Ana 22/02/2023
Quando a gente escolhe um livro às cegas, obviamente não sabemos o que esperar dele. A Menina Que Semeava, a começar pelo título, nos passa uma ideia totalmente diferente do que realmente está por vir. Esse é um dos motivos de eu preferir um milhão de vezes o título original, Blue, à tradução. Bom, a leitura do livro não correu exatamente como eu esperava.
Chris Astor é um homem tranquilo, ligeiramente solitário e tem toda sua vida girando ao redor de uma única pessoa, sua filha Becky. Apesar de ter apenas 14 anos, podemos dizer que a menina já passou por apertos que adultos não passaram, já que teve leucemia com apenas cinco anos de idade. Com ajuda do seu pai, que fez de tudo para ajudá-la a passar por esse momento, Becky conseguiu superar o câncer. Porém nem tudo são flores. Ao mesmo tempo que vencia um desafio, se viu frente a frente com outro: o divórcio dos seus pais.
Uma das formas que Chris encontrou para amenizar o sofrimento da filha foi criar um mundo de fantasia. E foi assim que surgiu Tamarisk, um reino cheio de personagens incríveis e criaturas fantásticas. Pai e filha visitavam Tamarisk todos os dias e, juntos, viviam diversas aventuras e se esqueciam totalmente dos conflitos da vida real.
Isso continuou por bastante tempo, até Becky perceber que já estava grande demais para o mundo de fantasia que havia criado com o seu pai. É claro que, aliado ao divórcio, isso fez os dois se distanciarem bastante. Porém, em um belo dia, Becky se encontra com a princesa Miea e percebe que Tamarisk não é uma invenção, que o reino realmente existe.
A partir daí, Becky aprende a visitar Tamarisk e vai para lá sempre que pode. Só que, logo nas primeiras visitas, descobre que o seu tão adorado reino está infestado por uma praga que se alastra rapidamente e o pior, ninguém sabe como detê-la. Não bastasse isso, Becky não tem a mínima ideia de como contar para os seus pais que tudo é real. E mais: ela também não consegue entender o que são essas dores de cabeça fortíssimas que ela vem sentindo regularmente, muito menos os sangramentos nasais. Será que tudo vai começar de novo?
A verdade é que, mesmo tendo uma premissa muito atraente, não gostei muito de A Menina Que Semeava. Apesar de tudo ser narrado detalhadamente, de Tamarisk ser descrito como o melhor lugar do mundo, não consegui me apegar ao lugar. Além do mais, a mãe da Becky conseguiu me irritar o livro inteiro, já que a "culpa" da menina ter se afastado do pai é totalmente dela. E o pior é que a mulher ainda tenta dificultar a relação dos dois, mesmo depois de tanto tempo, o que eu achei totalmente ridículo.
Um dos pontos positivos do livro é o amor que ele consegue passar para nós. Chris se esforça tanto para reconquistar a filha, ama tanto a menina e luta tanto pelo amor dela, mesmo com as interferências da Polly, que é impossível não ficar comovido. Gostei também de alguns personagens de Tamarisk, mesmo achando os nomes meio estranhos. Gente, os nomes das criaturas são impossíveis de pronunciar e isso me irritou um pouco também.
Por não termos conhecimento bastante sobre a obra, o começo da narrativa é bastante confuso e acaba atrapalhando um pouco no entendimento, já que o autor mistura o real e o imaginário. É claro que, em um determinado momento consegui superar isso, já que Aronica quer justamente isso, tornar os dois mundos reais o bastante para Becky.
É claro que, apesar de todos os pontos negativos, o livro não deixou de passar a mensagem mais importante: nossa vida é realmente muito curta e temos que aproveitá-la ao máximo, mesmo que critiquem, mesmo que julguem. E devemos amar sem medidas, nos deixar ser amados e o principal, viver esse curto espaço de tempo junto com as pessoas que são importantes para nós.
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