Lina DC 28/11/2015"Seraphina" é o primeiro livro da série de Rachel Hartman que trata do incrível universo dos dragões. Narrado em primeira pessoa pela protagonista que dá nome a série, o leitor é levado à Goredd e acompanha a jovem que está envolta em mistérios.
Desde os primeiros capítulos observamos que Seraphina é especial. Ela narra memórias de seu próprio batizado, algo que seria impossível de acontecer e sua estreita ligação com a música e a forma como ela a envolve. Conforme vai crescendo, seu comportamento diferenciado preocupa cada vez mais seu pai, que a mantêm em casa pelo máximo de anos possíveis.
Sua companhia é Orma, que a ensina música e que é um dragão. Isso mesmo! Orma é um dragão, só que usa sua forma humana para transitar no reino. Um tratado de paz de mais de 40 anos tornou a convivência pacífica entre humanos e dragões. Mesmo assim, existe uma grande parcela da população que não aceita essa paz e até mesmo um grupo específico, os Filhos de São Ogdo, que incitam a violência contra os dragões. Essa paz é tensa, e inúmeros pequenos conflitos ocorrem no reino. Porém, os dois grupos concordam com algo: dragões e humanos não podem se envolver e o resultado seria o surgimento de abominações.
Os anos se passam e Seraphina é uma adolescente com dons: ela possui episódios terríveis de dores de cabeça e em sua mente avista criaturas diferentes. Para controlar suas dores, ela cria um jardim mental e passeia diariamente nele, verificando seus habitantes.
Seraphina aprendeu a se tornar invisível. Nunca se destaca em nada ou chama a atenção. Porém, quando ela se torna aprendiz de Viridius no castelo, sua vida se transforma. Sua música chama a atenção, mas o que a destaca mais do que tudo é o entendimento dos costumes dos dragões, despertando a atenção do príncipe Kiggs.
Kiggs é um personagem adorável. Ele é um daqueles raros personagens realmente puros, movidos pela honra e com uma sagacidade incrível.
Os dois começam a conversar e desenvolver um laço de amizade, que com o tempo pode se tornar algo mais. Isso se Kiggs não estivesse comprometido com a princesa Glisselda.
A renovação do tratado de paz se aproxima e o reino está se preparando para receber o Adgamar Commonot, o líder dos dragões. Só que o príncipe Rufus é decapitado, uma morte no estilo dos Dragões. Será que os dragões o mataram ou um complô está sendo formado?
É impossível discutir a obra sem se sentir tentado a dar detalhes. A trama é muito bem desenvolvida e os personagens são carismáticos ao extremo, até mesmo os vilões.
O mundo criado nessa série é sem dúvida um dos mais espetaculares que tive a oportunidade de conhecer. A autora deixou bem claro as diferenças culturais entre os povos, seus costumes e sua forma de viver.
Seraphina por si só é um personagem que tem a capacidade de encantar. Mesmo se não houvesse tanta riqueza na história do reino e dos povos, apenas sua complexidade é o suficiente para deixar o leitor apaixonado.
A grandiosidade dos dragões é descrita de forma vívida. Seus voos, sua lógica e até mesmo seus rompantes parecem saltar das páginas.
Kiggs e Glisselda são um exemplo de monarquia. Apesar da pouca idade de ambos, eles entendem a complexidade do poder e exalam confiança. São personagens fortes e inteligentes o bastante para saber quando utilizar o carisma político. Porém, a portas fechadas, demonstram a vulnerabilidade do ser humano.
Um livro inesquecível, com personagens que estarão nos corações dos leitores por um longo tempo.
Em relação à diagramação, revisão e layout foi realizado um ótimo trabalho.