Eduardo 12/08/2014
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Escrito por Mike Mignola e Christopher Golden, o livro se passa em um passado distópico no qual, em 1925, houve, em Nova York, um terremoto seguido de um maremoto que inundou metade da cidade. Nesse mundo, a classe alta da sociedade construiu uma utopia chamada Uptown e a classe baixa ficou na chamada Downtown, ou Cidade Submersa. Há, nesse universo, um descaso por parte de Uptown em relação à parte inundada da cidade, e essa rivalidade é pouco explorada dentro do livro.
O livro começa com uma consulta comum de um medium para um casal o qual queria falar com o filho já falecido. São apresentados os personagens Felix Orlov (o medium), Molly McHugh (sua assistente de quatorze anos de idade), além do Pentajulum de Lector, um objeto misterioso do qual não existe muita informação à respeito. Durante essa consulta, Felix é capturado por um grupo de homens vestidos de preto e Molly vai atrás dele. No caminho, ela se depara com Joe, um ser enorme com uma força sobre-humana. Ele a leva ao encontro de Simon Church, um homem apresentado como estranho, que emana um cheiro de motor e óleo, além de produzir ruídos de engrenagens em suas entranhas. Simon é um detetive de antigas histórias, e apresenta o Pentajulum à Molly dizendo que quem sequestrou Felix foi Dr. Cocteau. Nesse momento começa a busca de Molly e Joe pelo Pentajulum de Lector e o Dr. Cocteau.
O romance carrega uma leitura fluída e apreciável, sem fazer o leitor perder noites de sono querendo saber o final. Com seu tom obscuro e, as vezes, grotesco, ele envolve o leitor de forma que, nos momentos em que não estão lendo o livro, então tentando desvendar um dos inúmeros mistérios apresentados. Um dos pontos positivos da obra, o qual não sei se pode ser atribuído diretamente ao Mignola, é a quantidade de arcos abertos (a causa de inundação, a o passado de Church, o motivo pelo qual Orlov é capturado entre outros) e a brilhante convergência desses em um grande acontecimento, que só é completamente apresentado nas ultimas paginas do livro. A cada capitulo que se passa, o livro fica mais complexo e pesado, porém, em um ritmo leve, o que torna o livro fácil de ser acompanhado, se lido sem intervalos longos.
Há um arco que eu considerei aberto, mas não foi explicitado, que não foi concluído. No momento em que o passado de Church é revelado, o narrador apresenta um antigo assistente que carregou uma pedra preciosa, a qual o deixaria invisível enquanto ele a segurasse, mas se ele a deixasse cair, seria levado à uma dimensão desconhecida na qual permaneceria por toda a eternidade. Muito tempo é gasto para contar essa historia, e nada mais é dito. Com a quantidade de mistérios anteriores a esse, é cabível a interpretação deste como mais um, mas, ao fim do livro, essa parte se mostra completamente irrelevante.
O romance é ilustrado por Mignola, com imagens obscuras em preto-e-branco, distribuídas sem um padrão perceptível, mas que completam a narração e trazendo um leve aspecto de quadrinhos. O traço é semelhante ao HQ Hellboy, também por Mignola, e se encaixa perfeitamente com a obscuridade da obra, sem assustar ou amedrontar o leitor, porém é impróprio para leitores sensíveis. Recomendo, com certeza, para leitura. Vale cada segundo gasto pensando no enredo e possui um estilo singular, sendo obscuro e grotesco sem ser violento ou medonho.