Arca Literária 15/02/2014
Montessales
O livro se passa ao redor de um espírito de um poderoso bruxo, Antony, atormentado pela morte de sua amada. O maior objetivo dele é fazer com que sua amada reencarne e, para isso, ele mexe com toda a árvore genealógica da família dessa amada, provocando, por gerações e gerações, através de possessões nos corpos dos homens da família Montessales, estupros incestuosos.
A história do livro acontece durante a idade média, na época da Inquisição e perseguição à bruxas, e abusa disso durante todo o desenrolar das histórias, com muitas fogueiras, torturas, prisões e sentenças injustas. O livro narra sobre como Antony possuía os homens da família Montessales, fazendo-os estuprar as próprias irmãs para que dessem à luz a filhos de sangue puro, voltando anos depois, logo quando as meninas menstruavam pela primeira vez, para repetir a mesma história outra vez.
O livro parece mais um livro de contos que uma história só, mas todos interligados pelo mesmo tipo de roteiro: Antony, possessão, estupro e incesto. É uma história interessante, uma visão que eu, particularmente, pouco vira, mas torna-se um pouco cansativo, com toda essa repetição. Para mim, o livro começa bem, contando como surgiu Antony, mas logo depois, ao começar a falar dos incestos, acaba se tornando repetitivo e sem graça.
Depois, já perto do final, quando o dom para a magia que as meninas começam a desenvolver (pela pureza da linhagem ficar cada vez mais forte), o livro volta a ficar instigante de novo, terminando com um último conto muito interessante.
Ainda depois, no prólogo, a autora principal, Susy Ramone (ao que entendi, ela criou a história principal e autores amigos escreveram alguns dos contos sobre alguma linhagem específica), conta sobre o antes, sobre como começou a história da família Montessales antes mesmo de Antony nascer. Juntamente com o último conto, que deixou um suspense forte em relação à continuação do livro, fez o livro todo valer a pena.
No começo do livro também há um fluxograma explicando a árvore genealógica da família Montessales, que, para mim, ao menos, não ajudou em nada. Talvez até seja pela quantidade de incestos que aconteceram na família, mas acredito mesmo que o fluxograma poderia ser mais bem elaborado.
A linguagem do livro, apesar de ser escrito em prosa, parece mesmo poesia. Os termos poéticos, norma culta (até mesmo por conta da época que se passa) respeitada e certa melancolia e dramaticidade frequente nas palavras trazem uma atmosfera mais poética que protista.
Talvez a única coisa que tenha me desagradado no livro foi o formato em que foi escrito, mas acho que é um livro que, apesar de não ser excelente, vale a leitura. Eu, ao menos, lerei o segundo volume.
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Resenha desenvolvida por Carlos Gomes, resenhista do Arca Literaria
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