Natalia.Eiras 16/04/2013Um livro pra refletir o valor de uma vida. - Resenha produzida para o blog Perdidas na BibliotecaAté onde você iria para escapar da morte?
É exatamente isso que este livro aborda. Barnes é um neurocirurgião que sofre de câncer no estômago, já em estado avançado. Apesar de ser um médico brilhante, sua ética é no mínimo questionável.
Procurando uma alternativa para escapar da morte, ele arquiteta um plano dos mais ousados: transferir suas memórias; sua vida e seus conhecimentos para outro corpo.
Mas como fazer isso? Eu explico.
Seu cérebro emite ondas cerebrais, assim como a voz humana (que emite ondas sonoras) consegue ser transcodificada em uma sequência binária que possibilita que você fale pelo telefone, Skype e tantas outras plataformas de telecomunicações. As suas ondas cerebrais poderiam ser transcodificadas nessa mesma sequência binária (linguagem de computadores) e assim, ser armazenada, transportada, feito o download ou upload de todas as informações contidas no seu cérebro.
Imagine, por exemplo, ter todas as suas memórias; todo o seu conhecimento, em um simples pen drive!
É exatamente essa a teoria do Dr. Barnes. E ele pretende transformar essa teoria em prática.
O livro é bem fino e a história é bem interessante. Como sou formada em Telecomunicações, me identifiquei logo com a história, com todos esses negócios de transferir informações para outro cérebro usando computadores para isso.
Achei interessante o fato do Dr. Barnes ser um brilhante neurocirurgião negro. Convenhamos! A grande maioria dos personagens nos livros são brancos, e quando o personagem principal é negro, ele é normalmente pobre.
Quantos livros vocês já leram onde o personagem principal era negro e rico?
Inclusive, eu encontrei um infográfico na internet que demonstra exatamente isso.
(Para ver o infográfico, acesse www.perdidasnabiblioteca.blogspot.com.br)
Vocês notaram bem? 7,9% dos personagens são negros, ou seja, ter um livro onde o personagem principal faz parte da minoria já ganha a minha simpatia por sair da mesmice.
Um ponto que algumas pessoas podem considerar positivo e outras negativo é que o personagem passa grande parte do livro filosofando sobre a ética da profissão médica e sobre a vida. Ele cita milhares de referências da literatura, religiosos e pensadores das mais diversas áreas (cientistas, filósofos; psicólogos), levantando a discussão sobre até que ponto existe o certo e o errado.
Ex: Torturar um terrorista é certo ou errado? Se a tortura dele vai possibilitar salvar milhares de vidas, é certo? Mas ele é um ser humano, logo, não deveria ser considerado errado?
Lendo este livro eu me lembrei imediatamente de um clássico da literatura: Frankestein.
Pra quem gosta de uma literatura que traga mais do que uma história, o livro vai agradar em cheio. Mas, pra quem gosta mesmo de saber o que vem em seguida, que não gosta de enrolação, os debates filosóficos do Dr. Barnes podem tornar a história bem monótona.
Outra coisa que gostei do livro é que ele instiga o leitor logo no primeiro capítulo, pois ele utiliza o recurso de começar a contar a história pelo meio. Na verdade, você no início acha que ele esta começando pelo final, mas depois percebe que ainda tem muita história pra contar....
Eu recomendo a leitura pra quem gosta de livros que fazem a gente pensar, e não somente se distrair com a leitura. Se você se encaixa neste grupo... este livro foi feito pra você!