Doctor Sleep

Doctor Sleep Stephen King
Stephen King




Resenhas - Doctor Sleep


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Luthien19 28/08/2016

9/10
Mais ou menos 30 anos depois do Hotel Overlook, Danny Torrance (agora só Dan) volta pra nos contar o que aconteceu após O Iluminado.
O livro começa nos mostrando um Dan Torrance, alcoólatra e violento, com seus quase 30 anos, à sombra de seu pai, Jack Torrance, de como ele era em vida. Ele acorda ao lado de uma mulher, em sua casa, depois de uma noitada de muita bebida.

Quando ele vai sair dessa casa, ele se depara com um bebê, sujo, chorando e com as fraldas cheias, tentando pegar o pó de cima da mesa achando que era doce. Dan esconde o pó, e não bastante, rouba os únicos 70 reais que a moça tinha. E isso o assombra pelo resto do livro.
Já nesse começo, King faz a gente se sentir mal, pois, sempre torcemos para que acontecesse o melhor pra Dan depois do Overlook, e ele consegue fazer isso perfeitamente.

Nós sentimos o mal estar que é SER o Danny.

Sua justificativa é que, ao ficar bêbado, a Iluminação desaparece e ele pára de receber a visita de velhos amigos que habitavam o hotel, sem contar a lembrança do bebê “querendo doce”.

Perdido e sem rumo, Dan acaba indo para uma cidade chamada Teenytown, onde ele decide sossegar. Então, conhecemos Abra, outra Iluminada, MUITO mais poderosa que Dan. Os dois acabam entrando em contato através de mensagens telepáticas ou recados deixados numa lousa na parede.

Dan trabalha num asilo, onde é conhecido pelo seu dom em ajudar os velhinhos a “atravessarem” pro “outro lado”, sendo chamado pelos outros de Doutor Sono.

Os antagonistas da história são um grupo de vampiros que ‘sugam’ a Iluminação das pessoas pra sobreviver, e todos conhecem essa ‘família’ de Verdadeiro Nó.

Sendo Abra uma pessoa com a Iluminação mais forte que Dan já vira, e também o Grupo do Nó liderado por Rose (a Cartola), Abra se torna uma obsessão para eles, devido à sua escassez de “vapor” que eles estão enfrentando. Contando com seus novos amigos, Dan vai fazer de tudo para proteger Abra, e acabar com o grupo de vampiros responsável pela morte de várias crianças de formas horrendas!

No começo foi um pouco difícil acostumar com esse “novo” Dan Torrance, mas o destrinchar da história, você se apega à ele assim como em “O Iluminado”, ou talvez até mais. Dan faz amigos muito especiais, sendo até incentivado à frequentar as reuniões do AA, e se curar dessa doença que o pai também tinha.

Os personagens, novos amigos de Dan, são muito bem apresentados e cativantes, assim como a trupe do Verdadeiro Nó (tirando a parte cativante hehehe). A ambientação é aquela coisa famosa de King que a gente já conhece, medonha e adorável. Eu espero que você tenha entendido como isso pode ser possível.

Doutor Sono é um livro que TEM que fazer parte da prateleira “Livros Lidos do Stephen King”. Além da narrativa característica do autor, o enredo é extremamente empolgante, angustiante e cheio de surpresas! Afinal nunca é demais para voltar para a mente de Dan e receber aquele inesperado plot twist.

site: www..elefantevoador.com
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Amanda 29/09/2015

Doutor Sono
Essa resenha pode conter spoilers de O iluminado.

Mais de 30 anos após o sucesso de O iluminado, Stephen King resolve nos dar a resposta do questionamento que todos fazem após ler seu livro: O que aconteceu com o menino?

Danny Torrence não teve uma vida fácil após os acontecimentos no Hotel Overlook. Sua mãe ficou gravemente ferida e não pode trabalhar por anos, enquanto eles viviam do seguro pela morte de seu pai. Em sua adolescência Dan acabou descobrindo algo que o ajudaria a controlar o seu dom: a bebida.

