A irmandade da uva

A irmandade da uva John Fante




Resenhas - A irmandade da uva


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Zeka.Sixx 20/12/2023

Um Fante "lado B" - e que não deve nada aos livros da saga Bandini
Resolvi encerrar meu ano de leituras com um clássico, e o escolhido foi este, que era o único dos romances de Fante lançados no Brasil que eu ainda não havia lido (há um outro dele que não li, "Full of Life", de 1952, que nunca foi lançado por aqui).

"A Irmandade da Uva" traz a história de Henry Molise (teria ele algum parentesco com Dominic Molise, o garoto protagonista de "1933 Foi Um Ano Ruim"? Só Fante poderia nos dizer), um escritor razoavelmente bem-sucedido, na casa dos 50 anos, que se vê obrigado a voltar para sua cidade natal, San Elmo, quando recebe a notícia de que seus pais idosos estão para se separar.

O livro traz vários elementos comuns à obra de Fante, como as peculiares e problemáticas relações das famílias italianas, as dificuldades em se deixar para trás os grilhões que nos acorrentam às nossas raízes, a luta para se tornar um escritor. Acima de tudo, este livro maravilhoso nos reafirma, mais uma vez, o quão poderosa era a escrita de Fante.

Se os personagens parecem caricatos à primeira vista, o fato é que basta a leitura de umas poucas páginas para nos sentirmos completamente mergulhados na vida deles, quase sentindo, através das páginas, o cheiro do Chianti e dos pimentões com vitela.

É uma obra recheada de momentos cômicos, mas principalmente de momentos melancólicos e tocantes, cujo tema central é a relação entre Henry e seu pai, Nick, um pedreiro talentoso, mas beberrão e durão incorrigível, sempre às voltas com problemas, dívidas de jogatina e casos extraconjugais. Recomendo muito a leitura desse Fante "lado B", que não deixa absolutamente nada a dever para seus livros mais famosos, aqueles protagonizados por Arturo Bandini.
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Gabriela Dunham 01/05/2021

Foi meu terceiro contato com Fante e já consigo visualizar com mais clareza alguns temas caros a ele: a forte influência de sua ascendência italiana, o gosto pelo beisebol, a figura da mama católica e cozinheira de mão cheia, um personagem que - assim como o próprio autor - subiu na vida por meio da escrita, saído de uma pequena cidade do interior, o consumo desregrado de álcool, uma história centrada em personagens masculinos. Henry é um dos quatro filhos de Nick Molise e o único que deixou a pequena cidade de St. Elmo, tornando-se um escritor de relativo sucesso. Quando sua mãe ameaça divorciar-se, ele retorna à cidade natal para contornar a situação, prometendo a si mesmo que não passaria mais do que dois ou três dias. Porém o retorno às origens, em sentido literal e figurado, se desenrola de forma um pouco diferente do planejado: Henry é levado a se tornar ajudante do pai, um orgulhoso pedreiro já aposentado, numa última obra que ele deseja realizar. Memória, hereditariedade, pertencimento e desejo são alguns dos temas que circundam a história, a partir da narrativa em primeira pessoa. A cena final é lindíssima, uma bela declaração de amor à literatura.
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@livreirofabio 12/05/2020

Massas, Choro e Vinho
"Para escrever bem, um homem precisa ter uma doença fatal. Era a única maneira de lidar com a presença da morte." p. 85.
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John Fante não teve exatamente uma doença fatal, mas uma incapacitante, a diabetes. Cortou-lhe dedos e pernas e o cegou, seu último romance foi ditado por ele e redigido por sua esposa. A doença não era fatal, a vontade de escrita era faminta.
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Fante é conhecido principalmente por "Pergunte ao Pó" que em sua época obteve reconhecimento medíocre e só foi ressuscitado, junto a sua vasta obra, nos anos 80 por influência de Bukowski - que passou dias mergulhado na obra do autor na Biblioteca Pública de Los Angeles. ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀

Em a Irmandade da Uva, Henry Molise, escritor estabelecido é chamado de volta à casa dos pais que querem se divorciar. Servindo de mediador, ele também é coagido a ajudar seu pai, agora com 76 anos, grande pedreiro da pequena cidade, em uma última obra, uma prova de que ainda possui o dom que o ajudou a construir escolas e igrejas. ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀
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Essa sinopse não me pareceu promissora, e prorroguei esse primeiro contato com a obra de John Fante por muito tempo, achava que seria uma leitura feita a base de empurrão. Fato é que me enganei completamente, a escrita de Fante é deliciosa, lírica e realista ao mesmo tempo, cheio de uma humanidade tão vil como comovente.
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Estes mesmos aspectos me atraem em Bukowski, mas aqui achei Fante mais encorpado, denso. Impossível não se identificar em algum ponto. É um romance sobre família, abandono, doença, cozinha italiana e vinho.
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"Quando sua fraqueza é a sua força, você chora. O choro desconcerta as pessoas, elas não sabem lidar com ele, estão esperando violência e subitamente ela desaparece numa poça de lágrimas." p. 200.

site: insta: @dutrabooklover
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Victor.Escobar 12/12/2018

Uma família como todas as outras
Independente do universo próprio criado pelo Fante, sempre com a temática italiana, o grande mérito desse livro é o de retratar sentimentos, situações, tragédias e problemas que acontecem em toda família. A incompreensão paterna, o sentimento de abandono, as mágoas familiares que todos nós vamos levar para sempre. Apesar dos porres e do vício em jogos, o livro transmite uma mensagem bem bacana. Li através do Kindle Unlimited.
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Lacerda 30/10/2013

Fante conta a história dos Molise, uma família em conflito pelo desejo de separação do casal depois de 51 anos de matrimônio. Ao filho mais velho, Henry, fica o dever de remediar a situação e cuidar de Nick, seu pai alcoólatra, péssimo jogador e amante das mulheres. E ainda atender a seu último desejo: provar que ainda é o pedreiro da região.
Henry inicia uma viagem com o pai e uma turma de veteranos que vivem pelo vinho da região. Aproxima-se dele relembrando o passado no silêncio, na exaustão do trabalho regado a muito vinho, nas horas que deixam de existir e na morte em vida onde inexistem mágoas e se reconciliam.
Segue o fluxo característico do autor, sem sentimentalismo, num romance quase autobiográfico.
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