Evy 22/03/2016
Segunda Chance
Era uma vez Morgan e Claire Lyons, marido e mulher separados pelos medos.
Morgan é o oitavo Conde de Westcliffe e quando criança vê seu pai morrer e com ele um mar de dívidas vir em sua direção, sem opções sua mãe casa-se com o Duque de Ainsley e dá a luz ao seu terceiro filho trazendo assim a estabilidade nas vidas de seus filhos. Morgan com o passar dos anos começa a se ressentir dessa situação, afinal, ele vivia dependente de seu irmão mais novo; ele precisava ter uma liberdade financeira e sabia que só teria isso através do casamento.
Porém isso também já havia sido planejado, desde pequeno um acordo já tinha sido feito o único porém era a diferença de idades entre ele e sua noiva. Oito anos os separavam. Enquanto Morgan crescia ele sempre presenciava sua noiva brincando com seus irmãos, ela sempre fez parte de sua família, mas enquanto sua noiva sempre manteve uma relação muito próxima com seus irmãos, Stephen principalmente, eles nunca trocaram mais do que palavras de cortesia.
Assim que, quando tinha vinte e cinco anos e sua noiva dezessete, eles se casaram... E se separaram na mesma noite.
Claire sempre temeu Morgan, não era apenas o fato dele ser mais velho, mas havia algo nele que fazia com que uma pessoa fosse prudente e mantivesse distância. Ela nunca chegou a conhecê-lo, realmente conhecê-lo, para ela os dois eram quase desconhecidos. Ele não era nada como seus irmãos, como Stephen... que era uma das pessoas em que ela mais confiava no mundo. E por causa dessa confiança ela admite a Stephen seus medos e Stephen põe em prática uma ideia que faria com que Morgan não a tocasse. Apesar do receio, de não ser exatamente aquilo que ela queria... Ela apenas queria conhecer o marido, ter ele expulsando seus medos e dúvidas... Ela aceita a sugestão de Stephen. E assim Morgan encontra Stephen e Claire na cama, abraçados... no que seria a sua noite de núpcias.
O resultado disso foram três anos de separação, três anos em que Claire ficou exilada na casa de campo do marido, três anos em que damas a visitavam para relatar todas as perversidades que o marido cometia, três anos de tristeza, arrependimento e vergonha... três anos de amadurecimento...
Três anos em que Morgan chafurdou em uma vida sem sentido, três anos em que a solidão foi sua leal amiga, três anos de rancor, três anos de tentar achar em outras o que ele tinha medo de achar, não admitia querer encontrar e ao mesmo tempo almejava... alguém que o amasse.
"(...) Por que diabos ele não podia sentir mais, o verdadeiro prazer, imensa satisfação, contentamento, em vez deste sangrento vazio causado por essa emoção opaca?"
Claire ao se ver com a irmã prestes a se casar contra a sua vontade, com uma pessoa que ela não queria, toma a decisão de voltar e reclamar o seu lugar como esposa e assim fazer com que sua irmã tenha a oportunidade que ela não teve: escolher um marido. Mas as coisas não são bem assim, existem anos de rancor e infelicidade separando-os, medos demais.
Medo que faz o Morgan agir de formas infantis, medo que faz o Morgan querer apostar no seguro fazendo-o querer afastar a Claire dele para sempre... E ai você pensa, como a autora fará para que tudo isso se transforme em um final feliz sem parecer algo forçado?
O segredo aqui é a simplicidade do livro. A escrita é simples, fluida, o que fez com que as coisas acontecessem, e acontecessem de uma forma que pareceu no tempo certo. Quando você vê a autora pôs ali a possibilidade de um final feliz, fez o Morgan se abrir a essa felicidade e foi tão natural que esse sentimento de algo forçado não vem.
(...) "Se eu soubesse, eu teria concedido a você uma temporada", disse ele, conforme ele arrastou o dedo ao longo da curva de sua bochecha.
Colocando a mão em seu rosto, ela inclinou-se e o beijou. "Mas em que isso importaria? No fim de tudo, eu ainda teria sido sua."
"Como você pode estar tão segura?"
"Porque eu acho que eu tenho sido sua durante todo esse tempo. Eu apenas fui muito boba para reconhecer isso."
Mesmo assim eu confesso que só quando terminei o epílogo é que dei um suspiro de alívio. Até o epílogo muitas coisas acontecem, eu confesso que não achei necessário a Anne ter se tornado um problema tão grande, mas ao refletir após terminar o livro eu vi que realmente a Anne foi uma peça chave aqui. O Morgan não teria se abrido para perdoar o Stephen se não fosse tudo o que a Anne fez, e nem mesmo teria se aberto para admitir o amor dele pela Claire, essa admissão teria demorado muito.
"Amor à primeira vista seria amor baseado em somente o que você pode ver. A cor do cabelo, a cor dos olhos, a forma do nariz, a curva do queixo. Essas não são coisas para amar. O amor deve enxergar abaixo da superfície, a alma de uma pessoa."
Recomendo muito esse livro, mas com um conselho: leia ele quando sentir que é o momento certo, ele vai lhe tocar mais desse jeito. Essa não é uma história que vai te anestesiar com cargas e cargas de emoções, essa é uma história que vai aproveitar o que você já tá sentindo e assim fazer com que você se envolva na história. De outra forma você acaba correndo o risco de não gostar.
A cada livro da Lorraine eu fico mais abismada com o talento dela, a simplicidade que ela usa nos livros... Nossa.
PS: Não tô muito animada para o livro do Stephen, não gostei muito dele eu o achei egoísta, mimado e fútil. Mas como é um livro da Lorraine e a sinopse do livro dele me fez ter esperanças eu o lerei, mesmo estando louca para ler o livro do Ainsley (que sinopse é essa), que por sinal a Sarah Maclean recomenda como um dos melhores históricos que já leu, essas pessoas já gostam de atiçar o tal do leitor viu...