Catch 22

Catch 22 Joseph Heller ...




Resenhas - Catch 22


7 encontrados | exibindo 1 a 7


Maiara.Reinert 04/06/2024

Quase abandonei
Quase abandonei, porque não estava entendendo nada. Somente da metade do final que ficou mais interessante e então me prendeu. É um livro bom para se refletir sobre a guerra, sobre os motivos que levam o homem a lutar e arriscar a sua vida por um pedaço de terra.
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spooky buk 05/08/2021

6 anos depois de ler, lembrando dessa pérola e rindo sozinho
Catch-22 é um livro muito famoso - do tipo que "catch-22" virou uma expressão em inglês pra "pegadinha" (não a que passa na televisão, mas no sentido básico da palavra, como um contrato em que as "letras miúdas" têm uma "pegadinha", ou quando uma proposta parece boa demais, e alguém poderia perguntar: "Mas e qual é a pegadinha?")

É um livro de comédia - basicamente, é uma ridicularização do exército e da guerra. A questão é que as piadas são "nível Salvador Dali" de absurdez, e o escritor é um prosista, muito, muito foda.

Não é um livro muito inclusivo. Pelo hábito linguístico das pessoas, acho que pouca gente conseguiria ler. É um livro muito inteligente mesmo, que exige muito do leitor, mas a gratificação de rir histericamente com um tipo de piada que você nunca viu em nenhum outro lugar, enquanto observa um mestre mesmo no uso do inglês - do tipo que usa umas 50 palavras diferentes pra "caminhar", cada uma com uma sutil delicadeza sugerindo um caminhar hesitante, ou apressado, ou nervoso, ou bêbado, etc. 50 verbos pra "olhar", 50 verbos pra "dizer"... Coisas que eu nunca tinha imaginado que existiam, que você olha no dicionário e entende o que o cara estava dizendo e fica muito de cara, com o trampo de um mestre da máquina de escrever - vale ouro.
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Dominique.Auler 03/10/2019

Quando comecei o livro, não esperava que fosse uma comédia absurdista. Mais do que isso, é uma sátira fundamental da guerra e suas facetas.

O livro mostra situações ridículas levadas ao extremo, mas que servem para ressaltar o absurdo da realidade. Tudo é questionado através do grande número de personagens: autoridade, dever, a participação da iniciativa privada, o papel do soldado, a hierarquia, a espionagem, a honra, a conspiração, a fanfarra, a integridade e a lealdade.

Mais do que qualquer argumento sério contra a guerra, o livro rouba qualquer glamour do conflito reduzindo-o a motivo de chacota, tirando qualquer vestígios de nobreza e deixando só os ossos.

Mas ficam os ossos. A história não deixa de mostrar os horrores que passam os homens forçados a servir a máquina da guerra. Momentos assim contrastam fortemente com o humor da narrativa e cortam ainda mais fundo.

No fim, tudo se desenrola em torno das tentativas dos personagens de fugir do perigo, afinal, só um louco não sentiria medo da guerra.
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Maitê 08/07/2019

Uma sátira importante, mas difícil de ler, cheguei a ficar um pouco saturada, o que tornou a leitura lenta. Mas não torna o livro ruim.
É uma grande desconstrução de todo o ideal Americano do que o exercito representa, sem o orgulho, grandes feitos e heróis que estamos habituados na mídia. Segunda guerra mundial tratada de uma forma ímpar.
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27/12/2018

Em vários momentos quis jogar esse livro pela janela, de tão chato! É extremamente confuso, porque as situações estão fora de ordem cronológica, com cortes abruptos dentro do próprio capitulo, além disso, é recheado de contradição – proposital, claro – e para piorar, tem um zilhão de personagens. Ás vezes a continuação de uma situação que ele menciona numa linha lá nos primeiros capítulos só terá continuidade numa linha mais pra frente. Senti que eu estava montando um quebra-cabeça faltando peça.

O livro aborda o absurdo e a insanidade da guerra de forma satírica. Dizem que é um livro engraçado, mas não ri em momento algum. Eu enxergava o humor, mas não sentia o humor, sabe?

Mas depois que você passa pela fase de querer queimar o livro e se acostuma com o estilo desconexo, consegue extrair a parte legal dele e até enxergar certo brilhantismo. A ideia em si é muito bacana, porque a guerra é um absurdo sim, e o autor trabalha todas as questões bizarras envolvidas por trás dela, como gente ganhando dinheiro com a desgraça alheia, a burocracia do exército beirando a burrice, a incompetência daqueles que deveriam liderar – algo que podemos encontrar até mesmo em grandes empresas hoje em dia -, além de atenção a coisas sem importância alguma quando algo muito mais importante está acontecendo. O autor realmente faz a gente questionar a guerra. Num mundo em que a guerra é glorificada, é legal aparecer algo realista, mostrando que nada é o que parece necessariamente.

