio e nem quente” (Ap. 3:15). Àqueles que dizem: Ricos somos, e estamos enriquecidos, e de nada temos falta, não sabendo que são miseráveis, pobres, cegos e nus (Ap. 3:17). Segundo o autor, “nem o quente e nem o frio estão enganados com relação ao seu relacionamento com Deus, mas os mornos estão enganados. Eles pensam que a condição deles é algo que na verdade não é. Eles acham que eles pertencem a Jesus. É por isso que eles são piores do que se fossem pecadores assumidos. Pecadores sabem que não estão servindo a Deus. […] Pessoas mornas acham que estão servindo a Deus. Elas confessam sua salvação, mas estão fora da graça de Deus que professam.”[2]

Que terrível engano essa geração de crentes mornos atuais está mergulhada. Eles dizem “Jesus é meu amigo” ou “Deus conhece meu coração”; é verdade, Deus conhece a cada um de nós muito melhor que nós mesmos. Mas geralmente tais jargões são usados para justificar ações que no mínimo contradizem a aliança com Cristo. Como o povo hebreu no deserto, cada um forja um bezerro de ouro e o chama de Cristo, reduzindo a imagem do único e verdadeiro Deus à altura deles mesmos. Professam Jesus com os lábios, mas seu estilo de vida é mundano. A pergunta que todos nós, os cristãos, devemos responder urgentemente é se estamos servindo o “NOSSO Jesus” que está em concordância com os nossos desejos pecaminosos, o qual Bevere chama de “divindade maneável”; ou o CRISTO VERDADEIRO.

Intenções, desejos e o processo de santificação
Um dos capítulos mais interessantes do livro é “Intenções e desejos”. Bevere afirma: “Desejos e intenções são duas coisas diferentes, embora muitos creiam que seja a mesma coisa. Você pode ter intenções muito boas, mas elas podem não ser seus verdadeiros desejos.” Tiago declara que: “A tentação vem de nossos próprios desejos, que nos seduzem e nos arrastam.” (Tg. 1:14) [3]. Desejo é um caminho que uma pessoa seguirá, não importando quão boa sua intenção venha ser. Por essa razão, Tiago continua dizendo, “Não se deixem enganar, meus amados irmãos.” (Tg. 1:16) [4]

Para não me alongar mais aqui, em um resumo simples o que o autor aborda nesse capítulo é a verdade que nós precisamos trazer nossos desejos em submissão à Cruz; “E os que são de Cristo Jesus crucificaram a carne, com suas paixões e concupiscências” (Gl. 5:24). Entrando em um assunto que sempre foi polêmico: o processo de santificação e a nossa responsabilidade/participação ou não nisso.

A posição do John Bevere é, que homem nenhum pode fazer nada sem a Graça de Deus, mas mesmo assim, confiantes no poder que recebemos de Deus, devemos nos santificar. Todavia, há um pensamento enganador presente na igreja – principalmente em nossos dias -, que é a graça referida com uma desculpa para uma vida mundana. Em outras palavras: a graça usada como justificativa para uma maneira de viver egoísta e carnal.

A busca por santidade, esse processo tão difícil, dolorido, desconfortável… é a própria busca pela presença de Deus. Um coração ardente por Deus é um coração que o teme, que sabe que Ele é Santo, que sabe que recebeu aquilo que não merecia e agora anseia por se aproximar, conhecer, viver mais e mais em Deus. Quanto mais nos aproximamos de Deus, quanto mais perto dessa luz inacessível, mais os nossos pecados são expostos, e certamente, quanto mais perto Dele, mais humilhados e arrependidos precisamos estar.

site: https://cafeebonslivros.blog/2020/02/25/resenha-livro-um-coracao-ardente-de-john-bevere/
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