Forever Peace

Forever Peace Joe Haldeman




Resenhas - Forever Peace


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Maltenri 26/02/2013

Vislumbres de uma referência
Forever Peace, apesar de ter um nome semelhante ao “The Forever War”, não tem nada de continuação. É uma história fechada escrita bem depois do primeiro (1997 contra 1974). Partilham certos temas, além é claro de serem obras de ficção científica ganhadoras tanto do Hugo Award quanto do Nebula Award, porém a proximidade para por aí. Nele, Joe Haldeman conta a história de Julian Class, um sargento do exército norte-americano, e como suas ações mudam a humanidade. Haldeman também explora como a guerra muda desde uma pessoa até nações inteiras.

“Forever Peace” acontece durante os primeiros nove meses do fatídico ano de 2043. Os Estados Unidos, junto aos seus aliados, luta uma guerra desigual contra as nações do terceiro mundo, conhecidas sobre a alcunha de Aliança Ngumi. Enquanto os terceiro-mundistas praticam uma guerrilha tradicional com soldados pouco treinados, porém fanáticos, de carne e osso, os aliados liderados pelos E.U.A. utilizam principalmente as mais diversas máquinas de guerra controladas a distância. No topo deste exército tecnológico estão os ‘soldierboys’, máquinas mortais de guerra com formato humanoide, controlados a distância por soldados especialmente treinados. É o caso do protagonista Julian Class, piloto e responsável por uma unidade de outros nove pilotos de soldierboys no fronte centro-americano.

O livro pode chocar no começo. Praticamente não há organização: não existem capítulos, apenas espaçamentos maiores entre momentos em que o autor passa da narração em primeira pessoa de Julian Class para uma narração em terceira pessoa, onde ele aproveita para dar mais informações sobre o mundo e o contexto político-social de Julian Class. Normalmente não gosto muito deste tipo de procedimento, e em Forever Peace, ele me irritou ainda mais que normalmente: em vários momentos, o autor simplesmente insere informações e alternâncias entre pontos de vista, sem sequer se preocupar em mudar de parágrafo. O problema deste tipo de procedimento é que o autor passa ao leitor certa incerteza, como se estivesse perdido dentro de sua própria narrativa, sem saber direito como proceder, tornando-a pouco homogênea e muito artificial.

A história, no entanto, é excelente, e a meu ver no mesmo padrão de “Forever Peace”. Como um bom veterano da guerra do Vietnam, Joe Haldeman enxerga a guerra de maneira crua. Não há espaço para floreios: a guerra é suja, nojenta, sanguinária, e muitas vezes sem explicação. É assim que o livro é construído. Apesar do título, há pouquíssima paz no livro. O leitor é jogado no meio de psicopatas, arrependimentos, traumas, crueldade e incerteza. Como Julian, o leitor não sairá ileso desta dolorosa jornada.

Joe mostra sua excelente capacidade de extrapolar o mundo onde vive e prever o que aconteceria num futuro próximo.
Seu paralelo entre As Guerras Ngumi e as diversas guerras travadas pelos E.U.A., principalmente a partir da década de 80, é valido até os dias de hoje. A maneira como essas guerras são conduzidas também é mostrada por Haldeman: cada vez menos combate entre exércitos humanos; cada vez mais robôs, drones e máquinas controladas a distância engajadas nos embates. Também são interessantes as buscas por alianças territoriais entre países semelhantes, se não socialmente, pelo menos no contexto geopolítico.
Do mesmo modo, é impressionante sua previsão de algumas tecnologias que deverão ser parte fundamental da vida de todos num futuro bem próximo: impressão em três dimensões e nanotecnologia sendo os exemplos mais interessantes.
Notam-se também as evoluções sociais: emergência dos direitos homossexuais, uma sexualidade mais aberta e o casamento mais flexível. Vale mencionar também alguns aspectos sociais negativos que como o autor, temo que demorem a mudar: permanência do racismo e fanatismo religioso.
Mas a ideia central do livro é a mesma de “Forever War”. Só pode realmente haver uma paz duradoura a partir do momento em que se aplique profundamente a famosa frase “não faça com outrem o que não gostaria que fizessem contigo”. No entanto, Haldeman desenvolve ainda mais esta ideia: a evolução da humanidade só é possível a partir de um conhecimento íntimo e profundo do próximo. E o respeito total do próximo deve ser atingido sem, no entanto, abandonar a individualidade de cada elemento.

Entretanto, o autor não explora todos os temas que aborda com profundidade. Fica tudo pela metade, ora sem continuidade ora muito superficial. E esta é uma das principais impressões que ficam: a obra parece um esboço, um produto não acabado. Poderia ser um dos melhores livros de ficção cientifica da história, quiçá o melhor. Mas não é, por falta de trabalho e rigor. No entanto, merece ser descoberto por todos.
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