O jardim das cerejeiras seguido de Tio Vânia

O jardim das cerejeiras seguido de Tio Vânia Anton Tchekhov




Resenhas - O Jardim das cerejeiras e o Tio Vânia


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dani 01/11/2022

Tragédias e comédias da vida comum
Meu primeiro contato com Tchékhov foi através do conto "O beijo", que achei divertido mas não deixou uma impressão muito forte no primeiro momento. Talvez Tchékhov seja isso mesmo, atrai com uma isca de simplicidade que desorienta o leitor, um enredo que parece até banal, sem grandes acontecimentos. Quando somos fisgados, percebemos quão profundas são as reflexões escondidas na obra.

O livro contém as peças "O jardim das cerejeiras" e "Tio Vânia". A segunda foi representada no filme "Drive my car", o que me fez procurar a obra. Ambas acontecem em um cenário rural com um enredo simples em um contexto de desentendimentos familiares. Tchékhov trabalhou como médico no interior da Rússia, convivendo com a população de várias classes que inspiraram a criação de seus personagens.

Disfarçando-se debaixo da camada de simplicidade, o autor provoca reflexões sobre resignação diante da injustiça e aparente insignificância da vida. Ao mesmo tempo que ler Tchékhov combate o estigma que ler os russos é uma tarefa muito complexa, o que ainda me intimida são os nomes "difíceis" dos personagens e seus múltiplos apelidos.

Para encerrar, deixo um trecho bastante apropriado para nossa situação atual:

"O ser humano foi dotado de razão e força criativa pra multiplicar o legado da terra em que vive, mas até agora não criou coisa alguma ? só destruiu. Cada dia é menor o número de florestas, há enchentes e secas em toda parte, espécies animais são exterminadas, o clima se torna hostil ao homem, e a terra mais triste, pobre, feia."
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Teles 29/10/2009

Histórias sobre a vida
Adoro a escrita simples de Tchékhov e de como com tão pouco ele consegue nos cativar. Seus contos são cheios de humanidade, seus personagens são calorosos, mesmos os mais tediosos, como o Tio Vânia. As peças são como os contos, trazem essas mesmas características.

"O Jardim das Cerejeiras" é um relato triste - mas não depressivo - sobre se desfazer de um bem que lhe acompanhou durante a vida inteira para, a partir daí, começar uma vida nova.

"Tio Vânia" trata de como a convivência com parentes outrora distantes pode mudar o rumo de um indivíduo. Por ter menos personagens, estes são melhores aproveitados. É a melhor peça entre as duas.

O livro me fez querer conhecer ainda mais a obra de Tchékhov.
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Cleber 18/02/2021

Teatro russo
Duas obras clássicas do teatro russo, com tradução de Millôr Fernandes. Deixo aqui as palavras de Mario Quintana sobre Tchekhov.
"Há enredo e enredo. O enredo puramente anedótico e um outro mais sutil, feito de não sabemos o que, mas que nos prende como uma rede invisível. Nos contos de Tchekhov, às vezes parece que não acontece nada... Aconteceu apenas a vida!"
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Carla Verçoza 23/05/2021

Foi meu primeiro contato com o teatro russo, e gostei.
O jardim das cerejeiras achei um pouco sem graça, mas Tio Vânia me ganhou, muito boa a peça, com bons personagens e ótimos diálogos.
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"Quer dizer, 25 anos arrombando portas abertas. Vinte e cinco anos exauridos entre o nada e a coisa nenhuma. E ao mesmo tempo, que autoestima!, que magnífica opinião de si próprio! Que pretensão! Agora está aposentado e não há um ser vivente que lhe dê a mínima importância: é um absoluto desconhecido. E, no entanto, repare só! Anda por aí com a soberba ôla de um deus de lata."
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"Qualquer pessoa bastante insensível pra queimar tanta beleza num fogão doméstico, capaz de consumir uma coisa que não pode ser substituída, deve ser considerada bárbara, indigna de nosso respeito. O ser humano foi dotado de razão e força criativa pra multiplicar o legado da terra em que vive, mas até agora não criou coisa alguma– só destruiu. Cada dia é menor o número de florestas, há enchentes e secas em toda parte, espécies animais são exterminadas, o clima se torna hostil ao homem, e a terra mais triste, pobre, feia."
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Giuliana 16/04/2020

