ViagensdePapel 08/08/2017
O livro O Imperador, da coleção de Jornalismo Literário da Companhia das Letras, retrata o tempo de governo do imperador Hailé Selassié I, que passou 40 anos a frente da Etiópia.
A obra de Kapuscinski é uma junção de relatos daqueles que trabalharam no império e viram de perto a extravagância do imperador, enquanto milhares morriam de fome no país. Entre esses relatos, o jornalista inseriu alguns textos seus, contando o que acontecia no país, como forma de localizar o leitor. Dividido em três partes, o livro traz um panorama das três fases do governo.
Na primeira parte, foca principalmente na extravagância de Selassié, que mantinha funcionários até mesmo para colocar e tirar almofadas de seus pés. A segunda parte é voltada para o surgimento das primeiras revoltas no país, todas sem sucesso. Na terceira e última parte, o jornalista fala sobre a queda do imperador, que começou quando os problemas de dentro do país ganharam destaque na mídia internacional, chocando outros países. É aí que podemos ver com mais clareza o enorme contraste do império e da vida real.
O Imperador é um relato da Etiópia, mas que pode ser relacionado com muitos outros lugares e diversos tempos. Retrata a desigualdade que assola muitos países e o descaso dos governantes, que mais se preocupam com coisas supérfluas do que o que é realmente necessário. Outro ponto de destaque no livro é o medo, por parte do imperador, do raciocínio, do pensar. Para ele e tantos outros, é um perigo que as pessoas comecem a refletir sobre o que realmente está acontecendo. Uma ideologia é imposta e não é permitido pensar diferente. Quando as pessoas começam a refletir, é sinal de perigo, já que são identificados problemas e a necessidade de mudança.
O livro também fala sobre o importante poder da mídia. Apesar de muitas vezes ser manipuladora, ela tem um poder inegável de transformação. É depois do momento em que jornalistas de outros países passam a retratar a pobreza na Etiópia que o mundo pôde conhecer o estado de miséria e tomou atitudes, realizando cobranças para que aquilo acabasse. Mostra que é ainda mais importante que essa cobrança não seja passageira. Temos de ficar atentos ao que acontece ao nosso redor e não deixar passar as coisas facilmente. Se há algum problema, por que não correr atrás da solução?
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site: http://www.viagensdepapel.com/2014/01/22/resenha-o-imperador-de-ryszard-kapuscinski/