132 crônicas: Cascos & carícias e outros escritos

132 crônicas: Cascos & carícias e outros escritos Hilda Hilst




Resenhas - Cascos & Carícias & Outras crônicas


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Guilherme.Eisfeld 28/10/2023

Leia Hilda
Hilda transcendeu. Colocou poesia na crônica, colocou 🤬 #$%!& de boi no bordô, avacalhou com quem que fosse. Suas crônicas servem para o escárnio, o riso puro, mas também como reflexo de um Brasil na transição de Collor. Os problemas políticos atuais até hoje. A pornografia de Hilda talvez ainda mais necessária.
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cintrarafa 19/10/2023

Retrato da elite brasileira
Foi minha primeira leitura de Hilda Hilst. Não sei o que esperava até então.

Sendo um conjunto de crônicas, entendo que o ponto não é contar uma história e aprofundar em temas diversos. Ainda assim é possível ter um retrato do Brasil nos anos 90, época de pós-ditadura, recente Constituição democrática, Collor, inflação galopante e escândalos políticos.

De todo modo, ainda que algumas passagens sejam engraçadas, achei Hilda uma senhora amarga e ressentida pela falta (ou baixa?) popularidade de seus livros de prosa e poesia.

Mas acho que era isso mesmo. Capaz que se ela lesse esse pequeno excerto diria que eu entendi tudo e não entendi nada. E acho que é verdade.

Lerei outros livros seus.
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Patrícia.Bilibio 19/03/2023

Tento imaginar o que não foram estas crônicas no início dos hipócritas anos 1990. Uma escritora estupenda. Além de gênia, linda. Saio desta experiência literária impactada.
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Mc Brendinha Carvalhão 28/02/2022

SOS para todos nós
Um verdadeiro desafio já que não tenho muito costume em ler crônicas e talvez devesse ter lido um pouco mais devagar, ainda assim gostei muito de várias crônicas, outras acho que nem entendi muito bem, mas definitivamente quero ler mais coisas de Hilda.

"Milhares de pessoas famintas, milhares de pessoas nas filas quilométricas da saúde, da previdência etc [...] Não entendo como os políticos possam ainda sorrir e tratar de assuntos prementes do país em elegantes almoços e cafés da manhã, todos sorrindo e todos muito bem alimentados, muito bem vestidos, com suas gravatinhas grife qualquer coisa. Oh senhores, tenham um pouco mais de sobriedade quando aparecem nos vídeos, mais modéstia, mais severidade, mais luto, porque a hora é de luto, de cinzas na cabeça"
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Marcelo 03/02/2022

Acidez em cada palavra
Está reunião de crônicas publicadas na década de 1990 no jornal Correio Popular. Por um lado, o sentimento de nostalgia e saudade de ler textos tão bem escritos no jornal da minha cidade (Campinas/SP) provoca uma viagem no tempo, por outro algumas palavras e ideias colocadas pela autora causam um desconforto hoje, maior só que na época de suas pública originais.
Apear de tida como hermética em seus trabalhos anteriores, a escrita de Hilda é, além de impecável, compreensível sem grande dificuldade, dada a natureza e o público a que se destinavam os textos. Em muitos momentos os fatos relatados aqui guardam uma assustadora semelhança com a realidade em que vivemos hoje.
Os pontos que causam desconforto encontram -se em algumas partes não ficcionais do texto. É de conhecimento geral que a escritora em dado momento, indignada com a pouca popularidade e aceitação da sua obra por parte do público, passou deliberadamente a escrever textos com o intuito de chamar a atenção pela vulgaridade premeditada. Essa não é a questão aqui. Em diversos momentos a autora se vale de expressões como "negada", por exemplo, que hoje seriam inaceitáveis. Além disso os textos demonstram um certo elitismo que chega a ser bastante incômodo.
Assim era a escrita de Hilda Hilst na primeira metade da década de 1990: polêmica, ácida, por vezes desconfortável, mas, acima de tudo, excepcional.
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Tamires 06/02/2021

Informe-se!
*** Links mencionados na resenha estão disponíveis na postagem original.

