Flávia Menezes 25/09/2021
COMO FÃS, SÓ PODEMOS DIZER: ?VIDA LONGA AO REI!?
Aos 74 anos e com 61 romances escritos, sendo 7 sob o pseudônimo Richard Bachman e 5 livros de não ficção, além mais de 200 contos, dos quais muitos foram compilados em coleções de livros, Stephen Edwin King é um dos grandes nomes da literatura moderna do terror contemporâneo, suspense, ficção científica e fantasia. Para nós fãs brasileiros de carteirinha: um Rei, um Mestre da Escrita que, assim como Danny Torrance, é um verdadeiro ?Iluminado?.
Verdade seja dita, mas King nasceu para a escrita, e sua vida que nem deveria ter acontecido, já que sua mãe, Ruth King, possuía dificuldades para engravidar, é uma verdadeira história de um homem que nasceu para ser grande. Apesar da infância pobre e difícil, após seu pai, Donald King, os abandonar, a tragédia da sua vida foi o caminho para colocá-lo em contato com aqueles que seriam o seu destino: os livros! E de leitor compulsivo, ele passou a se tornar um escritor ainda mais obstinado.
Ler sobre a história de vida de Stephen King é como mergulhar em um universo tão mágico quanto são as suas histórias, porque não há como negar que sua necessidade de escrita, e essa criatividade para visualizar novas histórias com tanta agilidade, não é algo desse mundo. Assim como seus personagens, Stephen King também nasceu com poderes especiais, e somos altamente gratos a eles por ser capaz de nos levar para bem longe de qualquer perturbação que o mundo ao nosso redor possa nos causar.
Nessa biografia publicada em 2013, e escrita por Lisa Rogak, a forma como a autora vai concebendo o livro, destacando fatos importantes da vida do escritor, preciso dizer que me prendeu com tamanha facilidade, que eu acordava e já queria recomeçar a leitura para saber mais sobre esse grande Gênio das Palavras. Apesar de ser a primeira biografia que leio sobre o escritor, eu consegui sentir que muito do que foi abordado em seu livro, nos coloca em contato com a verdadeira essência de King, esse homem simples, apesar de afortunado por conta desse dom que lhe foi dado, e que ele nunca desperdiçou.
Talvez essa seja a minha resenha mais curta, mas confesso que ainda estou absorvendo tudo o que eu li. A vida de homens como Stephen King, ou Johnny Cash (vejo tantas semelhanças entre esses dois, e foi incrível quando ela mencionou o dia em que ambos subiram em um palco e tocaram juntos!) é algo que mexe profundamente comigo. Apesar de ambos terem sofrido por muitos anos com o efeito do vício do álcool e drogas, esses são dois homens obstinados quando se trata dos dons que receberam, e ambos souberam (no caso de King, ainda sabe!) viver intensamente uma vida de entrega e expressão de sua arte.
Já havia lido um pouco sobre a visão do King sobre a escrita em seu livro ?Sobre a Escrita?, que é uma verdadeira aula sobre como um escritor deve conduzir a sua vida para que o hábito de escrever esteja presente em seu cotidiano, e seja para ele uma necessidade tão grande quanto se alimentar ou dormir, mas foi muito pontual a maneira como Lisa Rogak abordou esse tema, relatando que nada, nem mesmo a dor, separava o King da sua escrita. Afinal, nenhum sucesso no trabalho vem sem empenho e muito suor no rosto. E nesse ponto, King jamais falhou.
Durante toda a sua vida, King precisou conviver com o preconceito sobre seu trabalho, por ser um escritor da literatura moderna, e eu confesso que também já fui alguém que acreditava que suas histórias eram apenas terror e violência. E como eu estava enganada! Ler ?O Iluminado? me tocou profundamente, não apenas pela genialidade da escrita, mas pela profundidade na qual King consegue ir para dar realismo aos seus personagens.
A empatia que surge, não acontece por aceitarmos quem são e como são. Alguns dos personagens masculinos de King são alcóolatras violentos, e com demônios em suas mentes que sussurram aos seus ouvidos as maiores atrocidades que eles se sentem tentados a cometer. Mas, no momento que mergulhamos nesse universo assustador da psiquê de seus personagens, encontramos pessoas normais, atormentadas, que bem lá no fundo, também buscam um dia encontrar redenção e um pouco de paz. E é isso que faz com que amemos seus livros: não pelo terror e violência, mas porque sabemos que como humanos, todos nós temos nosso lado bom tanto quanto o nosso lado sombrio. Que atire a primeira pedra aquele que não tem nenhum pecado!
O mais agradável nessa leitura, é que Lisa Rogak explora bastante sobre o momento da concepção dos livros escritos por King, e isso nos dá ainda mais clareza do significado por trás de suas obras. Como fã do Mestre King, é claro que essa parte também foi extremamente sedutora, e eu não conseguia pensar em mais nada além de ler e acrescentar novos títulos a minha lista de próximas leituras, que hoje estão basicamente restritas aos livros do King. Mas o que eu posso fazer? Há tanto para conhecer, e tantas nuances diferentes de sua escrita, que não vejo nenhum motivo para parar.
Confesso aqui que a única exceção é a curiosidade que a autora me fez ter, em conhecer a escrita de Kelly Braffet, a esposa do filho mais novo de King, Owen. Já baixei um livro dela, e agora, vamos ver como será.
Apesar do universo vasto das obras de King, a verdade é que, quem é fã, deseja que ele não pare nunca. E por ele, é bem claro que isso só acontecerá no momento que suas mãos não mais puderem escrever, porque o seu coração parou de funcionar primeiro. O que esperamos que não aconteça tão cedo, porque estamos sempre sedentos por mais histórias do Mestre King, então, tudo o que eu posso dizer para encerrar essa resenha é: ?VIDA LONGA AO REI!?