Você tem que conhecer
Parece chato ler histórias russas, do começo do século passado, é ainda com todos esses nomes russos! Mas nós surpreendemos com a temporalidade dessas histórias! Histórias que falam da vida humana, as vezes de forma até um pouco exagerada ou bizarra, mas se me imagino observando o meu dia a dia, os pensamentos, será que algumas coisa (ou mais até) não parecem loucura! Não parecem desproporcionais, fora de contexto! Nessas histórias se pode observar vários comportamentos e se pode ir além, e se aprofundar na dicotomia da vida e de nossas mentes.
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Hofschneider 26/08/2020

perfeito
nunca tinha lido uma peça russa, achei incrível, tão simples e delicado ao mesmo tempo, duas peças pequenas sobre a vida cotidiana do russo.
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aafantis 17/01/2021

Achei pesado
Preferi Tio Vânia do que o Jardim das Cerejeiras. Ambos descrevem a vida de campo na Rússia, na época em que a peça foi escrita por Tchékhov. Tio Vânia me fez refletir sobre uma porção se coisas na minha vida, a peça traduz muito bem vários aspectos do cotidiano mesmo nos dias de hoje.
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CAsar.Pettine 12/05/2021

Sobre memórias
O jardim das cerejeiras apesar de ser escrito como uma comédia, nos apresenta uma drama sobre memórias. O livro nos traz uma reflexão sobre o peso das coisas na sua vida e de como são construídas as memórias. Um ótimo texto para iniciar a leitura de autores russos. Mesmo sendo um texto teatral a leitura é fluída e tem um bom ritmo.
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Sílvia 31/12/2021

Como limão e tequila
Muito interessante o modo como essas duas peças combinam: uma mostra a vitória do trabalho árduo e outro mostra a sua derrota. No jardim das cerejeiras temos o trabalho sendo recompensado e a preguiça cobrando seu preço. Em tio Vânia, o trabalho de um falso intelectual se choca com o trabalho árduo do capataz da fazenda.
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adri 30/01/2022

Sem dúvida alguma, "O Jardim das Cerejeiras" apresentou-se como uma obra pouco emocionante e, infelizmente, de leitura monótona. Por outro lado, "Tio Vânia" encantou pela sua intensidade dramática, com personagens envoltos por corações partidos e uma disposição pessimista.
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caiohlp 13/08/2022

O jardim mais distante do paraíso
Além da qualidade técnica, a produção conta, acima de tudo, com um caráter humano, rejeitando a idealização e os heróis, descartando o perfeito e extraindo o melhor da frutífera biografia da espécie. É nesse roteiro de símbolos frondosos, de segredos e do drama do dia a dia que o autor marca a vileza, a pequenez de espírito e a alma de todos, sejam eles donos de cerejais, servos ou meros aproveitadores. Os oito atos mostram que a despeito do sustentáculo de gerações encontrar-se podre e gasto, a fortuna de outrora esgotada, o mérito encardido e a honra chafurdada, nós seres egoístas por natureza relutamos em abandonar os vícios e negamos veementemente a cura. É, portanto, uma lição dura e necessária que Tchekhov, nessas duas peças, impõe ao leitor e aos personagens: o corte do mal pela raiz, sem branduras e finais eufóricos, mas com derrocadas reais que despertam nosso interesse particular pela vida reduzida de frivolidades.
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Tiago 22/04/2017

ANA KARÊNINA NO JARDIM DAS CEREJEIRAS

“Eu penso que, se há em cada cabeça um juízo, haverá um tipo de amor para cada coração.”
- Ana Karênina

