O Coruja

O Coruja Aluísio Azevedo




Resenhas - O Coruja


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Exusiaco 26/05/2014

O livro trata de uma estranha simbiose entre os dois protagonistas antípodas entre si. André e Teobaldo, amigos desde a infância, são dois polos extremos e singulares de personalidade e de forma, mas que permanecem unidos na linearidade da narrativa.
André, vulgo coruja, é um ser disforme, espécie de quasímodo que não interage socialmente e que só pratica a bondade a qualquer um que atravesse seu caminho. É um monstro de bondade, avesso aos prazeres mundanos, metódico e trabalhador, satisfeito com o trabalho pelo trabalho, dedica-se laboriosamente ao projeto de escrever a história do Brasil, vive entre pesquisas austeras e ao trabalho de professor, seu ganha pão. É vilipendiado por todos no decorrer da obra.
Teobaldo é o oposto, de hábitos nobres, bonito, ambicioso, vive para alimentar sua vaidade e é dado aos prazeres e orgias no Rio de Janeiro do século XIX. Atrai as mulheres que trombam seu caminho, mas não retribui a ninguém o amor que lhe é dirigido. Vive para agradar a todos com seus pseudos conhecimentos científicos e literários, suficientes para dar-lhe cartaz social, e fomentar pretensões políticas, no que chega a galgar algumas cadeiras. Dizendo-se interessado pelo povo e pela pátria, conquista a confiança do povo, mas seu interesse verdadeiro é alimentar seu ego.
Escrito em 1890, um anos após a proclamação da república,os personagens personificam e refletem a monarquia (Teobaldo) e a república (André). Pendendo para esta última, Aluisio de Azevedo se mira no naturalismo se respaldando, de certa forma, no positivismo e no determinismo. O clero não é poupado de fortes críticas sendo sintetizado na figura do padre que acolheu André no inicio de sua orfandade.
Aluisio de azevedo ainda pinça a evolução de alguns personagens femininos dramaticamente, suas ilusões primaveris de quando jovens e bonitas, a decadência e o inverno de corpo e alma de cada qual, tendo teobaldo como epicentro.
Os protagonistas, com sua personalidades díspares, cada qual com seu jeito singular, desembocam na solidão absoluta. André com sua solidão misantrópica propriamente dita, não convivia socialmente com ninguém, era repugnante aos olhos de todos pela sua feiúra e, curiosamente, pela sua bondade. Teobaldo de grande malícia para o jogo social, desfilava com jactância pelas esferas sociais com seu complexo de superioridade. Tinha grande popularidade, mas, dada a superficialidade e a mentira que erigia para si e para todos, era no fundo um genuíno solitário com irônicas nuances de sociabilidade.
Os dois percorrem suas histórias por diferentes caminhos de caráter e personalidade, mas com a mesma pavimentação solitária de suas trágicas existências.
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Prosasuzana 24/05/2013

Gosto muito de literatura brasileira, principalmente a antiga. E livros assim sempre acabam "me intrigando". Esse foi um dos livros que ganhei na escola, sim. E na primeira vez que tentei ler ele, acabei abandonando, por não entender nada. Uns dois anos depois voltei a lê-lo e, ainda que eu tenha compreendido do que se trata a obra, confesso que poucas foram as vezes que me senti satisfeita por estar lendo o livro. Tanto que acabei lendo outros livros enquanto lia ele e acabei terminando essa leitura só em três meses!

O livro conta a história de Teobaldo e seu amigo André, apelidado como Coruja. André é um garoto muito tímido e inseguro, o que o fazia isolado na infância. Por outro lado, Teobaldo era orgulhoso e extravagante, e isso também o deixava solitário. Eles se identificam e a partir dessa solidão surge a amizade dos dois extremos que é levada para o resto da vida.

Li muitas resenhas (positivas) depois que terminei o livro, mas não consegui gostar dele. Fiquei com muita raiva da bondade do Coruja e da "sem-vergonhice" de Teobaldo! Além disso, também achei algumas cenas forçadas. O que me parecia um romance, se tornou uma novela da vida dos dois, pois o livro começa no nascimento do Coruja e vai até a morte, com um final nem um pouco convincente. Tão superficial e trágica era a vida dos dois, que deixou a minha leitura cansativa e me tirou todo o interesse.

Claro que houveram momentos que me interessei, mas foram pouquíssimas vezes, identifiquei que Teobaldo era maravilhoso por fora e nada tinha por dentro, enquanto André também era o contrário disto, mas esse exagero não trazia virtudes para vida de nenhum deles, pois acredito que é necessário ter um equilíbrio, moderação. O livro tem fragmentos do século XIX e muitas críticas à respeito de costumes da época.

