Vitoria.Milliole 26/06/2021
Tenho bastante coisa pra falar sobre esse livro. Boas, em sua maioria.
Pra começar, é um suspense muito bom e que foge bastante do óbvio na maior parte do tempo. As motivações por um bom tempo são uma incógnita.
Primeiro temos Mike, um garoto de 4 anos que é abandonado pelo pai. Ele lembra de estar num carro, o pai sujo de sangue e, em seguida, o deixa num parque e nunca mais volta. O garoto vai pra um lar adotivo, sabendo apenas seu primeiro nome, o primeiro nome do pai e nada sobre "mamãe".
No lar adotivo, ele conhece Shep, um garoto com problema auditivo. A cumplicidade dos dois cresce com eles, e a vida de órfãos, abandonados e em condições precárias, os leva à marginalidade. Juntos eles cometem inúmeros pequenos delitos. Mas algumas palavras e gestos bondosos acabam por colocar Mike nos trilhos novamente. O primeiro grande feito do livro foi quando Mike, aos 17 anos, se entregou no lugar de Shep, que já tinha 18, e cumpriu uma pena no reformatório para livrar o amigo da prisão perpétua. Esse plot do abandono e da marginalidade me chamou bastante a atenção por me trazer algumas reflexões que, se eu colocar aqui, isso vai ficar maior do que eu já imagino que vá ficar.
Beleza, agora Mike já é um homem adulto. Ele se casou, teve uma filha e aparentemente foi o único daquele lar adotivo com um futuro promissor. Pela sua filha, que aos oito anos é apaixonada pela questão ambiental, ele engrena num projeto de construir casas ecológicas. Mas acaba sofrendo um golpe e descobre que as casas não são tão ecológicas assim. Então dois caras começam a perseguir Mike e sua família, e ele acredita que tenha a ver com o golpe. Mas não tem.
Logo fica claro que tem algo a ver com seu passado e com o pai que ele passou trinta anos odiando e acreditando ter matado sua mãe. "Você é o próximo", é a mensagem que ele recebe dos caras que estão atrás dele. E o suspense é muito bem construído, porque a gente percebe que Mike realmente não faz ideia do porquê dessa perseguição.
As motivações são plausíveis, é tudo muito bem amarrado e foge bastante do habitual. Os personagens são cativantes. Eu amei o Shep, principalmente. Sim, o cara mau, o arrombador de cofres, o cara que o Mike cumpriu uma pena pra salvar. Ele é o meu preferido. Mike se refere a ele como uma pessoa pura, e lendo você entende o porquê. Entende, mas não sabe explicar, como eu também não sei agora.
O que pegou pra mim foi o final. Depois que as motivações são reveladas, perdeu o sentido pra mim. A partir dali tudo se tornou previsível, óbvio. Perdeu o suspense, ficou arrastado. Só nos capítulos finais, mas ficou. O que prendeu até ali foi o suspense de saber o porquê de tudo aquilo, depois disso faltou reviravolta. Já era óbvio quem morreria e quem teria um "final feliz", e é só nisso que eu acho que o autor pecou um pouco.
No geral, foi uma excelente leitura e eu com certeza recomendaria pra quem curte um bom suspense com bastante ação.