Um dos livros mais geniais que eu li em 2020 foi escrito na década de 1990: 132 crônicas: cascos & carícias, de Hilda Hilst, é um compilado de crônicas em grande parte publicados originalmente no jornal Correio Popular, de Campinas-SP. Vez ou outra, surge entre as páginas, como surgia ocasionalmente no jornal, também alguns contos e poesias da autora.

Uma constante que podemos perceber nesta coletânea é a indignação de Hilda com temas como corrupção, maus tratos com animais, questões ambientais… Infelizmente, temas ridiculamente atuais. Outra constante nos textos é o imperativo INFORME-SE!, sempre que ela citava alguém ou alguma coisa em seu texto, mas não havia tempo (ou talvez vontade mesmo) de perder algumas linhas demorando-se em explicações que poderiam, inclusive, fugir ao tema do texto em questão. Fiquei pensando em como Hilda ficaria PUTASSA com alguns usuários de redes sociais, que perguntam nos comentários, por exemplo, informações que estão na própria publicação. Pior: em nosso tempo é muito mais fácil se informar do que nos idos de 1990 (alô, Google!) e mesmo assim, as pessoas parecem preferir permanecer na ignorância. E em grande parte dos casos, por pura preguiça mesmo!

A falta de iniciativa de se informar faz com que cada dia mais a gente se depare com pessoas supostamente esclarecidas, mas que compartilham no facebook, por exemplo, que a vacina contra a Covid-19, a Coronavac, “pode fazer alterações significativas no DNA” (acha que estou exagerando? Veja este link). Sugeriram, inclusive, que a vacina poderia “alterar o código genético e causar homossexualismo” (acha que eu estou exagerando DE NOVO? Veja aqui). Teve até um cidadão que disse, sobre a vacina, que “se você virar um jacaré, é um problema seu”, mas não vou digitar o nome deste energúmeno aqui nem a pau! Veja (por sua conta e risco) o resumo do El País sobre a “infodemia” a respeito da vacina contra a Covid-19 clicando aqui.

Posso imaginar a Hilda revirando os olhos e morrendo de rir dessas notícias, depois (ou, porque não, simultaneamente) sentindo um imenso ódio de tanta ignorância. Se estivesse aqui, certamente grande parte de suas crônicas sobre o Brasil atual seriam finalizadas com um gigantesco INFORME-SE!

132 crônicas foi um livro que eu demorei de propósito para terminar de ler. Foi como um encontro ocasional com uma grande (e ácida) amiga. Toda vez que eu me fiz de preguiçosa ela me mandou um INFORME-SE! (se liga!, caso prefira), me falou sobre o Brasil da minha infância (que naõ é muito distante do Brasil atual)… Foi conversa para um par de tempo, fiquei triste quando acabou. Concordo com Zelia Duncan, que escreveu no prefácio (o qual eu roubei o título para esta postagem): “Morro de inveja de quem vai ler tudo isso pela primeira vez!”.

site: https://www.tamiresdecarvalho.com/diario-informe-se-hilda-hilst/
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André Foltran 03/06/2019

A loucura é crônica
Quando perguntaram a Hilda o que fazer pra relaxar na loucura do mundo moderno, ela respondeu, de seu modo misterioso característico:

-- Pegue um pepino.

Ninguém se torna louco: nasce-se. Da loucura só se livram os abortados, os natimortos, os inconcebidos. Àqueles que nasceram, que passaram pela loucura que é um parto, que conheceram a loucura que é o mundo, resta ocultar da melhor forma possível sua insanidade e quem sabe um dia chegar a ser ministro de alguma coisa. Ou, claro, escancará-la e ser chamado LOUCO! por gente mais doida ainda.

