Letícia 22/01/2021
Obrigue uma pessoa a concordar em ser escrava
Esse pequeno livro nos trará conceitos de educação e uma breve história da educação livre e obrigatória. Apesar de não trazer meios pedagógicos para ensinar, traz importantes conceitos sobre a importância de uma educação livre e individualizada, e os perigos de ela ser estatizada. Em síntese, quando estados começaram a fazer o alistamento militar obrigatório da população civil, viram a necessidade de educar as crianças para que “estivessem preparadas para o serviço militar”, e com isso eu digo obediência plena aos mandatários. O melhor soldado é aquele que não questiona ordens.
Mesmo em sociedades não tão militarizadas, como o Brasil, a educação obrigatória se mostrou uma poderosa arma nas mãos do estado. Veja, as crianças devem permanecer, obrigatoriamente e sob pena de perda de guarda para os pais, em uma instituição de ensino dos 4 aos 17 anos. Justamente o momento em que uma pessoa é como uma esponja, que suga informações e desenvolve seu raciocínio lógico. Se os estados a usarão como arma ideológica ou com o fim exclusivo de incapacitar a mente humana, não importa, o fim é o mesmo, obediência cega.
Você pode escolher uma escola privada, se tiver condições, mas elas darão as matérias que o estado as obrigará a ensinar, com livros aprovados pelo MEC, por professores formados nas academias e para passar em vestibulares oferecidos, novamente, por uma cartilha específica. Então eles podem ensinar que a neve é preta e ninguém discordará. E quem discordar será chicoteado pelos outros que acreditam, realmente, que a neve deve ser preta porque os intelectuais – do estado, mesmo que não intencionalmente – dizem que sim.
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Então eu parei para refletir sobre minha própria vida escolar, na qual passei boa parte do tempo entediada. Eu queria muito resolver problemas matemáticos mais complexos, mas era impedida de tentar. Eu não tinha informações o suficiente e os professores por muito tempo se recusavam a ensinar algo “daquele nível”. Ao mesmo tempo, tinha insuportáveis aulas de língua portuguesa. Veja, eu amo literatura, sou relativamente boa em interpretação e aprendi a gostar de escrever, mas aquelas aulas eram insuportáveis. Apesar disso tudo, poderia ter sido pior. Tive um professor de matemática que acreditava que eu estava acima da média, uma professora de literatura que estava disposta a discutir qualquer assunto e corrigir qualquer redação, e um professor de geografia que questionava o islã, o socialismo e o progressismo. Apesar do nojo que virou a educação moderna, sou grata pela escola que tive.