Fernando 04/06/2018
O lado ainda mais sombrio das trevas
As histórias sobre seriais killers sempre rodearam os campos da literatura. Seja em livros, filmes, HQs ou jogos, a gama de narrativas onde psicopatas assassinos são o cerne da questão nunca saiu de moda. E em “Carne e Sague”, essa abordagem literária ganha uma profundidade ainda maior.
A maneira como a história se desenrola é incrível. Sempre existe um clima pesado no ar, e é deixado bem claro que nenhum personagem está 100% seguro. A seriedade sobre tudo que é narrado transborda aos litros pelas páginas. E isso é bom. Muito bom!
Frank Elder é um investigador a parte. Carismático ao seu jeito, representa toda a angústia e sequelas de alguém que trabalhou durante anos no ramo criminal. O ar depressivo e sério que o personagem possui são a cereja do bolo da história. Acredito que sem Frank Elder e sua personalidade solitária, a narrativa não teria o mesmo peso dramático.
O clima lúgubre de inverno no interior da Inglaterra é outro ponto alto e que enfatiza a solidão que é a vida de cada personagem.
O livro, além do mais, levanta assuntos pesados e mostra ao leitor quão vulnerável estamos diante da violência e do sistema falho do poder jurídico. Libertar um assassino cruel por bom comportamento poderia ser um absurdo narrativo se não ocorresse da mesma forma na vida real.
O zelo pela família também é colocado na mesa como assunto a ser refletido, assim como o temor em perder quem tanto amamos. A história deixa claro que estamos sempre a mercê do perigo, assim como os personagens de John Harvey. No final, o mundo real não é muito diferente do mundo de “Carne e Sague”. E isso seria engraçado se não fosse trágico.
Leitura recomendada!