Estou lendo as crônicas da Hilda, que tanto escandalizaram as donas de casa (e seus maridos) nos anos 90. Não belas crônicas, dessas que iluminam seu dia e fazem menos amargo o café: crônicas que te fazem derramá-lo todo. Tinha quem comprasse o Correio Popular só pra ler a nova da "velha doida", que às vezes era apenas uma nota dizendo esta semana não tem casco, meus amores, mas como preciso do dinheiro, fiquem com um trecho de um dos meus livros. Em outras, interrompia o assunto abruptamente, digamos masturbação na terceira idade, pra botar "alguns dos mais belos poemas da língua" (os seus), praticamente inéditos na época, pois pouco lidos, como quem dissesse, no meio da redação do Enem: agora eu vou ensinar a fazer miojo.

Por vezes se dedicou com afinco a resolver os problemas da sociedade (que seguem os mesmos), como quando propôs, muito seriamente, um Esquadrão Geriátrico de Extermínio, velhinhas que, ocultadas por casacos de lã, se infiltrariam em palanques e comícios enfiando suas bengalas nos cus de certos políticos.

Lá mesmo.

Fosse deste tempo, Hilda estaria no facebook opinando sobre tudo e todos com o mesmo deboche, e tendo uma publicação bloqueada atrás da outra por conteúdo impróprio ou ofensivo. Sendo xingada nos comentários e dando amei em todos. Afinal um louco só pode rir sozinho. Não dá pra ser artista e fazer parte da sociedade.

Pornográfica? Não. Era a palavra que era um falo sempre em Hilst. Quando a chamaram nojenta, numa carta enfurecida, aceitou o elogio:

-- Obrigada, leitor, por me fazer sentir mais viva e ainda por cima nojenta! Isso é tão mais, tão mais do que nada!
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Adriana Scarpin 11/05/2016

Retrato sociopolítico contumaz do Brasil nos governos Itamar e Fernando Henrique, Hilst destila toda sua intelectualidade e humor no mais crítico dos tons, um retrato veemente de uma época.
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Inácio 02/12/2014

Velha sarcática, cronista implacável
Nem sempre é simples ler uma coletânea de crônicas. Quando se junta num só volume, textos que foram escritos originalmente para serem publicados espaçadamente em revista ou jornal, por vezes a leitura é repetitiva, mesmo crônicas com a qualidade literária das que Hilda Hilst escrevia para um jornal de Campinas na década de 90 e republicadas anos depois em "Cascos & Carícias & Outras crônicas".

Em casos assim, minha estratégia é ler devagarzinho, duas ou três crônicas numa manhã, depois mais uma na hora do almoço, outra no ônibus e por aí vai. Deu certo: ora me diverti com o escracho da velha senhora Hilst, sempre sacaneando sem dó nem piedade (justificadamente, diga-se de passagem) seus próprios leitores, ora me emocionei com seu desencanto, ora fui arrebatado pela sua ira.

Lembrei de outra ressalva: Hilda insistia em reproduzir seus próprios poemas no meio das crônicas. Já no prefácio, o professor da Unicamp Alcir Pécora (prefaciador e seu amigo, muitas vezes citado nos textos publicados) adverte com honestidade que esse recurso nem sempre funcionava, pois a leitura de um poema requer uma concentração diferente da leitura de uma crônica de jornal.

Selecionei um trechinho para dar ideia do que significava para a poetisa escrever para jornal:

"A crônica é um verdadeiro martírio para mim, porque de alguma forma tem que se aproximar de um texto 'arrumadinho', um texto que todos entendam, você lê pro fedelho, pra Zefa, pro dotô, e todos têm de dizer 'óóóó sim! entendi!', mas a verdade é que nada faz sentido, pois faz sentido você nascer, crescer, envelhecer e depois apodrecer? O escritor quer mais é esmiuçar os mil atalhos dessa insanidade".

Em vez de ver novela à noite ou jogo de time da Turquia na TV a Cabo, vale mais a pena ler Hilda Hilst.
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