Jean-Christophe - Vol. 2

Jean-Christophe - Vol. 2 Romain Rolland
Romain Rolland
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Resenhas - Jean-Christophe - Volume II


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Aline Serenato 25/01/2020

O segundo volume (A revolta, A feira na praça, Antoinette) concentra-se inegavelmente na música. Christophe então é um jovem decidido a fazer suas próprias composições e em vão adquirir espaço no meio musical. Sofrendo pelo conservadorismo esmagador de sua cidade, pela perda de amigos e familiares e pela ânsia de viver, Christophe deixa sua terra natal e parte em direção a França.
Enquanto Hemingway na Paris dos anos 20 deixava, muitas vezes, de almoçar para ter dinheiro para beber, em um universo paralelo Christophe se privava da alimentação para poder assistir a concertos, já que nesse momento nos deparamos com um jovem sedento por música. Inegavelmente uma das partes mais interessantes da obra, A feira na praça lança uma enxurrada de críticas fervorosas e ácidas às artes plásticas francesas. Talvez o encontro com uma atriz francesa e a influência dos livros tenham criado em Christhophe a perspectiva de encontrar uma França artisticamente progressista e talvez por isso chocou-se ao se deparar com a Paris voluptuosa cujo meio intelectual estava saturado; de músicos preocupados apenas com a forma e obsecados com o novo, quase como uma arte experimental, de críticos indecisos cheios de opiniões insossas e de um público entediado. “O engraçado é que o público esforçava-se, por sua vez, a ler nos olhos da crítica o que era preciso pensar das obras. Assim os dois se olhavam, e não viam nos olhos um do outro senão a sua própria indecisão”.
Naturalmente o personagem passa por situações relativamente cômicas por ser exagerado e até ingênuo perante as outras pessoas mas de forma alguma anula o romantismo deste Beethoven quixotesco.
Livro de pouquíssimos diálogos, a narrativa é um percurso pela mente e sentimentos dos personagens, em que nenhum ator é inteiramente definido por uma única característica, Rolland não mascara a verdade do expectador.
O leitor pode ter a sensação que nada acontece de fato e isso se dá pelo fato de às vezes páginas e páginas decorrerem apenas dentro do ser. E daí o autor infere reflexões sobre os Homens, não pátrias e povos, mas facetas do ser humano. Com pouca descrição de paisagens e muita sobre as pessoas, Rolland é o mestre dos adjetivos. Ao longo de mais de mil páginas o autor não coloca Christophe como um herói imutável e perfeito cujas resoluções são apuradas e precisas, pelo contrário, o autor não poupa sua própria criação de uma leve zombaria.
As belíssimas páginas de Jean Christophe transcorrem como o passar das horas numa tarde de outono; o sol desaparece gradualmente e quando se nota já é noite. Quando se nota, Christophe cresceu.
(2/3)
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