Tal pai tal filho, pois o menino seguiu os passos do progenitor e tornou-se um bêbado de primeira classe - até que ele atingiu o fundo do poço. Devo dizer que Stephen usou a mesma fórmula de O iluminado nesta continuação - o livro é enorme, e uma boa parte foi para construir o caráter do personagem, Dan, mas desta vez eu achei a leitura bem menos enfadonha, provavelmente porque vemos todas as peripécias pelas quais ele passa, e não estamos presos dentro de um hotel mal assombrado com apenas três personagens.

Dan bebe para suprimir os seus dons de iluminado e por um tempo ele acha que está dando certo, até que o seu 'rádio na cabeça' começa a captar transmissões de uma garota de uma cidade próxima. Nós vemos o passar dos anos, enquanto Dan tenta mudar sua vida e Abra cresce e torna-se ciente de o que ela é... E o que acaba deixando ambos em perigo. Abra é iluminada, e muito mais do que Dan era quando criança e agora como adulto, ela é extremamente especial, o que deixa seus pais e pediatra aflitos, principalmente quando um grupo com más intenções descobre o quão especial ela é, e tornam seu principal objetivo matá-la.

Neste livro vemos quase exatamente o que aconteceu em O iluminado. Nele, Dick Hallorann conheceu uma criança muito mais iluminada do que ele, e tentou protegê-lo daquilo que queria machucá-lo, o Hotel Overlook. Em Doutor Sono, Dan é aquele que deve proteger Abra, daqueles que se denominam 'O verdadeiro Nó' (The True Knot).

Este livro tem muito mais acontecimentos e aventuras do que o terror psicológico que há no primeiro, mas ainda vale a pena ler para aqueles que querem ver como Dan conseguiu lidar com os terríveis acontecimentos de sua infância.

site: http://escritoseestorias.blogspot.com.br/2015/09/resenha-108-doutor-sono-mes-do-autor.html
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Diego Sette 16/08/2015

O maior dom é a maior maldição
Há muito tempo fomos introduzidos ao pequeno Danny Torrance que era chamado carinhosamente de velhinho por seus pais, o professor de inglês Jack e a delicada Wendy. Descobrimos que ele tinha um dom, que ele possuía habilidades psíquicas e sensitivas. Segundo Hallorann, Danny era iluminado (Shinning). Até então o pequeno garoto não tinha noção de metade das suas capacidades, e do quão grandes elas eram, mas um hotel cheio de passados trágicos e com uma enorme energia negativa acumulada mudaria isso. Seu maior dom viria a se tornar seu maior pesadelo. Aquele pequeno garoto cresceu e aos demônios que se mostravam reais se somaram a seus próprios demônios. Quem pode dizer que a maioria dos demônios particulares de Dan Torrance não tiveram suas raízes nos demônios do mundo afora? Mas também é inegável que uma parcela considerável veio do interior.

Em Dr. Sleep, continuação direta do clássico The Shinning, somos rapidamente introduzidos às consequências que os acontecimentos do Hotel Overlook deixaram na vida dos 3 sobreviventes. Os três deixaram o Overlook para trás, mas será que o Overlook os deixou também? Será que o Overlook deixou a todos eles? Passamos pelos caminhos do pequeno Danny e o vemos seguir, agora adulto, como Dan. A nova história de Daniel não é sobre o Overlook, não é sobre seus pais e não é sobre Dick Hallorann, mas todos esses elementos influenciam no que irá se desenrolar. Seja minimamente ou de forma mais acentuada. Não se pode dizer que é impossível entender Dr. Sleep sem ter lido The Shinning antes, mas referencias serão perdidas e não se terá tanta noção de que o Dan de hoje é fruto de todo o terror que o Danny passou. E não só do terror... Eu sugiro a leitura de The Shinning antes de se ler Dr. Sleep, afinal é um clássico. E mais, se uma grande quantidade de fãs queria saber o que aconteceu com Danny Torrance depois de The Shinning porque percorrer o caminho oposto?

