Francine 13/03/2014O melhor de um romance distópico sobrenatural!Cavaleiro Eterno é o segundo volume da série Crônicas Arcanas, que aguardei ansiosamente depois que o primeiro volume (Princesa Veneno — resenhado no blog) ingressou entre os meus favoritos. Não me arrependi, ao contrário: devorei as 320 páginas em apenas dois dias para, depois, sofrer aquela ressaca literária que somente os bons livros provocam!
Neste volume o leitor é surpreendido por uma revelação após a outra, numa crescente que eleva a história a um nível muito mais envolvente! Após o apocalipse, os 22 personagens que receberam poderes das cartas do tarô agora nada podem fazer a não ser lutar uns contra os outros para sobreviver e a guerra tem seu início. Nela, Evangeline Greene (Evie) se vê assumindo toda a crueldade do seu poder arcano, mas escolhe firmar alianças para tentar evitar confrontos. Considero esta uma característica que me atraiu na série: em sua forma humana, a protagonista é bondosa e ética, mas em sua forma arcana a gentileza cede espaço para a sede de sangue que desperta tensão no leitor!
Se em Princesa Veneno o destaque era a aceitação da Evie sobre sua própria natureza arcana e o seu inevitável envolvimento na guerra pós-apocalíptica, em Cavaleiro Eterno o destaque está na intensa história das suas vidas passadas e no seu relacionamento com Morte. Preciso dizer: apaixonei-me por Morte! Com o poder de matar a todos com apenas um toque, Morte guarda segredos, arrependimentos e mágoas que o tornam um personagem maravilhoso.
A verdade é que Evie não lembra das reencarnações anteriores como a Imperatriz, mas descobre da pior maneira que cada uma delas foi demasiadamente má. Não importa quão bondosa é atualmente, a Imperatriz fez inimigos letais e se tornou indigna de confiança pelos demais arcanos que jamais a esqueceriam. Agora, querendo provar sua lealdade, Evie precisa fazer desta uma guerra diferente! A Imperatriz não trairá os seus aliados, mas não será fácil conter sua agressividade.
É Jack quem consegue mantê-la segura de si mesma. Sendo apenas um humano, sem poderes arcanos e com nenhum envolvimento profético na guerra pós-apocalíptica, ele consegue conter a ira da Imperatriz por meio do seu amor à Evie. É instável e difícil lidar com a situação, mas Evie e Jack se amam, ainda que a Imperatriz deseje Morte. Como se não bastasse toda a confusão da guerra, agora terão de lidar com os seus próprios sentimentos.
Morte ainda é o mais poderoso arcano! Sem hesitar, continua a ceifar vidas por onde passa. Se a Imperatriz quiser viver, terá que cumprir uma promessa feita há séculos. Será Evie, a atual reencarnação da Imperatriz, capaz de fazê-lo? Se sim... Jack será o preço.
Além da profética guerra entre os arcanos (na qual o vencedor viverá até a próxima batalha), há milícias, canibais e traficantes de escravos que apenas enriquecem o enredo... Ação, suspense, romance e uma equilibrada dose de imprevisibilidade resumem Cavaleiro Eterno! O segundo livro da série Crônicas Arcanas ingressou para os meus TOP FAVORITOS e com seu final eletrizante me fez desejar, desesperadamente, a continuação. Recomendo para qualquer leitor que aprecie uma envolvente distopia sobrenatural.
Quotes favoritos:
Jackson tropeçou ao se afastar de mim, fazendo o sinal da cruz. Exatamente como previ. Com aquele único gesto, ele partiu o meu coração completamente.
— A cruel Imperatriz está fazendo promessas? O problema é que você nunca as cumpre. Todos sabem que você rompe todos os votos em todos os jogos.
— Quanto mais uso os meus poderes… — eu me interrompi.
— Mais quer nos matar. — Finn terminou por mim.
Jackson falou entre os dentes:
— Você tem o gosto da minha Evie, se parece com ela. Mas não é ela. — Ele passou as costas da mão nos lábios.
Ah, e lá estava a fúria.
— Estamos aqui sem proteção alguma contra os Saqueadores, sem ninguém de vigia, e eu ainda estou a um segundo de te possuir! Você me enfeitiçou também? Essa é a única maldita razão para eu ainda pensar em você depois de toda essa merda. Durante minha vida toda nunca saí procurando encrenca, mas ela sempre me encontrou! Você é simplesmente a última dose de sofrimento.
— Você se conteve de matar aquele garoto irlandês assim que me viu. Nega isso?
Depois de um tempo, sacudi a cabeça.
— Você precisa de mim, e agora eu sei disso — ele disse. — Você me avisou que não seria fácil com você. Ainda estou disposto.
— Por que estaria? Isso é mortal e estranho e apavorante.
— Igual ao resto do mundo!
— Não posso fazer nada quanto à criação que tive. Qualquer coisa sobrenatural ou é um milagre ou satânico.
Eu revirei os olhos.
— E ainda está tentando descobrir qual dos dois eu sou?
— Non. Estou tentando descobrir se ainda sou católico. — Ele deu aquele sorriso de fazer o coração parar.
— Você me ama demais para me machucar.
Não me importei em negar isso.
— Nenhum dos outros sobreviveu ao meu toque. Nenhum. — Ele acaricia minhas bochechas, meu pescoço, meus lábios.
Quando foi a última vez que ele tocou uma pessoa durante todo aquele tempo? Pressinto algo perverso começar a ferver dentro dele.
Com a voz rouca, perguntei à Morte:
— Por que não me mata agora?
Ele sussurrou em meu ouvido:
— Porque uma parte de você quer que eu faça isso.
Morte ergueu sua espada e olhou para a ponta na luz do fogo.
— O que você está olhando, criatura?
— Um assassino a sangue frio.
— Não devia ser uma visão tão nova. — Ele ergueu sua outra espada para afiar. — Tenho certeza que você passa por um espelho de vez em quando.
— E qual é o seu? — Eu perguntei. — Ogen e Lark deram nomes, você não?
— Chame-me Morte. Isto é tudo o que sempre serei para você.
— Você se recusou — duas vezes — a me implorar por sua própria vida, mas imploraria pela dele?
Sussurrei:
— Sim.
— Venha comigo e comece isto.
— Não faça isso, Aric! Não destrua o que sinto por você.
— Vou tomar — ele se apossou da minha mão, puxando-me para perto — o que eu puder conseguir.
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