Elias Flamel 03/12/2023
Você sente empatia pelo trabalho do autor?
Amadurecer existe em qualquer ponto da vida e com a parte profissional não é diferente. Quando comecei a escrever o meu desejo era criar algo grande, épico e fantástico. Cada parágrafo precisava transmitir adrenalina ao leitor. Se tudo é grandioso, então nada é.
Aos poucos fui intercalando os momentos de tensão e dramáticos com os trechos tranquilos e de paz. Saber misturar estas cargas emocionais é a grande questão. Masashi Kishimoto consegue este mérito. A grande batalha, a pequena exibição de força, já foi feita com o Orochimaru. Curiosidade já foi gerada no leitor e de forma acertada o mangaká acelera as lutas "menores" enquanto cria uma atmosfera densa em torno do Gaara. Existe os clichês do centro de comando, o "ele bateu o temo recorde desta prova tão difícil" e a frieza. Funciona devido a história ter uma ambientação ninja com estética própria (identidade sempre me faz esquecer dos clichês). No centro de tudo isso estão os personagens.
É só eu assistir, ler ou ouvir um conteúdo sobre Naruto que me deparo com a seguinte crítica "Aquele personagem não foi bem desenvolvido". Quando se trata de alguém próximo do protagonista, no caso a Sakura, concordo sem questionar. Porém, querer um desenvolvimento aprofundado do Shino é complicado. Estou cada vez mais sendo empático com os autores. Desenvolvimento de personagem é difícil. É como fazer amigos. Falar é fácil, mas ter uma amizade verdadeira onde você conhece profundamente alguém, é trabalhoso e demorado. Fazemos escolhas e no final só temos um relacionamento profundo com poucas pessoas. Kishimoto consegue dar personalidade para a maioria dos personagens, nem que seja de forma caricata. Neste volume já existe indícios de quais podem ter um aprofundamento. Gaara é um deles.
Ao se falar de atmosfera, ambientação e personagem, acho verossímil a escolha por trechos violentos. Cito como exemplo Sasuke, que alimenta um ódio vingativo e usa o poder que tem para machucar. Ele quer matar alguém, sendo assim, o ato é compreensível narrativamente. A indiferença de Gaara em meio a crianças animadas em alcançar um novo posto ninja aliado o medo que os companheiros tem dele em um ambiente onde há muita amizade, se relaciona com a violência demonstrada.
Para fechar este meu comentário/resenha cito uns trechos que chamaram a minha atenção: a revelação do Kabuto, o ninja meticulosamente mediano; o Sasuke dizendo pela primeira vez que deseja lutar com o Naruto e o não descansar que simboliza não só o ser um guerreiro ninja como também a vida adulta.
O mangá está ótimo, estou dando mais calor aos meus sonhos juvenis. Como ato de coragem não deixarei estas impressões como comentários nos meus posts no skoob. De agora em diante serão resenhas.