Todos os elementos clássicos da escrita do grande King estão no livro, principalmente sua capacidade de te fazer amar e odiar personagens e de te fazer sentir o que os personagens sentem. Isso, a meu ver, torna os livros dele tão próximos do leitor quanto é possível. Mas um fator me chamou demais a atenção, acho que é o primeiro livro dele que me fez sentir pena e piedade de alguns vilões. Não de todos, claro. Alguns são de todo malignos sim, mas alguns parecem perdidos no meio de tudo. Parecem ter sido arrastados para dentro daquilo sem muita escolha. Ainda sobre os vilões, é importante frisar uma grande analogia que o livro traz. Os vilões do livro são um grupo, conforme já deu para perceber, e eles praticam atos cruéis. Mas até que ponto eles são diferentes da sociedade humana atual? Também não cometemos atos cruéis semelhantes que são vistos por todas as sociedades como ‘normais’? Paro a analogia por aqui, com medo de introduzir grandes spoilers, mas sugiro que os leitores deixem esse gatilho acionado ao ler. Não será muito difícil entender o laço que nos liga ao grupo de vilões.

Apesar de tudo isso, é claro que as obras são criadas em torno de seus protagonistas e que é muito mais normal se identificar com eles. E isso é verdade também em Dr. Sleep. Aliás, é esse o elo que normalmente King utiliza para transmitir o terror das páginas diretamente para a mente do leitor. Somos introduzidos à novos personagens que cruzam o caminho de Dan e pode-se dizer que ele não é o único protagonista. Conhecemos e vemos crescer, em outra cidade, Abra Rafaella Stone. Todo mundo sempre quis saber o que aconteceu com Daniel Torrance, mas Abra me respondeu uma dúvida que eu tinha há muito tempo: o que teria acontecido com Carrie White se ela tivesse nascido em uma família amorosa? Claro que são personagens distintas, e que talvez isso tenha ocorrido apenas à mim, mas várias vezes me lembrei de Carrie enquanto acompanhava a história de Abra.

Lembrei de Carrie em outros pontos da história também, é muito fácil considerar acontecimentos prováveis ao se saber que as histórias de Stephen King se passam todas no mesmo espectro de universos. Mas para descrever tais considerações seriam necessários spoilers de mais de um livro, incluindo deste.

Histórias diferentes e com circunstancias diferentes são contadas neste livro e em seu antecessor, apesar de vários elementos costurando ambas. De uma criança inocente até alguém que usa seu dom para ajudar pessoas a cruzarem o limiar entre o nosso mundo e o mundo que vem com o sono eterno, Dan Torrance avança muito. Mas avança sem noção de que um longo caminho ainda existe pela frente. No fim, ambos os livros, com todas as suas diferenças, tem um ponto fundamental em comum: não existem vantagens sem desvantagens. O maior dom também vem a ser a maior maldição.
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San... 05/08/2014

Para o meu gosto, o receio do autor se confirma: não teve a excelência de "O iluminado", mas serviu perfeitamente para nos mostrar por onde anda o pequeno Danny Torrance (protagonista de O Iluminado), quase 30 anos depois. Vale dizer que o pequeno Doc agora é doctor Sleep.
Talvez pelo fato de O Iluminado, lançado em 1976, ter ganho os cinemas sob a direção de Stanley Kubricke e por Jack Nicholson ter interpretado, magistralmente, Jack Torrance, pai do pequeno Danny, sua continuação, ou seja, este livro, me pareceu menos grandioso ou talvez isso se deva ao fato de Danny ser ainda uma criança tão pequena no primeiro volume.
De qualquer forma, é Stephen King o bastante para valer a leitura sem se decepcionar. Só não atingiu, para mim, o mesmo brilhantismo de O iluminado.
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Denise Pereira 30/07/2014

Ontem terminei de ler Doctor Sleep, uma continuação de The Shining (O Iluminado). O livro lançado no ano passado no mês de setembro tem 4.6 estrelas na Amazon. E eu acho justo. É uma boa narrativa, e a história está muito bem construída. Não dá o medo que O Iluminado dá, mas ainda assim, é uma boa história de terror.

