Erick Macedo Pinto 15/08/2023
Talento desperdiçado
Tags de recomendação: ficção; fantasia; alta fantasia; magia; épico; fantasia épica; aventura;
O Rei Sagaz morreu. Ao contrário do que muitos pensam, foi pelas mãos de seu filho Majestoso através do círculo de Galeno, seu meio irmão.
Veracidade continua desaparecido, em sua busca pelos Antigos para virem novamente em auxílio aos Seis Ducados.
A rainha Kettricken e o Bobo conseguem fugir da corte e dos olhos de Majestoso e ninguém sabe para onde foram.
Majestoso, tomando a coroa para si e finalmente alcançando o trono, resolve levar a corte de Cervo para o interior, a terra de sua mãe e sua, onde ele tem mais apoio e força, deixando Torre de Cervo abandonada a própria sorte. Mesmo com a sua cunhada, Dama Paciência, escolhendo permanecer lá.
Moli está desaparecida.
E FitzCavalaria, em um plano arriscado e inusitado de seus tutores, Bronco e Breu, consegue enganar a todos, fazendo-os acreditar que de fato morreu. Esse é o cenário de início do 3° e último volume da Saga do Assassino.
Fitz, profundamente vinculado a Olhos-de-Noite pela Manha, precisa reaprender a viver como um humano neste seu "renascimento ", nesta nova vida. Disfarçando-se e tentando ser o mais discreto possível, parte para realizar sua vingança com o autodeclarado Rei Majestoso e, posteriormente, ir atrás de Veracidade para ajudá-lo em sua demanda e restaurar a paz nos Ducados Costeiros e o reino dos Seis Ducados.
Este é um livro denso, bem profundo e muito reflexivo. Nele, vemos um Fitz mais experiente, já tendo passado por muita coisa e superado várias delas numa jornada de descoberta e autoconhecimento do que ele de fato é, agora que já não conta com seus tutores (Bronco e Breu) ou suas referências (Reis Sagaz e Veracidade) próximos de si. Sendo mais uma vez poética através da escolha de nomes dos personagens, é uma jornada de Fitz em busca de Veracidade.
Precisando lidar com todos os traumas e perdas pós acontecimentos dos segundo livro, Fitz só tem a Olhos-de-Noite com quem contar e não nunca está totalmente recuperado, curado, física e psicologicamente para o que ele precisa e quer fazer, para seguir em frente.
Ele, de fato, não é o herói perfeito, invencível, infalível. E suas fraquezas, medos e incertezas são constantemente expostos. Nem sempre toma as melhores decisões mas, sendo o Catalisador, suas decisões mudam todo o curso da história.
Eu confesso que estava esperando uma aventura diferente neste encerramento da saga. Acho que a autora não foi tão feliz na divisão de arcos, no tamanho de cada um deles. Muita trama, que não acrescenta tanto ao resultado final, poderia ser cortada pra dar espaço pra outros desenvolvimentos. E, mesmo as tramas já existentes, ou foram resolvidas de forma muito simples e rápida, com informações jogadas ou simplesmente foram ignoradas e não tivemos mais detalhes delas. Não houve um aprofundamento nelas e nem maiores informações.
A jornada de Fitz, envolta em vários significados, tomou uma parte considerável do livro e o grande desfecho, aquilo que vínhamos esperando desde o primeiro volume da série, foi resolvido sem tantos detalhes, de forma rápida, em poucas páginas.
Acabou sendo um livro muito do Fitz e seus pensamentos, traumas e incertezas. Quase sempre na companhia de seu lobo. Sem tantos diálogos ou ação propriamente dita.
Mesmo não tendo o final satisfatório para mim, independente dos finais felizes ou não para os personagem, é uma história que prende e tem o seu valor dentro do gênero. Mas a sensação ao terminar não é de êxtase pela conclusão brilhante de uma série. Parece mais com alguém que tinha algum potencial para o Talento, mas que não foi desenvolvido.