Psychobooks 17/09/2013
Classificado com 3,5 estrelas
Quando recebi o informativo da Bertrand Brasil com os lançamentos do mês, Os Náufragos logo me chamou atenção pela capa, que é linda, e pelo enredo que me pareceu ser sobre o mistério da morte de um casal, mas esse não é bem o foco do livro...
- Enredo
O livro vai contar a história de quatro casais, que formam um grupo de amigos que por serem todos de fora e terem feito da ilha de Nantucket seu lar, se autodenominaram Os Náufragos (veja o quote em destaque no final dos comentários). Uma vez ao ano eles viajam juntos nas férias e se divertem. Nesse verão, Greg e Tess MacAvoy completam doze anos de casados, os últimos meses não foram nada fáceis, por isso eles resolvem comemorar com um passeio romântico de veleiro, mas Greg não é um navegador experiente, o dia estava com muito vento, um acidente acontece e o casal morre.
Alguns desconfiam que não foi apenas um acidente e esse evento vai trazer à tona uma série de sentimentos conflitantes que por anos foram ignorados.
- Narrativa
A escrita da autora é muito gostosa, aos poucos ela vai dissecando a vida de cada personagem, com seus segredos, paixões, desejos e culpas. E esse é o foco do enredo, os personagens e a verdadeira amizade, com todos seus momentos de alegrias, tristezas, inveja, mágoa, perdão, amor.No entanto, em alguns momentos, ela fica um pouco repetitiva, pois a mesma história é contada por personagens diferentes.
Não espere uma leitura alucinante cheia de grandes emoções e suspense. Os Náufragos tem um ritmo de leitura calmo e detalhista, ele é um livro sobre pessoas e relacionamentos, a morte do casal serviu como catalisador para alguns sentimentos, que estavam bem escondidos, emergirem. O que realmente aconteceu no veleiro não é tão importante e logo um leitor mais perspicaz resolve o mistério.
A narrativa é feita em terceira pessoa, sob o ponto de vista dos seis amigos, sem divisão de capítulos, apenas com uma pausa entre um personagem e outro. Isso fez com que eu me sentisse um pouco perdida no começo da leitura e demorasse mais para me conectar com os personagens, mas passado esse período, tive a sensação de conhecer cada um intimamente.
- Personagens, a melhor parte do livro
A construção desses personagens é fantástica, a autora é muito boa para criar personalidades e peculiaridades para cada um deles.
Greg MacAvoy é o homem que a maioria das mulheres deseja, com um físico impressionante, cativante, apaixonado, toca violão e tem uma voz incrível, é o típico conquistador e poderia escolher qualquer mulher para ter ao seu lado, mas acabou escolhendo a bela Tess, cativante, delicada, amorosa, todos querem ser sua amiga e é por ela que as mulheres do grupo se mantém unida. Os dois são pais de gêmeos com 7 anos de idade, professores e deixaram a vida muito cedo e de forma inesperada.
Edward Kapenash é o delegado da ilha, fiel, dedicado ao trabalho e à sua família. Andrea é sua esposa, eles estão juntos há 18 anos, e têm dois filhos adolescentes. Ela é a dona da razão, dura e por vezes agressiva, também consegue ser carinhosa e compreensiva, é a prima mais velha da Tess e quando mais nova, trabalhava de salva-vidas na ilha e foi namorada do Jeffrey antes de conhecer o delegado. De todos os personagens, foi a que menos gostei.
Jeffrey Drake é um fazendeiro sério, gosta da rotina, de coisas estáveis, nem sempre concorda com as atitudes de sua esposa, mas a ama. Delilah é sua esposa, mãe de duas crianças pequenas, gosta de ser a divertida do grupo. Seu senso de humor é contagiante, um pouco egoísta e tinha algumas atitudes nada condizentes com uma mãe de família e sim com uma adolescente rebelde. Trabalha como recepcionista no mesmo restaurante em que Greg toca, muitas vezes chega em casa tarde, bêbada e cheirando à maconha. Por causa dessas atitudes e horários, ela e o marido se afastaram um pouco, já que ele levanta cedo para cuidar da fazenda. Jeffrey é o personagem que mais me cativou, é daquelas pessoas que o coração é maior que o mundo, segura, estável e ao contrário do que aparenta, sabe sim como se divertir.
Addison Wheeler é o mais rico do grupo, figura notável do mercado imobiliário, é gentil, experiente, viajado e culto. Sua esposa, Phoebe, sofreu muito com a morte do irmão gêmeo no desastre de 11 de Setembro e há seis anos vive dopada com remédios prescrito por seu médico e por outros que ela consegue no mercado negro, hoje é apenas uma sombra da mulher exuberante e engraçada que já foi um dia. Ainda assim, Addison cuidou da esposa com carinho durante todos esses anos.
- Enfim, ler ou não ler?
Se você quer um livro policial com mistérios sobre a morte de um casal, esse livro não é para você.
Os Náufragos é uma leitura gostosa, sobre pessoas, amizade, perdão, crescimento e principalmente relacionamentos. Você vai se envolver com a vida de cada personagem e se tornar seu amigo mais íntimo, aquele que sabe de todos os segredos. Uma história para adultos onde os dramas e alegrias são maduros e convincentes.
Como eu esperava um pouco mais de suspense, fiquei um pouco decepcionada e não dei 5 estrelas pois acho que se a autora tivesse investido um pouco mais no suspense, o livro seria perfeito. No entanto foi uma leitura muito agradável e em nenhum momento me fez querer jogar o livro na parede ou gritar de frustração.
Os Náufragos: porque Delilah fugira dos pais e encontrara Nantucket, porque Jeffrey herdara uma fazenda de um tio que mal conhecera, porque Greg tocara em uma banda (diferente) com um cara cujos pais possuíam casa em Sconset, porque Andrea fora recrutada para ser chefe dos salva-vidas no verão de 1988 e, aonde quer que Andrea fosse, era certo que Tess a seguiria. Porque Addison dera uma olhada na comunidade com os imóveis mais valiosos da Costa Leste e levara sua noiva, Phebe, para lá. Porque o delegado fora transferido de Swampscott para fomentar o departamento de polícia. Eles se banaharam nas praias de Nuntucket. Permaneceram na ilha e fizeram dela seu lar. Encontraram uns aos outros.
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