Ela se passa num futuro onde Danny Torrance, filho de Jack Torrance, é um adulto, com os mesmo problemas com bebidas que o pai. E ele usa do álcool para inibir seus poderes na adolescencia e isso continuaou até a vida adulta... Até o fundo do poço...E ele vai parar em New Hampshire, em uma cidade pequena, onde ele virá enfermeiro em um asilo. E entra no AA.

Depois de um tempo, ele começa a se comunicar com uma menina chama Abra. E ele se envolve na vida dela, ela uma criança com o dom, sendo perseguida por um grupo de vampiros que vivem pela América em RV's, sequestrando crianças torturando e matando para se alimentar do que eles chamam de "Steam". E ele tentando ajuda-lá, protege-lá.

Eu recomendo a leitura, para àqueles que gostam de King, ele amadureceu muito, é um outro escritor. Vale a pena.
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CLEUSA 03/07/2014

King acertou de novo!!!
"Alguns autores parecem melhorar com o tempo. Stephen King é um destes. Dr. Sleep é uma "senhora" história. Interessante da 1ª a última página. Tão fluente que o leitor não consegue parar de ler. E é possível acompanhar o enredo mesmo que você não tenha lido "O iluminado". Mas quem leu acaba satisfeito em saber o destino de Daniel Torrance, sua mãe, Dick e alguns dos aterrorizantes "fantasmas" do hotel assombrado. Além de introduzir novos personagens de maneira magistral(Abra, seus pais, DJ, o AA, Rose, o Corvo e outros não menos interessantes). Acredito que quem é fã do gênero não ficará decepcionado.
Eu não fiquei.
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Bruno 21/06/2014

Pais, álcool, com um pouco de quase-vampiros, e a questão da continuação
Continuações são sempre uma matéria complicada, especialmente quando o primeiro livro é considerado um clássico do gênero. Entre O iluminado e Doctor Sleep se passaram trinta e seis anos. Nestas décadas Stephen King cresceu como nome, marca, e escritor; tivemos uma adaptação para o cinema que também se tornou um clássico por si só; e a reputação de O iluminado é quase tão grande quanto a do seu autor. Então como se abordar uma tentativa de continuar esta história, de revisitar seu cânone e ressuscitar fantasmas esquecidos?

Fazendo um livro bem diferente. Lembro-me de ter lido O iluminado em 2010 e, ao saber dessa continuação, hibernava o desejo de lê-la muito em breve. Surgiu a oportunidade quando ganhei um exemplar como um lindo e ótimo presente de dia dos namorados (agradecimentos especiais ao Meu Amor™). Percebi então que sentia saudades da escrita do King. E fiquei bastante satisfeito.

Doctor Sleep foi muito bem recebido, inclusive ganhando um dos prêmios do Goodreads Choice Awards 2013. Não obstante, não deixou de ser um livro decepcionante para muitos, que esperavam outro O iluminado para, com o perdão do trocadilho, iluminar suas estantes. Mas esta sequência tem outra abordagem para os temas e elementos do seu predecessor, e uma que eu, particularmente, achei bem inteligente. Se temos décadas de distância entre os dois livros, colocamos décadas de distância entre seus acontecimentos. Depois disso, acho que o essencial era Stephen King não tentar repetir O iluminado, reusar seus temas ao pé da letra e nos apresentar um “revisitando o hotel Overlook” — a experiência, caso o tivesse feito, não seria nada menos que desapontadora.

Mas King nos presenteia com uma história diferente que ajuda ao se tratar de uma sequência não exatamente direta. As referências estão ali, a continuidade presente. Mas o Overlook, e um eventual retorno ao hotel; a loucura de seu pai Jack, a perseguição com uma marreta; a explosão — isso é secundário. O que importa é o agora, quase quarenta anos depois, e uma nova história, com diferentes personagens, em uma continuidade segregada que faz à história muito bem.

