Bruno Cardoso 29/12/2015
Nos defenderíamos no ato, caso qualquer pessoa nos dissesse que julgamos um livro bom, só por causa do autor. Mas a verdade é que, apesar de ser brilhante em alguns títulos (Conte-me Seus Sonhos, por exemplo) Sidney Sheldon é bem fraco em outros. O Ditador é um claro exemplo de livro que não teria vendido metade do que vendeu, se tivesse sido escrito por alguém sem um nome famoso. Arrisco dizer até, que talvez nem fosse comprado por alguma editora.
O Ditador conta a história de Eddie Davis. Um ator bem ruim e frustrado por não ter dinheiro para sustentar sua família. Em um ato de desespero, aceita sair em viagem atuando em um papel secundário numa peça. O primeiro país de turnê, chama-se Amador. Um local fictício criado pelo autor. Chegando lá, é convocado para se passar pelo ditador local, já que ele que precisa passar por uma cirurgia sem que o povo note que está ausente e Eddie é praticamente idêntico ao cara.
O ditador Rámon Bolívar, é impiedoso e cruel com os habitantes de Amador e isso fica claro logo no início do livro. Exceto para Eddie, que de tão burro não consegue enxergar as coisas que estão acontecendo ao seu redor. E devido a essa crueldade, um grupo de rebeldes liderado por Juan, cria planos para assassinar o ditador. No meio desse novelo de lã, quem acaba correndo perigo é Eddie. No decorrer do livro, [spoiler] Eddie consegue escapar (por pura sorte, em todos os casos) de SETE tentativas de assassinato. [fim do spoiler]. No geral, acabamos ficando frustrados várias vezes durante a história, devido a pequenas incoerências que seriam facilmente corrigidas com um olhar mais apurado do autor.
"Ah, mas pode não ser um livro para adultos." Alguém poderia dizer, já que eu mesmo cheguei a pensar. Em histórias voltadas para as crianças, a coerência nem sempre é o ponto alto da história. É mais fácil que quem não tenha uma leitura tão crítica, aceite muito mais coisas que qualquer outra pessoa. Mas, esse questionamento me levou a ler história com ainda mais calma, a fim de poder escrever uma crítica contundente. Logo pude perceber elementos que seriam considerados pesados demais para fazer parte de uma leitura infantil. Formas de torturas e cenas um tanto cruéis. E com isso, descarto a possibilidade de que seja uma narrativa voltada para crianças.
Além dessas pequenas coisas em que você lê e fica "ué? é isso mesmo?", o livro também é bastante fraco na descrição dos personagens. Deixando para o leitor o trabalho de imaginar a grande maioria por conta própria e auxílio de alguns desenhos (dependendo da sua edição). A história também é bastante repetitiva. Um fato que ocorre no início do livro vai voltar a acontecer várias vezes, porém apenas com a mudança do contexto. Se fosse um livro um pouquinho maior, provavelmente veríamos um número maior de abandonos na aba do Skoob.
O encerramento foi uma das coisas que me fez sentir que no final das contas, iniciar a leitura não havia sido uma total perda de tempo. Depois de passar da metade do livro, nada mais parecia ser novo ou surpreendente. E eu estava parcialmente errado. De fato, o fim é como nós, leitores, esperamos que seja, porém, a forma como acontece que é o tcham da história. A última frase te deixa com um sorrisinho no rosto e a sensação de que, até que foi uma leitura gostosa.
site: http://caixasdsapato.blogspot.com.br/2015/12/resenha-o-ditador-sidney-sheldon.html