Júlio 13/12/2020
Uma defesa voraz da liberdade econômica
"Gustave de Molinari foi um economista belga associado à escola liberal francesa, considerado por Frédéric Bastiat como o continuador de seus trabalhos, e provavelmente o primeiro autor anarco-capitalista. De 1871 a 1876, editou o Journal des Debats e, de 1881 a 1909, o Journal des Économistes."
Aqui temos um autor completamente a frente de seu tempo e visionário até mesmo para a atualidade. Molinari leva a lógica econômica até as últimas consequências, o levando a uma defesa formidável da liberdade econômica - e mais importante - da segurança privada. Seu raciocínio extremamente afiado o leva a romper com a tradição liberal ao não reconhecer a necessidade de um monopólio da segurança, o que o consagra como um visionário e uma referência para ser lida até os dias de hoje a respeito do tema.
Eu poderia discorrer a respeito do assunto e tentar replicar com minhas palavras os argumentos dados por ele, contudo, acredito ser de muito mais valor trazer aqui algumas citações que sintetizam sua visão:
"Verdadeiros economistas estão no geral em concordância, por um lado, de que o governo deveria restringir-se à garantia de segurança a seus cidadãos e, por outro, que a liberdade do trabalho e do comércio deveria, em tudo o mais, ser total e absoluta."
"Mas por que deveria haver uma exceção relativa à segurança? Que especial razão há para que a produção de segurança não possa ser relegada à livre competição? Por que deveria ela ser sujeita a um diferente princípio e organizada de acordo com um diferente sistema?"
"Se, pelo contrário, o consumidor não for livre para comprar segurança de quem quiser, imediatamente se verá abrir uma grande profissão dedicada à arbitrariedade e ao mal gerenciamento. A justiça se tornará lenta e custosa, a polícia incômoda, a liberdade individual não é mais respeitada, o preço da segurança será abusivamente inflado e iniquamente dividido, de acordo com o poder e a influência dessa ou daquela classe de consumidores. Os protetores se envolverão em amargas lutas para separar os consumidores uns dos outros. Em suma, todos os abusos inerentes ao monopólio e ao comunismo emergirão.
Sob a livre competição, a guerra entre os produtores de segurança perde totalmente sua justificação. Por que eles guerreariam? Para conquistar consumidores? Mas os consumidores não se permitiriam ser conquistados. Eles teriam o cuidado de não se deixarem ser protegidos por homens que inescrupulosamente atacam as pessoas e as propriedades dos consumidores das agências rivais. Se algum audacioso conquistador tentasse se tornar um ditador, eles imediatamente pediriam auxílio aos consumidores livres ameaçados por essa agressão e fariam justiça. Assim como a guerra é a conseqüência natural do monopólio, a paz é a conseqüência natural da liberdade."