Danny Torrance agora prefere ser chamado de “Dan”. O menino de cinco anos agora tem mais de quarenta. Ele dizia que nunca beberia como o pai, mas nem tudo sai como dizemos na infância. Está se recuperando de seu alcoolismo através do muito proeminente grupo dos Alcoólatras Anônimos, que nesse livro tem participação especial. Seus problemas com bebida, a qual usava para tentar abafar o seu poder psíquico, jogam-lhe uma amargurada sombra dos problemas de seu genitor. Tenta se recuperar do seu alcoolismo na cidadezinha de Frazier, enquanto trabalha como zelador em um asilo para velhos, onde usa seus poderes para facilitar o descanso daqueles na fronteira com o além.

Mas a sua paz recém-encontrada é abalada com a descobrta da existência de um grupo de pessoas (ou “coisas”) que perseguem crianças com o mesmo poder de Dan. O True Knot, como se chamam, alimentam-se do último suspiro que as crianças soltam após serem mortas depois de grotescas sessões de tortura (“a dor purifica o vapor”). E eles estão atrás, agora, de uma garota chamada Abra, com um potencial de poder maior que o do próprio Daniel, e que se comunica com ele desde infante, através de suas mentes.

Creio que o trunfo aqui tenha sido se aproveitar dos elementos da mitologia criada em O iluminado para compor uma história bem diferente em gênero e grau. Pode sim ser inserida no gênero do horror, mas admito que também puxa bastante para o lado da fantasia. A criação de uma ambientação “aterrorizante” como as cenas do Overlook dá lugar a um confronto ao mesmo tempo mais distante e mais próximo. Doctor Sleep é tudo menos claustrofóbico. Acompanhamos uma história que se desenrola de New Hampshire até o Colorado, sempre no foco da cidade pequena que King parece tanto gostar de explorar (Derry, Salem’s Lot, e agora Frazier).

Outro fator que pode diminuir a sensação de horror da história é a apresentação de seus antagonistas. Em livros como A coisa e o próprio Iluminado, o antagonismo é sempre perpetrado por uma criatura ou elemento inalcançável, semi-invisível: coisas que estão além da compreensão humana e de natureza mais cósmica, impessoal ao mesmo tempo que terrivelmente próximas. O próprio Overlook é um exemplo, ou o quarto em 1408, ou a Coisa no livro homônimo.

Enquanto isso, o True Knot é composto por ex-pessoas que se relacionam normalmente e que, apesar de serem descritas muitas vezes como semi-humanas (things, lizardy thoughts etc), e mesmo como vários momentos dignos de repulsa, não deixam de passar uma espécie de familiaridade. É bastante reforçado que os membros do True Knot se amam, se respeitam, e são como uma enorme família. Mesmo com seu óbvio desdém pelos humanos normais, conseguem passar uma empatia que não seria possível com os antagonistas mais “cósmicos” de King.

Mas, também, antagonistas mais humanos podem aumentar o horror para certas pessoas, então talvez isso seja apenas uma questão de terrores pessoais. Provavelmente muita gente achou esse livro aterrorizante, mas eu sempre tive uma resistência grande com o horror literário, então, vai saber. Tirem suas próprias conclusões dessa parte.

A relação entre pai e filho, da qual até já falei um pouco antes em outros posts, também dá as caras em Doctor Sleep. Era inevitável. Dan, apesar de todas as promessas e todos os traumas, herdou os hábitos alcoólatras do pai, e por isso vive em uma espécie de sombra da qual busca se salvar. Ao mesmo tempo, vemos durante vários pedaços da narrativa que, a despeito de todas as provações, continua a amar a memória do pai como o amou quando era uma criança. O monstro no qual ele se transformou durante sua tomada pelo Overlook não minguaram aquele afeto filial. Chega a dizer em um ponto que ele e sua mãe amaram tanto o pai por seus defeitos quanto a despeito deles. Repousa nessa relação e na memória, aliadas a uma das cenas no clímax do livro, uma de suas partes mais bonitas.

Jack Torrance era um homem repleto de falhas, as quais descobrimos lá e aqui, e Dan, também repleto delas, conhece a gora um pouco desse lado difícil de ser adulto, de ser alcoólatra. Mas, ao mesmo tempo, deve tentar se livrar dessa relação direta, de ser um homem feito Jack Torrance, por mais que ainda nutra aquele afeto.

