Davi.Paiva 21/11/2021
Clichezão, mas diverte
Conheço o trabalho do Sidney Sheldon tanto por convívio com amigos e uma vizinha que lê os trabalhos dele como também por ter crescido nos anos 90, época em que era fácil encontrar obras dele espalhadas em lojas sebo (que era o que eu podia frequentar na época). No entanto, só li dois livros dele contando com este. E da mesma forma que "O Juízo Final", este também me foi indicado.
Lembro de já ter lido em um blog de escrita que Sidney Sheldon era um autor bem clichê. E não tiro razão: mesmo tendo lido apenas duas obras, deu para perceber que ele usa estereótipos tão comuns que devem ser os livros de cabeceira dos roteiristas de filmes dos EUA.
Se em "O Juízo Final" temos um militar agente secreto envolvido em uma trama de caçador e caça (só quem leu vai entender porque coloquei os elementos nesta ordem) ao mesmo tempo que flerta com mulheres sensuais, aqui temos o típico militar latino-americano que comanda um país através de uma ditadura e é mau porque é mau no melhor estilo "Os Mercenários" ou "O Esquadrão Suicida". Clichezão.
E outra fórmula que ele repete é a do sósia: nesta obra, o tal ditador precisa fazer uma cirurgia e para não ser descoberto que ele estará em uma situação vulnerável, coloca um ator norteamericano que é a cara dele. No entanto, como não tiveram muito tempo para combinar as coisas, o tal ator vai descobrindo aos poucos tudo de ruim que o chefe de Estado faz e vai desfazendo porque acha que é o certo ou que é realmente o que o ditador faria.
Por mais que o livro seja infantojuvenil e a Ática (editora que imprimiu o exemplar que eu li) tenha colocado ilustrações internas e impresso com uma fonte grande, serifada e com ótimo espaçamento, considero o livro nem um pouco indicado a tal público. A menção de que o ditador abusa sexualmente de mulheres em seu país, os trechos em que as amantes tentam seduzir o sósia e os planos de tortura com o protagonista tiram toda a possibilidade deste livro poder ser indicado a um público com menos de 16 anos, em minha humilde opinião.
E ao mesmo tempo que o livro soa pesado para os jovens, ele também sofre a possibilidade de soar bobo para o público mais velho: o protagonista descobre o que o ditador faz de ruim e corrige com uma declaração escrita em poucos minutos. E qualquer atentado contra sua vida é resolvido de forma inocente (sem ele ter noção que a sua vida estava em perigo) ou de forma exageradamente milagrosa.
Ainda assim, não achei a leitura ruim. Foi tão curto que li em apenas um dia e me senti apenas apreciando uma história boba, porém divertida, tal qual algum crítico renomado de cinema ao assistir algum filme da franquia "Velozes & Furiosos" na TV aberta em uma tarde de domingo.
A literatura também é um instrumento de entretenimento. E a meu ver, Sidney Sheldon fazia isso muito bem e com uma boa técnica (embora exagerasse nos cliffhangers).
Recomendo!