Li o livro até o fim por curiosidade. E o fim realmente me deixou perplexa. Dito já no começo do livro que a obra foi a de menor qualidade escrita por Aluísio, me pergunto como a escola pode presentear os alunos com uma literatura tão tediosa. Não quero desmerecer os clássicos e muito menos as leituras exigidas, grande maioria me trazem informações e conhecimento. Porém O coruja não é um desses, e fico triste só de pensar que algum aluno (sem interesse por literatura) resolvesse tentar começar a ler com um livro desses, seria, na minha opinião, um desinteresse fatal.
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Mary D. 16/02/2013

Um ótimo livro, que em seu enredo e na relação dos personagens André e Teobaldo retrata a sociedade do século XIX, seus costumes, cultura e o ambiente. Uma boa fonte histórica para conhecer a sociedade do autor.
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Audrey. 20/01/2013

O que é que eu posso dizer sobre esse livro?? Eu simplesmente amo-o. Sempre tenho vontade de lê-lo e relê-lo, várias e várias vezes.

Para você que quer saber se o livro é bom, digo-lhe que é ótimo! Nele você lida com sentimentos distintos e duas personalidades opostas que, graças a esta oposição, se tornaram grandes amigas. André e Teobaldo vivem a vida um tanto quanto singular... um é asco, feio e tímido perante as pessoas, o outro, lindo, apaixonante e carismático.
Não é daquelas histórias em que o final é sempre feliz. O autor engloba a vida como ela é, as diferenças, o preconceito, o altruísmo e como a consciencia humana tanto pode ser cruel aos outros quanto a si mesmo.
Recomendo.
Marco 15/07/2016minha estante
Gostei muito de sua análise. Você escreve muito bem.




Ana 23/08/2012

Um dos melhores de Aluísio
Sinceramente, não entendo por que os críticos insistem em julgar O Coruja como um dos livros da mais baixa qualidade dentre os escritos por Aluísio. Pois eu, desde a primeira página, encantei-me pela obra.

Pode ser que os personagens não convençam em seus defeitos e virtudes assim como a escrita pode ser descrita como superficial em certos pontos. Mas, por vezes, apenas o escritor sabe quando o enredo pede por um aprofundamento maior e quando ele pede apenas pra que os dedos do autor desenhem um curso superficial, dando o ponto de partida pra que o leitor crie um vínculo maior com a história, desvendando assim os seus segredos.

Por que André não é apenas o feio que é extremamente bom assim como Teobaldo não é simplesmente o bonito que é egoísta e inconsequente. Se pensarmos bem, André sente-se grato por tudo o que Teobaldo lhe fez; antes do rapaz, André era fadado a mais completa solidão. Mesmo tendo defendido Teobaldo em uma briga que não era sua, André não deu qualquer abertura pra que o outro se aproximasse, mas mesmo assim Teobaldo se aproximou.

Apesar de ser lindo, mimado e muito estimado por todos, Teobaldo não desprezou o Coruja, que era o garoto mais impopular do colégio. Antes, sentiu-se grato pelo ato do rapaz, submetendo-se a um castigo junto a ele por acreditar que assim estaria sendo justo.

Em suma, aquele que deu início a amizade foi Teobaldo, o rapaz tido como superficial e sem qualquer tipo de inclinação a atos altruístas. De certa forma, ele salvou o Coruja. Deu-lhe amor quando ninguém mais deu. Trouxe-o até sua casa quando ninguém mais o queria. Aturou sua casmurrice por gostar daquela figura feia e calada.

André, por sua vez, defendeu Teobaldo apenas por que considerou tal atitude a mais correta no momento. Por que seu jeito calado e acabrunhado era abalado somente quando situações covardes se desenrolavam diante de seus olhos; daí percebe-se que André, o Coruja, tem um bom coração. Graças a esse seu rompante, ele ganha a amizade de Teobaldo. Seu primeiro amigo... e seria o único por um longo tempo.

Em todas as situações nas quais André foi bom pra Teobaldo, ele nada mais fazia do que cuidar de seu único amigo tal como se este fosse algum artefato inestimável. Assim, ele se sacrificava e se dedicava em nome da amizade sempre que acreditava ser preciso, revelando assim que era a criatura mais altruísta da face da Terra.

Será? Pra mim, tais atitudes eram justamente da forma como coloquei: apenas o Coruja cuidando de seu único amigo que, sem que houvessem motivos, sempre o trouxera por perto, ajudando-o mesmo que à sua maneira mimada e burguesa de quem sempre teve o que precisava sem ter que lutar por isso. Até mesmo o fato de André lecionar por vezes de graça, por vezes comprando o material dos alunos, pode ser explicado sem recorrer a pura e simples bondade: com sua natural casmurrice, mas com seu gosto por lecionar, ele sempre acabava por optar pelo caminho mais curto. Se ele pudesse ensinar sem ter que negociar e renegociar, ouvindo inúmeras desculpas quanto ao dinheiro inexistente e aos pedidos de piedade, assim o faria, por mais que isso lhe custasse.

Se eu fosse destrinchar a obra, certamente que acabaria por desencadear uma intensa discussão sobre a mesma, mas acredito que apenas esses pontos sejam suficientes pra que a minha opinião fique bem clara: não devemos observar a trama de uma forma tão superficial. Aluísio pode sim ter escrito uma obra aparentemente simples, mas, sob outro olhar que não seja àquele limitado que espera frases prontas e ideias formadas, existe aí uma riqueza maior do que se pode imaginar.