O tema de confonto de gerações se repete na figura de Abra, a garota perseguida pelo True Knot. Ela tem mais da iluminação que Dan tinha no livro anterior, e por isso se prova um alvo desejável para o grupo de antagonistas. Retratada como uma adolescente em seus treze anos, suas partes também estão recheadas com algumas curtas referências à cultura pop que pode abrir um sorriso em alguns, durante certos trechos do livro. Variamos entre seus focos, os de Dan e os do True Knot, e temos o contraste entre os o novo, o velho, e o muito velho. Abra varia entre seus medos e necessidade por ajuda de adultos com um desejo de se provar invencível; Dan deve regular seus temores práticos (como entrar em contato com Abra sem parecer um pedófilo?) com seus dilemas pessoais e a ameaça que os espreita.

Neste livro, temos um King que mais uma vez procura explorar um pouco destes dilemas da meia-idade, da relação pai e filho, dos problemas com o álcool e sua recuperação, sempre aliando estes temas com a mais recente ameaça maligna que conseguiu concatenar. E, considerando-se no geral os livros do King, o desfecho de Doctor Sleep é um dos mais satisfatórios. Não ficamos com aquela impressão de “ah, e agora?”, ou frustrado. Ele encerrou bem os enredos que trabalha e questões que aborda e torna este romance um dos seus bem amarrados.

site: http://adlectorem.wordpress.com/2014/06/21/doctor-sleep/
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Tatiane Buendía Mantovani 23/05/2014

Este livro é continuação de O Iluminado, que o autor lançou em 1977.
Em O Iluminado, um alcoólatra em recuperação é contratado para ser zelador do Overlook, um hotel famoso que é fechado no período de inverno, quando fica isolado do mundo por conta da neve. Temos então três pessoas – Jack Torrance, o escritor alcoólatra, sua esposa Wendy, e seu filho Danny, um garoto de seis anos de idade que tem um dom (a luz interior a qual se refere o título do livro) – basicamente o garotinho vê gente morta. O tempo todo... e cara, o Overlook Hotel tem um bocado de gente morta entre suas paredes. Embora seja um livro de terror estilo “fantasmas e assombrações”, em minha opinião, o grande ponto de O Iluminado é o modo como a atmosfera do Hotel influencia a personalidade (já enfraquecida pela abstinência de álcool) de Jack Torrance, tornando-o um monstro contra sua própria família.

35 anos depois, o autor lança uma continuação... Em Dr. Sleep, Danny Torrance, o garotinho do livro anterior cresceu. E vemos que cresceu, infelizmente, com muito do pai: Danny também se torna um alcoólatra. Ainda possui o dom da luz interior que tinha quando criança – e que tanto lhe rendeu terrores naquela malfadada temporada no Overlook e descobre ainda na adolescência, que o álcool consegue abrandá-lo a um ponto de entorpecimento. Passa a levar uma vida desregrada e extremamente solitária, até que um acontecimento – o que ele chama de fundo do poço – o faz querer mudar, deixar de beber. Então acompanhamos a sua luta contra o vício, com reuniões do AA, enraizamento em uma nova cidade, onde se abre para uma amizade, a realização de um trabalho braçal e simples e a importância da disciplina e da força de vontade como força motriz da vida.
Trabalhando como técnico de enfermagem em uma casa de repouso, ele descobre que, talvez por conta de seu “dom”, tem outra habilidade: a de ajudar os moribundos a partirem para o além, facilitando a travessia, a passagem da vida para a morte. Daí o Dr. Sleep do título. (sleep = sono = sono +/- como morte). Nesta casa de repouso, ele conhece Azreel, o gato, que também tem a estranha habilidade de prever quem está para morrer. Quando o gato para ao lado da cama de algum velhinho, até a outra manhã ele não chega vivo.
Para mim, Danny Torrance merecia um futuro melhor. Com sua solidão, seu eterno sentimento de culpa e tantos fantasmas pendurados em seu pescoço, o homem sofre muito livro afora.
Paralelamente à estória do Danny-adulto, conhecemos Abra Stone, uma garotinha que nasce com o mesmo dom que o Danny-garoto tinha, só que multiplicado por zilhões. Nas palavras do autor: se “Danny Torrance era uma lanterna, Abra Stone era um farol”. Além disto, conhecemos um clã de vilões deliciosamente malignos: O Verdadeiro Nó, um grupo de vampiros de almas que atravessa os EUA disfarçados de viajantes normais com seus trailers, vans e motorhomes, em busca de crianças iluminadas. É a luz destas crianças que os alimenta, que os une, que os mantém vivos. Abra Stone, com seu poder “farolzístico” logo se torna um alvo. E de alguma forma, o caminho de Danny se cruza com o dela, e ele resolve ajudá-la. Tanto a entender e domar seu poder, quanto a derrotar o mal encarnado que o Verdadeiro Nó é.

