Vitor Hugo 17/05/2023
UMA HISTÓRIA DE AMOR EM MEIO A UM GRANDE EVENTO HISTÓRICO
Sabe aquela temática já "batida" em filmes de Hollywood, do tipo "uma história de amor tendo como pano de fundo um grande evento real da história", assim como, digamos, Titanic, de James Cameron (1997)?
Pois é. Aquele que é considerado "o fundador da literatura russa moderna", Aleksandr Púchkin, já assim fazia em 1836, como mostra o romance histórico A Filha do Capitão.
Piotr Grinióv, ainda muito jovem, por ordem do pai, vai servir como militar para o Império Russo em uma modesta fortaleza nos confins dos domínios da então tsarina Catarina II. Lá ele se apaixona pela filha do comandante da fortaleza, enquanto avança uma terrível rebelião liderada pelo cossaco Pugatchóv, que, arrastando uma multidão, dizia ser nada mais nada menos que Pedro III, o falecido marido de Catarina.
A obra é envolvente, bem descreve aqueles confins da Rússia e os marcantes personagens, sejam eles fictícios, sejam eles reais, como o próprio Pugatchóv.
Um verdadeiro romance histórico, na medida em que Púchkin estudou documentos e mais documentos sobre os fatos ocorridos a partir de 1773, esteve nos locais dos acontecimentos e mesmo chegou a conversar com pessoas que foram contemporâneas àqueles eventos históricos.
Aliás, há descrições bem marcantes sobre as rebeliões capitaneadas por Pugatchóv na excelente biografia de Catarina, a Grande, de Robert K. Massie, as quais nos mostram que foram tempos realmente de abalo nas estruturas do Império Russo, nos quais, no centro de tudo, estava o nosso herói Grinióv.
Em suma, mais uma obra, dentre tantas, a revelar a opulência da história e da literatura russas.