skuser02844 15/01/2024
O tão necessário contexto
Bom, talvez esteja um pouco atrasado para analisar esta obra, honestamente, não pretendia fazê-lo, mas, como sugere o título, esta análise será o tão necessário contexto para algumas das próximas que hão de vir. Apesar de ser uma tentativa frequente, a separação de uma obra de seu autor mostra-se quase sempre inviável. Peças artísticas, de quaisquer naturezas, são imbuídas de seu contexto histórico-social. Sendo assim, a compreensão da vida de um autor serve de amparo para uma adequada compreensão da obra.
John Ronald Reuel Tolkien e Clive Staples Lewis são os maiores nomes no que se refere à literatura de fantasia do século XX. Ambos de origem simples se encontraram em 1926 em Oxford onde por muitos anos lecionariam literatura e, durante os cinco primeiros anos juntos, Tolkien foi um dos responsáveis pela conversão de Lewis, processo esse ponto central do livro Surpreendido pela alegria. Apesar da grande amizade, mais para o final da vida eles se afastaram por algumas divergências e separação dos grupos de leituras que faziam parte, como os Inklings, entre outros. Entre essas divergências está o fato de, ao se converter, Lewis ter se tornado anglicano, em contraste com Tolkien que era católico.
Em muitas de suas obras Lewis carregava, com certa explicitude, referências cristãs, o que fazia com que o amigo tecesse críticas por preferir uma abordagem mais suave. Como, por exemplo, As Crônicas de Nárnia, uma clara alegoria para a cristandade, e O Senhor dos Anéis, uma obra de fantasia com mensagens e referências cristã. O que pode ser observado no trecho do livro A Viagem do Peregrino da Alvorada, em que Aslam diz: “Mas tenho outro nome. Têm de aprender a me reconhecer por esse nome. Por isso que os levei à Nárnia” e nas palavras do próprio Tolkien: “O Senhor dos anéis é obviamente uma obra fundamente religiosa e católica; inconsciente no início, mas conscientemente na revisão”.
Essa diferença e como Lewis “popularizou o cristianismo”, no sentido de acessibilizar os ensinos cristãos não agradavam Tolkien, pois ao simplifica-los ele poderia acabar por cometer equívocos. Por isso, imagino que o Professor não deva ter ficado muito feliz com a dedicatória da obra Cartas de um Diabo ao seu Aprendiz.
Apesar das críticas, às vezes cabíveis, penso comigo mesmo, o gênio que era o Professor por ver problemas nas obras que encantaram milhões de pessoas ao redor do mundo.
A obra conta, em síntese, após a introdução da infância de ambos até seu encontro, a relação desses dois monstros da literatura, assim como o contexto dos principais acontecimentos da vida deles. Sendo assim, a obra é uma leitura obrigatória para todo fã tanto de Tolkien quanto de Lewis, dei um pouco mais de atenção ao autor irlandês por ele ser autos da próxima análise. Enfim, 10/10.