Marcos Faria 18/04/2012
Enquanto pulava entre quadrinhos bons e ruins, encarei A sociedade em rede (São Paulo: Paz e Terra, 2008), primeiro volume do megaestudo de Manuel Castells sobre A Era da Informação. Foi um livro que me lembrou a definição de Estatística como a arte de torturar os números até que eles digam o que você quer. Porque é isso que Castells faz boa parte do tempo. Quando os dados não confirmam a sua tese, ele isola quantas variáveis for preciso, deriva euqações a não mais poder, até chegar perto do que se encaixe na teoria. Quando nem isso funciona, ele tem uma explicação sempre pronta: é contingência histórica e cultural. O problema é que você não pode fazer isso com o futuro: publicado originalmente em 1996 e revisado em 1999, antes do estouro da bolha, o livro defende que a hipervalorização das empresas “pontocom” muitas vezes acima de seu faturamento e patrimônio era algo perfeitamente racional. Mas o pior para mim está na análise sociológica mesmo. Depois de demonstrar de forma brilhante que a tecnologia de administração precede e de certa forma é independente da informatização, o autor parece se deslumbrar com o avanço tecnológico e apontá-lo como causa do surgimento de uma nova sociedade. Ele ignora qualquer influência da economia e da política sobre a ciuência e a tecnologia, acreditando que estas são independentes no seu desenvolvimento e condicionam todo o resto.
Pulei o prefácio de FHC, porque aí seria demais.
Publicado também no Almanaque: http://almanaque.wordpress.com/2011/02/08/meninos-eu-li-8/