Guns

Guns Stephen King




Resenhas - Guns


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Gabriel Santos 26/07/2023

Crítica social
Livro muito bom, onde Stephen King faz uma crítica social especificamente focada na América e na violência que ocorre todos os dias, incluindo mortes e feridos por armas. Ele trás bons exemplos para que armas não sejam vistas como " brinquedos " pelas pessoas, acaba deixando o livro bem informativo e direto.
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Michele Duchamp 07/11/2021

Argumento conservador: “Se Jesus tivesse uma arma, ele estaria vivo hoje”
O nível da discussão está assim: Quem veio primeiro, o ovo ou a galinha? Quem mata, são as armas ou as pessoas?

Cansada de argumentos raivosos de um lado e de outro, resolvi ler o ensaio do Mestre do Horror Moderno a respeito das armas de fogo. O estilo de abordagem de Stephen King é pra mim uma fonte de identificação e conforto, pois mesmo quando discordo de suas opiniões, sinto que ele respeita o interlocutor.
Nós, no Brasil, acabamos importando um pouco uma controvérsia que não é a nossa. Não podemos dizer que somos um povo aficcionado por armas. Porém, essa é a pauta trazida por entusiastas bolsonaristas como a solução para o fim da criminalidade.
“E se a sua filha fosse estuprada?” é o que ronda constantemente os pensamentos dessa gente. E a minha resposta simples: Vocês poriam em dúvida. Diriam que a saia dela era curta demais e que talvez eu tivesse atirado em um homem inocente.

“Eu acho que a pergunta é, o quão paranoico você quer ser? Quantas armas são necessárias para você se sentir seguro? E como você vai conseguir, simultaneamente, manter todas carregadas e ao seu alcance, mas ao mesmo tempo longe de seus filhos ou netos curiosos? Você tem certeza de que não seria melhor um alarme realmente eficaz contra invasores? É verdade que você terá que se lembrar de ativar o maldito alarme antes de ir para a cama, mas pense nisso - se acontecer de você confundir sua esposa ou companheira com um louco viciado em drogas, você não poderia atirar nela com um alarme.”

Continuando, aqui Stephen King não advoga pelo banimento das armas de fogo - o que concordo; na minha opinião, as armas são coisas infelizes, porém necessárias para termos uma sociedade civilizada - mas sim defende um controle mais rigoroso. Fiquei espantada em como é fácil alguém obter uma arma nos Estados Unidos.
Tampouco o autor vilaniza aqueles que defendem as armas. Ele entende o que os leva a pensar desse modo, o que não quer dizer que não tenha críticas contundentes a esse modo de pensar que (palavras minhas) muitas vezes beira à irresponsabilidade.
King aponta como vai ser difícil qualquer coisa mudar em um ambiente polarizado como a América (nada diferente do Brasil, pelo visto) e sua escrita exibe frustração, mas ao mesmo tempo é sensível e divertida.

“Isso torna a minha tarefa de escrever esse ensaio desanimadora. Dadas as minhas credenciais liberais, aqueles de inclinação “azul” [democratas] já estão formando um coral, prontos para dizer ‘amém’ e ‘é isso aí, irmão’, enquanto eu prego o Evangelho do Controle de Armas. E aqueles de background “vermelho” [republicanos] já estão se movimentando (possivelmente em direção às reconfortantes Escrituras do Rev. Rush Limbaugh) ou virão a esse ensaio com seus ombros curvados e seus punhos cerrados, mal se aguentando para começarem a escrever textos prolixos em blogs que irão explicar o quão ingênuo eu sou, quão errados estão meus argumentos e como eu deveria me ater somente a escrever livros.”

Gosto particularmente quando ele explica a diferença de culpabilidade e responsabilidade, tomando como exemplo o livro dele, “Rage”. Ele explica o que aconteceu:

“Eu não tirei [o livro] “Rage” de circulação porque a lei demandou isso de mim; eu estava protegido sob a Primeira Emenda, e a lei não tinha como me fazer essa exigência. Eu retirei “Rage” porque, no meu julgamento, ele poderia estar afetando as pessoas e, portanto, essa era a coisa responsável a se fazer. Armas semiautomáticas permanecerão facilmente disponíveis a pessoas loucas até que as forças poderosas pró-armas desse país decidam tomar a mesma decisão. Elas devem aceitar sua responsabilidade, reconhecendo que responsabilidade não é o mesmo que culpabilidade. Elas precisam dizer, “Nós apoiamos essas medidas não porque a legislação requer que eu as apóie, mas sim porque é a coisa sensível a ser feita.”

Os defensores da meritocracia e da responsabilidade individual não são responsáveis - vocês estão surpresos? Na verdade, eles se esquivam disso, pois, como Adão e Eva, se acham acima do bem e do mal. Eles estão com a Verdade - cabe a você aceitá-la.
Comecei a entender melhor a mentalidade dos defensores do uso irrestrito de armas com o avanço do Bolsonarismo. Embora muita gente não fanática tenha (graças a Deus!) mudado de ideia e abandonado o barco, há uma grande parcela que permanece aferrada ao presidente - pois não estão atrelados a ele simplesmente porque acreditam no que ele defende, mas sim porque acreditam no que ele representa, não importa as atrocidades que ele defenda.
Recomendo esse ensaio - é bem curto - para expandir seus horizontes, como fez comigo.
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