Embora seja uma continuação, Dr. Sleep é muito mais abrangente, com muito mais elementos, personagens e ambientação que O Iluminado. Por outro lado, não tem o tom claustrofóbico e intimista que o confinamento transmitia no primeiro. Talvez isto frustre alguns dos fãs mais ferrenhos. Existem elos suficientes entre as estórias para justificar o rótulo de continuação, só que... embora Danny seja o Danny que o Overlook queria devorar a qualquer custo, a estrela desta estória são Abra Stone e Rosie, the Hat (a vilã).
Como eu tenho um carinho muito grande pelas personagens do primeiro livro, a sensação que me ficou foi de reencontrar um parente querido que acabou dando certo na vida, mas depois de sofrer muito, muito, muito.
É meio agridoce.
Para fãs.
Tatiane Buendía Mantovani 15/11/2014minha estante
Daí que, como tinha lido Doctor Sleep antes de Nosferatu, do Joe Hill, a menção à Charlie Manx tinha me passado totalmente despercebida!!!
Tem coisas que só uma releitura faz pela gente




Marselle Urman 28/10/2013

Gostei da forma como King trabalhou o "presente" de Danny Torrance, especialmente não tendo se esquivado da sua triste herança ( o vício) e sua chegada ao fundo do poço.

Os vilões nesta obra deixam um questionamento moral: matar bichos para comê-los é quão mais válido?

Às vezes dá pra sentir uma simpatia pelos membros do True Knot. É interessante ter inimigos mais balanceados, não tão maniqueístas.

Minha única crítica é que ao longo da história, Dan vai ficando parecido com todos os outros mocinhos da prosa recente de King. Desde um pouco antes do "Domo", todos se parecem muito. Tem sabor; de picolé de chuchu.
Mas nada que estrague um bom livro, e esse é um deles.
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Samuel.Calmon 18/10/2013

A coroa do rei volta a brilhar
Esse é o segundo livro que leio na íntegra em inglês e deu trabalho, mas a linguagem foi até de fácil entendimento e tenho certeza que entendi mais de 90% do livro para contar a vocês. O suficiente para fazer uma resenha decente, espero.

Quero deixar claro logo de cara que, mesmo sendo esse livro uma Novela (capítulos completos com significado, começo, meio e fim) eu o tratarei nessa resenha como um romance típico (capítulos dependentes entre si).

Esse foi o segundo livro que o King lançou em 2013, mas o ritmo não para, o nível não decai nunca. A verdade é que eu não lia um romance dele desde o final do ano passado e, para ser sincero, já me sentia afastado do seu modo de escrever e acabava, de vez em quando, "esnobando" o autor quando falavam dele. Mas eu voltei! E agora a escrita desse renomado autor me enlaçou de um jeito que nenhuma outra de suas obras tinha conseguido fazer, talvez por eu ter lido na língua original, e ter na íntegra tudo o que ele quis dizer, ou talvez, simplesmente por essa obra ter ultrapassado a qualidade da maioria das outras dele - e as outras já tem uma grande qualidade.

