brito71 01/04/2024
O tempo é um decompositor que te mastigará vivo
Obra de King, “Novembro de 63” se apresenta aos leitores como um texto acerca de viagem no tempo. a proposta desliza pelos olhos de quem se interessa como uma cobra astuta, intrigante: salvar o presidente, assassinado há décadas, de uma das grandes potências mundiais. Jake Epping, nosso protagonista, é levado à esse destino graças ao amigo (que durante o processo ainda o renderá tanto ressentimento quanto saudosismo). o professor, mais interessado em literatura do que história, apesar de receoso, embarca na jornada, tomado pela euforia repassada por um homem doente. todo o enredo gira em torno desse passado, dessa salvação. Jake conseguirá? honrará a vida dos americanos e, mais ainda, livrará todos dos possíveis desfechos que o falecimento de JFK ocasionou, direta e indiretamente? mais do que uma elucubração fictícia quanto ao que já ocorreu historicamente, para mim, Stephen parece nos conduzir através de um caminho atípico, incomum às mentes que, apesar de não visitarem outra realidade em suas formas físicas, passeiam constantemente nas inúmeras possibilidades de um passado. afinal, será que o que ocorreu lá atrás realmente foi um erro? e, além disso, será que consertar esse erro faria tudo mudar? como as coisas mudariam? e se mudassem para algo que nem fosse de nosso agrado, de qualquer forma? aqui, não se trata de destino, mas de perceber como é fácil, com sua visão longínqua do horizonte, apontar cada elemento da vista. porque, ao contrário de quando estamos na boca do tornado, mais adiante ele parece apenas um redemoinho de poeira. a verdade? um tornado é um tornado, transformá-lo em outro fenômeno é impossível, não importa sua distância ou quanta reflexão seja despendida nisso.