Dê uma chance ao Coruja. Se você leu e participou da opinião dessas pessoas que acreditam na superficialidade da obra, leia novamente, mas com um olhar mais analítico dessa vez. Deixe que a escrita de Aluísio faça parte de você por um momento. Pois só assim você poderá entender sobre todas as palavras usadas por mim nessa singela resenha.
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Mariana 03/08/2010

O livro retrata, de uma forma simples e cheia de vida, a relação das pessoas com as questões sociais do século XIX. Suas obrigações diante de uma sociedade que condena.
Com a amizade das personagens principais, Teobaldo e André (o Coruja), o livro trás a tona verdades do modo de vida da maioria da população brasileira na época.
As questões de casamento, financeiras, paternais, políticas, de caráter dos homens diante da bondade e maldade, são postas por trás de uma estória que, digamos de passagem, não te surpreende mas te convence.
O livro é dividido em três partes, como a base da vida das pessoas (a infância, a mocidade, e a velhice)
A primeira é composta pela infância dos meninos. Como eles se conheceram e se tornaram inseparáveis. O começo de uma amizade que por um lado, servia a Teobaldo como um fim a sua solidão, por outro a exagerada dedicação como gratidão a "solidariedade" do amigo, por lhe dar a honra de sua amizade, vinda do Coruja.
A segunda parte mostra os meninos já crescidos em busca de subsistência, mulheres, vida social.
Na terceira já os meninos com melancolia. Pensando nos erros do passado, no que poderia ter sido diferente, e um como oposto do outro. Um se pergunta o porque de ser tão dedicado aos outros e não a ele mesmo, e outro o porque do individualismo e nunca ter olhado para os que estão ao seu redor e que um dia o amaram.

Se pararmos para pensar no fato da amizade, que está por trás, acredito eu, de toda a essência da estória, que é o que explica toda ela, podemos enxergar o quanto é agradável e convicta. Se bem analisado, o livro se torna ouro na mão do leiotr pelo fato de nele conter vários registros, tanto históricos como pessoais. Quanto à época, a corte, e os deveres sociais de um lado, e do outro a análise do caráter das personagens, com seus individualismos ou solidarismos, suas vaidades ou seus relaxos.

Teobaldo e André, um o oposto do outro, porém um completou a vida do outro.
"É pelas diferenças que nos tornamos iguais!"
Frase que define, em geral, o que intrpretei do livro.

Um trecho no final do livro que descreve bem essas diferençs dos dois:
"Mas, se àquele era impossível cometer uma ação má, a este não seria mais fácil praticar um rasgo de abnegação e de heroísmo.
Os extremos encontram-se de novo; as duas criaturas, que o isolamento unira no colégio, fugiam agora dos homens, homens tão caprichosos, tão ruins e tão pequenos como os seus condicípulos de outrora."
Página 330.


Boooom!
Albuquerque 03/08/2010minha estante
Estava procurando um livro que descrevesse a vida no século XIX e parece que voce acabou encontrando! Comprei um do Gilberto Freyre, o "Vida social no Brasil nos meados do século XIX", mas não encontrei bem o que queria... Diga-se de passagem, o livro está muito bem "resenhado"!




Gláucia 02/04/2010

Triste
Há uma certa semelhança com o Corcunda de Notre Dame: André, extremamente feio é um solitário mas acaba por conquistar a amizade de Teobaldo. Porém, a medida que a narrativa se desenrola podemos observar a exploração do primeiro pelo segundo. Mas André(o Coruja), em sua admiração cega pelo amigo não percebe, e procura sempre justificativas para suas vis atitudes para com ele, até sua derradeira traição.
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Guilherme 08/01/2010

Caminhos tortuosos
Depois das enfadonhas aulas de literatura no ensino médio, nada mais li sobre ou de Aluísio Azevedo. Eis que me deparo com O Coruja e de cara o título me cativou... Quis logo saber quem era esse Coruja! Vi nele um pouco do Quasímodo de Victor Hugo, personagem benevolente que percebe seu papel secundário e se sujeita a viver de acordo com sua honesta função. O azar dele constitui-se também na sorte de sua vida: tornar-se amigo de Teobaldo. Ano após ano, os dois vivem, cada qual à sua maneira, desejando ter tudo aquilo que o outro possui. Por fim, penso que os dois tinham em si mesmos tudo o que buscavam no outro, mas sacrificaram a capacidade de entenderem sua própria existência nos permeios e obrigações de uma sociedade em que a falsidade e as aparências constituam maior riqueza que os valores.

Perfeita a abordagem, devorei o livro em duas semanas!
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cleitonlima 11/06/2009

A Melhor História de Aluísio Azevedo
Eu sou um grande fã da obra desse escritor, já li as principais como O Cortiço, O Mulato e Casa de Pensão.

Apesar de O Cortiço ser a obra mais completa do autor, O Coruja tem, disparadamente, a melhor história. O livro conta os passos de André desde a infância até a velhice.
Magnifico.
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