Doctor Sleep é a continuação d'O Iluminado (apesar de só ter sido lançado 36 após o primeiro volume, que se tornou um clássico da literatura de terror), e trata de um Daniel Torrance - aquela mesma criancinha do hotel Overlook n'O Iluminado, a do REDRUM - já adulto, bem formado, mas passando por problemas que já viam de família - aliás, é revelado muitas relações familiares nesse livro a partir da sua metade, fatos que o leitor nem desconfiaria. Daniel Torrance, tornou-se beberrão como seu pai, e seus dons de "iluminado" já haviam sumido até que, numa estranha noite, vê uma criança de uma amante em uma noite e, sem saber como, descobre que ela era abusada, porém a deixa para trás, e isso é um fato que fica remoendo com culpa todo o livro. Depois desse dia, seus dons voltam com força total.

Fazendo algumas pesquisas, percebi um detalhe interessante. O Iluminado, escrito pelo beberrão Stephen King, trata de um homem com problemas de bebida, enquanto em Doctor Sleep, e alcoolatra em recuperação Stephen King trata de um homem recuperando-se dos problemas de alcoolismo numa associação de Alcoólicos Anônimos.

Algo que dá muita vantagem o livro é ter mais de um personagem principal e mais de uma "visão". Abra é outra criança iluminada que aparece no livro e o livro gira em volta dela e do Daniel. É uma das mais poderosas que já se foi conhecido - chegando até a sentir a queda das torres gêmeas enquanto era bebê - de modo que acabou atraindo uma associação a seu encalço. Stephen King aproveitou-se do surto de sucesso dos vampiros desde Crepúsculo para criar essa associação. A True Knot é uma espécie de associação vampírica, de pessoas meio humanas, meio seres sobrenaturais, mas que não se alimentam simplesmente do sangue. Se alimentam de algo como a "luminosidade" (espero sinceramente que entendam) das crianças que são como Abra e Dan. Quanto mais torturada a criança especial, mas "vapor" - essa é a "luminosidade" - ela solta.

O livro que se inicia com Dan ainda criança escapando dos últimos fantasmas do Hotel Overlook que ainda o assombravam, se passa com a perseguição da True Knot a Abra, o encontro entre os dois protagonistas e a luta de poderes entre os lados bom e mal.

Algo que me agrada no Stephen King é a intertextualidade que ele consegue empregar com outros livros, apenas nessa obra foram citados Crepúsculo, Crônicas de Gelo e Fogo e mais algumas obras das quais não me recordo, além de descrições muito boas, o que trás bastante riqueza para o livro.

Nesse livro, cada frase era importante, não adiantava pular nem se abstrair de dado algum, pois tudo o que era dito era importante ao texto e isso é algo que King faz muito bem e envolve o leitor de uma maneira inimaginável.

Para aqueles que dizem que King, como romancista é um ótimo contista, leiam Doctor Sleep. Obra muito superior a'O Iluminado que me fez voltar a minha paixão por romances de terror e pela escrita simplesmente espetacular de Stephen King.

site: http://coupleliterario.blogspot.com.br/2013/10/resenha-doctor-sleep-stephen-king.html
Camila B. Monteiro 17/04/2014minha estante
Caraca! Que resenha incrível. Tô lendo em inglês também, sem paciência para esperar a tradução. Tá bem fluido leitura, espero que continue assim. King é King né? Bjs... Parabéns!


Samuel.Calmon 17/04/2014minha estante
Que bom que gostou! Exato, assim que o achei em PDF não pude esperar mais um segundo, tinha que ler.


Sérginho 24/06/2014minha estante
Então somos 2, não consegui esperar pela tradução huahua, agora no aguarde do Mr. Mercedes.


Samuel.Calmon 24/06/2014minha estante
Camila, muito obrigado hehe ? sem paciência MESMO.


CLEUSA 01/07/2014minha estante
Estou começando a ler Dr. Sleep hoje e sempre, antes de ler um autor conhecido, gosto de saber um pouco mais sobre o mesmo. Obrigada pela sua resenha. Foi um prazer ler opiniões expressadas tão bem.




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