spoiler visualizarThais645 31/01/2024
Frankenstein e sua criatura
"Ia derramar uma torrente de luz sobre o nosso mundo cheio de trevas, uma nova raça abençoar-me-iam por tê-la criado. Seres bons e felizes dever-me-iam a vida"
Um livro com muitas camadas, que precisa ser lido aos poucos para que o enredo impressionante não seja ignorado por causa da linguagem rebuscada daquela época (1816). Foi meu primeiro contato com a escrita de Mary Shelley e gostei bastante de como ela trabalhou a Ciência e as relações humanas através da complexidade do projeto de Frankenstein (que não é o nome da criatura, mas sim do criador, informação que passa despercebida por aí!).
É uma história lenta, apesar de narrada como se fosse uma conversa, o que achei muito interessante. Eu até me esquecia disso durante a leitura; no começo e no final do livro que esse diálogo por cartas fica mais evidente.
"O homem seria de facto simultaneamente tão poderoso e tão virtuoso e, mesmo assim, tão cruel e tão desprezível?"
A versão que li é dividida em 3 livros dentro de um, com a angústia do protagonista se intensificando sempre mais. As preocupações de Frankenstein são muito realistas, mergulhamos em cenas carregadas de medo e tristeza por causa da sua invenção. Dar vida a uma criatura a partir de partes de um corpo morto não traria boas consequências, claro.
"Tu és o meu criador, mas eu sou o teu senhor. Obedece!"
Fiquei chocada com algumas situações e o desfecho não foi como eu esperava. Achei que o final poderia ter sido melhor explorado, porém foi interessante ver os caminhos que a autora escolheu para finalizar sua história escrita aos 18 anos (incrível!).
É um livro muito grande, pelo menos essa edição que li, mas vale a pena conhecer esse clássico da literatura mundial. Uma história de arrepiar e fazer refletir sobre como "grandes ideias podem ser perigosas". O livro nos lembra como a vida pode ser simples, o ser humano que complica tudo com egoísmo e vaidade. A Ciência pode ser uma aliada, mas também uma arma nas mãos erradas. E a morte é inevitável, nos basta aprendermos a viver.
"Procurai a felicidade na tranquilidade e evitai a ambição, mesmo se ela for apenas o desejo inocente de se distinguir na Ciência".