Beatriz 04/08/2023Não conte anos, conte momentosEsse foi minha leitura de julho. Foi a primeira vez que li qualquer livro do Mitch Albom. A leitura foi rápida e instigante, não é um livro que possa ser colocado entre romances ou dramas, é um livro feito para nos fazer pensar e refletir sobre nós, nossas vidas.
Dhor era obsecado por números e contava tudo o que podia, até que começou a contar o tempo, numa época que não existia esse conceito, não havia dias, meses, anos, nem calendários, só existia o exato momento e isso era o bastante. Dhor se apaixonou, se casou e teve 3 filhos, amava sua família, mas por vezes a deixava de lado para investir no seu projeto de contar o tempo.
Quando sua esposa ficou a beira da morte, ele decidiu que subiria a torre de Babel e pararia o tempo, mas a torre foi destruída e ele preso numa caverna condenado a ouvir os lamentos das pessoas pedindo por tempo, porque ele foi o responsável por o tempo começar a ser contado.
Após milênios no exílio, Dhor é libertado e recebe a missão de ajudar 2 pessoas, uma que quer menos tempo e outra que quer muito. Ele encontra essas pessoas e começa a observar as suas vidas tentando entender como ajuda-las.
Sarah é filha de pais divorciados, cujo o pai se tornou ausente e sua mãe ressentida dele. Então ela conhece um garoto que a faz se sentir especial e importante, que, mesmo com migalhas, supre um pouco da carência que a falta de um pai deixou. Porém quando ela percebe que esse amor não é correspondido ela decide se matar.
Victor é um idoso, rico e muito bem-sucedido, após a morte dos pais na França, ele foi morar com o tio nos Estados Unidos, fez sua fortuna, conheceu sua esposa e se casou, mas com o tempo o casamento foi esfriando e eles se afastaram. Depois disso ele descobriu que tem um câncer e faz de tudo para evitar a morte, mas a batalha está perdida, então ele decide se congelar para esperar que o descongelem numa época que haja cura para a sua doença.
Quando ambos estão a um passo de selar seus destinos, Dhor para o tempo por completo e os faz ver o que será dos seus futuros se seguirem a direção em que estavam. Victor teria sua vida transformada em um objeto de exposição, para uma sociedade que não sabe o que sentir. Sarah morreria, sua mãe se culparia, os sem-teto que ela ajudava no abrigo sentiriam sua falta, mas o garoto pelo qual ela se mataria não veria nenhuma diferença em sua vida sem ela.
No final todos tomam decições diferentes, Dhor aprendeu a valorizar o que tinha, Sarah aprendeu a ter esperança e Victor aprendeu a morrer do jeito certo.
Parte favorita: "- Você tinha muitos outros anos - comentou ele.
- Eu não os queria.
- Mas eles a queriam. Tempo não é coisa que se devolva. O momento imediatamente seguinte pode ser a resposta a suas orações. Negar isso é negar a parte mais importante do futuro.
- Que é o quê?
- A esperança.
[...]
Examinou a lágrima. Pensou de novo na caverna. E soube enfim por que fora escolhido para essa viagem. Ele vivera uma eternidade. Victor queria uma eternidade. Dhor precisava de todos esses séculos para compreender aquela última coisa que o ancião lhe dissera, e que partilhou com Victor nesse momento:
- Há uma razão para Deus limitar nossos dias.
- Qual?
- É para tornar cada um deles precioso."