Andrade 13/07/2013
Num universo onde vídeo game e história se misturam, Nils Johnson-Shelton trás para os leitores uma perspectiva modernista do universo do Rei Arthur, misturando ficção com mitologia.
Artie é um garoto comum, a quem você jamais chamaria de rei. Mas seu passado esconde mais segredos do que ele poderia imaginar. Ciente de que não passa de um garoto normal, o menino começara a receber estranhas mensagens através de seu jogo de realidade virtual, “Outro Mundo”, onde um suposto homem, intitulado M, está desesperadamente tentando lhe encontrar. O que Artie e sua irmã Kay não esperavam, é que fosse se deparar com um mundo oposto ao nosso, repleto de mistério, magia e guerreiros medievais, sendo Kay a nova escolhida para ocupar um posto entre os lendários Cavaleiros da Távora Redonda, do inesquecível Rei Arthur, ou como é conhecido mais recentemente, Artie Kingfisher. Agora cabe a Artie assumir seu lugar no trono e derrotar seus inimigos, para conseguir estabelecer o equilíbrio entre os dois mundos outra vez. E sua busca vai levá-lo a uma estranha loja de games, chamada A Torre Invisível, onde muitos dos mistérios de sua vida serão revelados. Mas sua jornada apenas começou. Agora terá que provar seu valor como rei, enfrentando os obstáculos que estão por vim.
A Torre Invisível é fascinante, pois apresenta um enredo muito legal, contado de uma forma que fica fácil de entender. A mistura entre realidade e ficção é algo bem conhecido por muitos leitores (Tipo, Tio Rick Riordan aqui), mas, Shelton “inovou” de certa forma, esquecendo-se um pouco das mitologias históricas e divinas, e focando-se na inabalável história do Rei Arthur. Não é segredo que só essa ideia já daria um “Than!” no livro. Apesar de Meg Cabot (Autora de A Mediadora), da Disney, e tantos outros, já terem levado em conta a ideia, Nils Johnson-Shelton inovou trazendo a história num momento onde o mercado editorial está interessado em mitologias e distopias. Mas não só isto. A Editora Intrínseca arriscou numa série que a meu ver, tem potencial para melhorar. O primeiro livro não é um dos melhores, porque a narrativa é bem cansativa no começo. Na verdade, a forma da escrita do autor vai melhorando no decorrer da obra (nada que não fosse esperado, já que é seu primeiro livro), o que aos poucos vai fornecendo mais vontade ao leitor de continuar lendo e se apaixonando. Os personagens são tão cativantes e adoráveis, que mesmo o livro sendo extremamente infantil, você acaba se apegando a eles. A irmã de Artie, Kay tem um pingo de ironia vista em Percy Jackson, assim como tem uma língua bem afiada, como a característica mais notável de nossa amada Suzanna Simon (A Mediadora). Além disso, ao longo do livro, o autor faz diversas aversões a outras obras como Crepúsculo, ou filmes e desenhos, como Bob Esponja.
Voltando-se para um público mais centrado, Artie é basicamente um geek, impopular, bom em vídeo games e com uma alta estima desconfiável. Na verdade, no começo ele parece um tanto preso a sombra da irmã genial. O enredo em si é muito gostoso, mas acho que o próximo livro tem que ter alguns detalhes melhorados. Apesar de estar dirigido a um público infantil, acredito que Shelton deva atualizar sua escrita em vista dos leitores “extras” que adquiriu, para que a leitura fique proveitosa para ambas as partes.
Os momentos de ação são o melhor do livro. A história pode até ter aquele toque “criancinha”, mas as batalhas, essas sim são eletrizantes e boas de ler. Tem certos capítulos que você é tomado de surpresa. O livro em si é uma reviravolta interminável, e quando você termina, novos conceitos se formam em sua mente (como por exemplo, nem todos que se dizem heróis, são...). Muitas perdas acontecem, o que transmite a história um lado mais maduro no fim.
Voltando-se então para o público que adora Rick Riordan, ou histórias fantasiosas (e até meio bobinhas), A Torre Invisível é adequada, para dar gargalhadas, aproveitar os momentos de ação e se interar de uma releitura bem elaborada sobre o Rei Arthur e seus Cavaleiros.
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