Chiara 17/06/2024
4 pernas, bom! 2, ruim!
4 pernas, bom! 2, melhor!
No final da história, os animais finalmente percebem que seu verdadeiro inimigo é a corrupção do poder político. Ao derrotar o fazendeiro humano, seu dono, eles não derrotaram a realidade do poder político, seu aspecto despótico e opressor. Trocaram apenas um grupo de mandatários por outro idêntico.
Essa ideia é incorporada pelos diferentes personagens que exercem poder em momentos diferentes da novela. A princípio, a corrupção do poder político está incorporada no cruel e preguiçoso Jones (o dono da fazenda, que representa a nobreza parasita).
Quando Jones é derrotado, os novos governantes da fazenda, os porcos, gradualmente passam a incorporar a realidade do poder político. Agora são os porcos que se opõem aos animais, exatamente da mesma maneira que Jones, explorando e oprimindo-os.
Desde o início da novela, a derrota dos animais pelo poder incorporado nos porcos é fortemente prenunciada. Grande parte do drama de A Revolução dos Bichos deriva da questão de saber se e quando os animais reconhecerão que seu verdadeiro antagonista não são os humanos ou os porcos, mas o poder em si.
O clímax acontece na cena final da narrativa, quando os animais veem que os porcos e os seres humanos são exatamente iguais, pois são igualmente corrompidos pelo poder político. Não se trata, portanto, de uma questão de ideologia.
Orwell conclui que a atitude das classes dominantes e seus esforços pela manutenção do poder e de seus privilégios em detrimento das classes mais baixas é a mesma, seja num regime comunista, seja num regime capitalista. O que conta não é a doutrina econômica ou política, mas sim a tendência humana de explorar sua própria espécie.
Com efeito, conforme Thomas Hobbes colocou no seu Leviatã, citando o dramaturgo romano Plauto:
?O Homem é o lobo do homem?.