A estrutura escolhida por Tolstoi coloca em relevo as marcas que caracterizam o romance. Pode-se dizer que as tramas que ocorrem paralelamente possuem um ritmo intermitente bem pronunciado através de capítulos curtos e ágeis. Em um dado momento estamos lendo sobre as dificuldades da vida no campo e, subitamente, somos jogados em meio aos dilemas da sociedade urbana.
O principal tema do romance “Ana Karênina” não me parece ser o adultério, mas a sociedade russa do final do século XIX, polarizada entre os costumes da alta sociedade e os do meio rural. O adultério, tema invocado logo nas primeiras paginas, se insere na trama como uma espécie de reflexo adversativo dos valores referentes à reciprocidade arcaica das relações familiares.
Apesar do titulo a obra possui três protagonistas – cuja importância no contexto se define a partir do ponto de vista do leitor. O fato de Tolstoi ter optado por nomear seu romance com o nome de um dos personagens parece remeter a importância que o autor atribui aos dilemas enfrentados por esse personagem. Diante desta premissa literária, aparentemente, temos a impressão de que a personagem de Ana teria como objetivo fazer coro aos valores cristão na imagem do pecador que sofre por violar os mandamentos superiores.
Encarar as mais de 400 paginas do romance com essa idéia pré concebida certamente resultará numa compreensão pobre: a de que o livro conta a história de uma mulher que comete adultério e que em função disso passa a ser julgada pela sociedade. Tolstoi, como um dos grandes representantes da literatura russa, famosa por sua profundidade psicológica e por personagens construídos em três dimensões – físico, psicológico e religioso – vai muito além da impressão inicial. Em Ana Karênina, Tolstoi se iguala a Shakespeare ao mostrar que a tragédia humana nasce sob o amparo de seus desejos e de suas escolhas motivadas pelos sentidos.
Confesso que durante a leitura não senti empatia pela personagem de Ana. Suas falhas como esposa foram, ate certo ponto, compreensíveis dada à tendência de Aleksei (seu marido) de agir como um ser sobre-humano. O que mais destrói o apego do leitor pela personagem e a sua tendência insuportável de incorporar a imagem da figura trágica. A altiva e impulsiva Ana aos poucos sede espaço para uma mulher chorona, viciada em morfina e que a todo custo busca justificar seu comportamento obsessivo a partir do comportamento alheio.
Diametralmente oposto a Ana está Levin, talvez o mais fascinante personagem da obra. As leis do desenvolvimento estariam presentes nas relações de dependência entre o homem e o meio ambiente? Essa pode parecer uma pergunta bastante atual, no entanto, ela é o núcleo da obra escrita por Levin que ao buscar as relações de dependência entre homem e natureza acabou colocando a sociedade agrária russa do final do século XIX como a questão central do desenvolvimento industrial do século posterior.

