Aventura de aprender 31/12/2018
O livro é excelente, mas não há nenhum suspense ou mistério para quem conhece a Bíblia. É totalmente baseado em fatos reais e há poucos personagens fictícios. Foram inventados alguns nomes, mas as situações são históricas.
O apóstolo João passa o tempo se lembrando de tudo o que viveram com Cristo e os demais apóstolos e discípulos porque pensa que não há mais nada para fazer na Obra de Deus.
Entretanto, se depara com a heresia gnóstica que estava ameaçando a Igreja. Entre tantas outras características, essa heresia buscava desassociar a humanidade e a divindade de Jesus. Por isso, ele decide contar a história da ressurreição de Lázaro para mostrar que Jesus é Deus e homem na mesma essência e substância, sendo pessoas diferentes.
O que achei mais interessante no livro é como as heresias tropeçam em seus próprios pressupostos. A forma específica de gnosticismo relatada na história é a que acredita apenas na espiritualidade de Jesus e não na Sua humanidade. Entretanto, o gnóstico que contende com João busca mostrar que Jesus não se importa com o sofrimento dos outros, o que seria algo perfeitamente “humano” e não “divino”.
“Senti uma profunda pena por esse pobre homem. Olhando bem para ele, bem dentro de seus olhos, reconheci a mesma arrogância que tantas vezes vi nos fariseus que volta e meia vinham testar a Jesus. A mesma certeza cega de que eles, e somente eles, os predestinados, os escolhidos os superiores, conheciam os mistérios ocultos. Silvano era um homem alto, forte e orgulhoso de sua cidadania romana, cujo olhar sorrateiro e fala mansa e dissimulada não conseguiam esconder sua desmedida ambição em liderar a Igreja, pois acreditava ser o mais qualificado e capaz dentre todos para exercer o ministério. Por isso, sempre teve dificuldade para entender e aceitar a Maravilhosa Graça de Deus, sua extensão a todos, principalmente aos pobres e desprezados desse mundo”.
É fascinante pensar também que o mesmo João que pensava não fazer mais nada na Obra de Deus, além do quarto Evangelho ainda escreveu mais três epistolas e o livro de Apocalipse.
Outro ponto que merece atenção é que apesar de apenas seitas declaradas como as Testemunhas de Jeová e o espiritismo tenham credos totalmente gnósticos, muitas vezes em nossas vidas e igrejas estamos vivendo com esses pressupostos sem nos darmos conta disso. Exemplos:
1 – Considerar que é dever da Igreja se preocupar apenas com o material e terreno ao invés do espiritual, ou vice versa (preocupar com o espiritual e negligenciar o material).
2 – Considerar que o Novo Testamento é mais importante do que o Antigo
3 – Desassociar a imagem de Deus entre os testamentos
4 – Pensar que o cristianismo é privilégio de apenas algumas pessoas e que Deus não quer alcançar a todos
5 – Pensar que aqueles que têm mais conhecimento e estudo são cristãos superiores aos demais
6 – Acreditar que Deus não quer dar as mesmas oportunidades para todos
7 – Pensar que certos escritores das escrituras tem mais importância do que os outros
8 – Acreditar que Deus não opera mais da mesma forma como operou no passado
Apesar de que muitos que seguem ideias como essas, são realmente cristãos genuínos, é interessante observar o quanto o gnosticismo ainda tem um pouco de influência em nosso meio. Entretanto, pensar dessa forma não é suficiente para anular o cristianismo porque eles não negam a divindade e/ou a humanidade de Cristo que se encarnou, morreu e ressuscitou para nos salvar. Esse é um resumo do chamado “Credo de Atanásio” que á a Fé real que todos devemos professar:
“A fé católica consiste em adorar um só Deus em três Pessoas e três Pessoas em um só Deus; sem confundir as Pessoas nem separar a substância; porque uma só é a Pessoa do Pai, outra a do Filho, outra a do Espírito Santo. Mas uma só é a divindade do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo, igual à glória e coeterna a majestade; Qual como é o Pai, tal é o Filho, tal é o Espírito Santo.”
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