Eu só acho que daria para cortar 70% dele sem perder a mensagem. Ele é muito longo! Se repete o tempo todo e isso dá nos nervos. Tudo isso que mencionei lá em cima é repetido de diversas formas, mudando somente a situação. Mas os capítulos finais – quando a gente descobre o cerne do trauma do Yossarian – são realmente incríveis. O problema é chegar lá.
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Oz 19/10/2017

O absurdo da normalidade ou a normalidade do absurdo
Imagine-se você como um piloto de um avião bombardeiro na II Guerra Mundial. Não haveria nada mais racional do que se preocupar com sua própria segurança em face dos perigos reais que o circundaria nessa situação. Agora, suponha que, por vontade própria, você queira voar em missões quase suicidas. Loucura, certo? Bem, se você demonstrasse ser um louco desse nível, certamente poderia alegar loucura e pedir para ser isolado no hospital do exército, evitando de ser convocado nas próximas missões aéreas. Contudo, se você efetuasse esse pedido, passaria automaticamente a deixar de ser louco e teria, obrigatoriamente, que continuar cumprindo seus voos. Em resumo: se você voasse, seria um louco e não precisaria fazer isso; mas se você não quisesse voar, mostraria que é uma pessoa com boa sanidade mental e seria obrigado a voar. Bem-vindo a Catch-22.

O grande paradoxo descrito acima é uma das cláusulas do Catch-22 (ou Ardil-22, na tradução), que nada mais é do que uma designação para as leis não escritas que empoderam as autoridades institucionais de revocarem os direitos do cidadão, simplesmente com o intuito de atender aos seus próprios caprichos. O livro de Joseph Heller é sobre isso: o absurdo. E não se deixe enganar por caminhos e associações fáceis, pois o absurdo abordado pelo autor não é apenas o da guerra, no qual estão inseridos os personagens do livro, mas sim o da condição humana e suas construções sociais.

A narrativa acompanha Yossarian e seus companheiros de um esquadrão de bombardeio localizado em uma ilha fictícia da Itália durante a II Guerra. O livro é recheado de personagens (algo que geralmente me incomoda, mas não nesse livro) caricatos que vão apresentando os comportamentos mais absurdos possíveis, sempre demonstrando uma terrível insensibilidade com o próximo ou uma falta de noção tão surreal que só resta ao leitor gargalhar do humor negro presente em cada página. Vai um exemplo: Milo, o responsável pelo abastecimento de comida e alimentação do soldados do esquadrão, desenvolve um sindicato imenso de fornecimento de tudo quanto é tipo de produtos. O esquema dele se torna tão grande, que ele passa a fazer negócio com todos os países envolvidos na guerra, inclusive com os próprios inimigos alemães. O lema dele é: se é bom para o mercado, é bom para o país. Em um dos maiores absurdos, Milo comanda um bombardeio aéreo a uma ponte dos alemães, ao mesmo tempo em que comanda as próprias baterias anti-aéreas alemãs! Assim, ele passa a lucrar dos dois lados do combate. Seu objetivo final é simplesmente privatizar a guerra, excluindo definitivamente qualquer influência dos governos. E pasmem: esse episódio não é o maior absurdo cometido por Milo ao longo do livro.

Outro exemplo de passagem hilária (e absurda): Major Major (sim, o nome do sujeito é Major!) é promovido a major em detrimento do Capitão Black, que esperava ser promovido a esse cargo. Em uma cruzada de vingança, Black passa a espalhar o rumor de que Major Major é comunista. Não contente com isso, ele institui uma espécie de juramento de lealdade que todos os soldados devem assinar nas situações mais esdrúxulas possíveis: quando os soldados vão pegar suas cartas, seus paraquedas ou mesmo quando vão comer. Black proíbe Major Major de assinar esses juramentos, de modo que Major não pode provar sua lealdade (!!!). Obviamente, essa vingança pessoal bizarra passa a descontentar os soldados, que começam a reclamar da burocracia cada vez maior dentro das atividades do esquadrão.

A partir dessa e outras inúmeras passagens, é quase automático que nós, leitores, façamos comparações com o nosso mundo real: quão atual são esses e outros absurdos abordados por Heller? Pior ainda, será mesmo que temos o direito de nomeá-los desse modo? Afinal, se eles passam a ser acontecimentos corriqueiros e usuais em nossa sociedade, dificilmente poderíamos dar a eles um status de extraordinário. Quantas guerras são "inventadas" simplesmente para fomentar interesses privados, como o mercado de armas ou a indústria do petróleo? Quantas são as leis ou regras inúteis que só servem para elevar o nível de burocracia em diversas instituições públicas e criar cargos dispensáveis? No dia-a-dia, quão condescendentes e susceptíveis nós somos em relação aos diversos acontecimentos, corriqueiros ou não, que não deveriam ser aceitos sem, ao menos, um questionamento de nossa parte? Acho que o gabarito para essas três questões é: muitas, muitas e muito. No final das contas, estamos sempre em meio a um paradoxo no qual a sanidade mais cômoda é se acostumar com a loucura dos nossos tempos, até que isso passe a ser visto como normal. Catch-22 é sobre isso e, embora a aridez que circunda o tema seja flagrante, ao menos o humor ácido da leitura alivia a tristeza de reconhecermos nossa frágil condição como seres socialmente acomodados. E gargalhamos disso.

Meu site de resenhas: www.26letrasresenhas.wordpress.com
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