Outro gênio da literatura russa que adotou um olhar semelhante sobre a sociedade agrícola de seu país foi Anton Tchékhov. Posso dizer que me encantei pela prosa de Tchékhov. Eu ainda não havia tido o prazer de mergulhar em sua obra até que recentemente li “O jardim das Cerejeiras”, sua ultima e mais famosa peça. Escolhida para ser representada pelo Teatro de Artes de Moscou logo após a noticia da vitoria sobre a Alemanha Nazista, em maio de 1945, a peça consistia num marco simbólico da historia russa. Misteriosamente ela possui um forte componente transicional, uma autêntica introdução artística a mudanças sociais e políticas: foi a ultima peça a ser encenada em São Petersburgo antes da tomada do poder pelos Bolcheviques.
Trata-se de uma peça curta, de quatro atos, que mantém uma linguagem absurdamente cômica até a mudança para um tom mais dramático no final. A história gira em torno de uma família da decadente aristocracia russa cujo drama se constrói a partir da venda da propriedade onde está o outrora produtivo jardim das cerejeiras. Logo no inicio percebemos o uso metafórico do jardim como retrato do passado rural da sociedade russa. A nostalgia desencadeada pela proximidade do leilão retrata o sentimento dominante entre as tradicionais famílias aristocráticas diante das incertezas trazidas pelo século que se descortinava. Retrato de seu tempo o jardim simboliza um passado cujos moldes não se encaixavam dentro da nova realidade.
“O jardim das cerejeiras” marca o fim da carreira de Tchékhov e também o fim de uma longa era da historia russa ligada ao campo. As sombras em meios aos pés de cerejeira contrastam com a beleza contemplativa e ao mesmo tempo condenada ao esquecimento. O lugar que tantas lembranças guardava se encontrava diante daquela forma de morte que acomete os despossuídos de alma: o esquecimento.
Tolstoi e Tchékhov construíram obras de inigualável grandiosidade e cuja mensagem é bastante clara: Quando deixamos para traz o passado algo de belo se perde. A natureza tem seus métodos de deixar sua marca. O jardim, segundo Tchékhov, ou o campo, segundo Tolstoi, é o coração do homem: assolado pelos ventos e inconstante devido às mudanças provocadas pelo tempo. Possui uma beleza enraizada no solo fértil da esperança da primavera. É generoso com aqueles que se dedicam ao seu cultivo. O passado que se oculta as sombras de suas arvores às vezes parece morto como folhas secas e às vezes doce como uma cereja.

AUTOR
TIAGO RODRIGUES CARVALHO

site: http://cafe-musain.blogspot.com.br/2016/07/eu-penso-que-se-ha-em-cada-cabeca-um.html
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Henrique 17/01/2019

Um fantasma de todos os momentos, estendendo-se até a hora da partida.
Corpos que se movem sem certezas concretas. Ou corpos parados em seus passados, ansiando novos rumos. Saber-se velho, saber-se impotente. Um si narcisístico que não consegue ficar sem os outros. Colocar seu problema na multidão alheia.

Essa é a violência do tempo. Ainda assim, é sob sua agressividade que a vida transcorre. Ainda assim, nós vivemos num mundo cujas ações presentes tornam-se horripilantes no futuro. Não sabíamos. Não poderíamos imaginar.

Proximidades que diminuem esse efeito. Os fluxos fluídos da intimidade, que cria uma casta protetora contra o que é pura exterioridade. Alguém encontra refúgio no jardim, outros nos livros, outros no trabalho árduo.

Uma limpeza. Lendo "O jardim das cerejeiras & Tio Vânia" nós pensamos em como todas as coisas diárias são mutáveis e complexas. Como o clichê, "tudo passa", é insistentemente cruel.

Silêncio depois de que todos se foram. O som da solidão e do eco de quem partiu. Um momento de silêncio. O suspiro do jardim, lá fora. Brevidade de pequenos instantes. Nas peças frágeis, sementes de familiaridade e de rompimento.

Um fantasma de todos os momentos, estendendo-se até a hora da partida.
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Andre.Santana 27/02/2022

O Jardim das Cerejeiras
Tchekhov é um escritor universal. A maioria de seus textos é escrita de maneira bem concisa, mas apesar disso esses textos abrem um leque gigante de interpretações. O que mais me chamou a atenção em O Jardim das Cerejeiras foi o embate recorrente do final do século XIX entre o belo (o jardim das Cerejeiras um local lindo apenas para contemplação sem valor econômico algum) e o utilitarismo do personagem e Lopakhine que quer destruir o jardim para criar casas de veraneio e ganhar dinheiro.
Em um texto simples Tchekhov descreve o embate em a aristocracia decadente do final do século e a burguesia que à estava substituindo.
Talvez na próxima releitura eu descubra mais sobre essa pequena obra-prima inesgotável.
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Murilo 20/09/2013

primeiro livro lido do autor - são duas peças teatrais traduzidas pelo mestre Millor Fernandes. Achei as duas peças interessantes - histórias do cotidiano familiar russo no século passado.
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