Rogério 01/09/2019
É um bom livro, mas...
Pais Apostólicos é um bom livro, principalmente por mostrar o pensamento dos chamados Pais da Igreja, como, no caso desta obra, Clemente de Roma, Inácio de Antioquia e Policarpo de Esmirna (estes últimos famosos por seus martírios). É interessante notar a preocupação que estes homens possuíam com as heresias que circundavam as igrejas dos primeiros séculos, bem como a preocupação que tinham com relação ao perigo da cisma, isto é, da divisão e insubmissão dos membros com relação aos bispos, diáconos e presbíteros. A obra demonstra também a preocupação que possuíam com o bom testemunho, ou seja, com a necessidade de seguir as boas obras. Contudo, sinto uma tendência nos escritos constantes nas cartas destes "pais apostólicos", em algumas ocasiões, a um ligeiro legalismo, mas, talvez, seja apenas uma impressão minha quanto leitor, e entendo a (boa) intenção deles na exortação aos destinatários. É bastante interessante verificar, também, o apreço que tinham com os escritos paulinos, já naquela época, assim como a solidez que detinham os Evangelhos escritos no primeiro século. Com relação à metade final do livro, a qual diz respeito ao livro chamado "Pastor de Hermas", muito apreciado na igreja cristã primitiva, deve certamente ser lido com certo cuidado, por se tratar de uma (segundo consta) visão de um homem acerca de uma revelação de Deus sobre a igreja (tal homem provavelmente seria Hermas, o irmão do papa Pio), com um teor doutrinário em alguns pontos específicos um pouco questionáveis. No geral, é um livro interessante.