arthrmis 11/01/2024
Escrita por Florbela Espanca.
Eu te amo mamae florbela espanca ngm te entende como eu.
e pensar que, antes de terminar de ler esse livro, eu chorei lendo um poema dela e tudo piorou quando eu descobri que ela tinha se matado dia 8 de dezembro de 1930 e eu em 2023, aos 16 anos de idade tava no meu quarto com o rosto todo salgado e molhado pois sentia uma compreensão completa do que ela queria dizer e me encontrei entre aquelas linhas. Me identifiquei com uma pessoa que não está mais nesse mundo a quase 100 anos e ainda assim conseguiu me atravessar de uma maneira que nenhum tipo de arte jamais me atravessou. Florbela é tão transparente com seus sentimentos que ela consegue se tornar atemporal através de poemas e sonetos. Ela carregava longas mágoas e uma tristeza antiga que se alojava na mente dela criando raízes e consequentemente, poesia. Lendo esse livro fui capaz de me ver em um texto, vi a intensidade e profundidade da tristeza feminina. Me senti escrita por ela, como se eu fosse um de seus contos ou quem sabe uma mera personagem. Infelizmente, me encontrei nas entrelinhas e não digo isso como vítima ou como uma coitada, digo isso como garota. E eu, assim como qualquer outra mulher, tenho minhas mágoas e vivo elas intensamente. Florbela transformou dor em poesia e essa poesia reflete perfeitamente um sentimento que poucas pessoas conseguem por em palavras. Você pode sofrer e viver suas mágoas da forma que quiser mas Florbela não só viveu suas mágoas como compartilhou-as com o mundo para que quase 100 anos eu (ou qualquer outra pessoa) pudesse ler e entender o âmago do outro. Enfim, não garanto que seja a mesma experiência pra todo mundo, afinal, não é todo mundo que se sente da mesma forma que eu mas vale a leitura, vale conhecer um lado mais poético e puro da dor. Vale entender que mesmo nos momentos mais ruins da vida ainda é possível tirar algo bom, uma lição ou uma simples arte que 93 anos depois ainda vai impactar o coração de alguém.