Felipe 03/05/2021
Nascido em Moscou, Alexandre Pushkin descendia de uma família pertencente à nobreza russa que possuía registros de sua ancestralidade desde o século XII. Aos 11 anos de idade, enquanto ainda estudava no liceu imperial em Tsarskoye Selo, Pushkin já tinha destaque nos círculos literários. Nos dias que correm, o autor é considerado o maior poeta russo e o pai da Literatura russa do século XIX, tendo apresentado ao país todos os gêneros literários europeus e influenciado romancistas como Ivan Turguêniev e Liev Tolstói. Nesta resenha, falarei sobre “A Filha do Capitão”, uma de suas mais conhecidas obras.
Na trama, Piort Andrêitch, Petrucha, é entregue às mãos de Savélitch, seu preceptor, aos 5 anos de idade. A relação de Piort e Savélitch era pacífica, embora algumas situações deixassem claro que a atuação do preceptor não bastasse para que Petrucha tivesse um comportamento adequado. E houve uma ocasião em que o protagonista desta história apostou bens de sua família e os perdeu, causando grande remorso em seu instrutor.
Quando cresce, Piotr é enviado à fortaleza Bielogórskaia. Ele tinha grandes projetos para a sua vida no exército, e na fortaleza chegando é recebido por Ivan Kuzmitch. Em certa ocasião, enquanto almoçava com a sua família, Piotr conhece Maria Ivanovna, a filha do capitão. E por ela Petrucha se apaixona.
“A Filha do Capitão” é um romance histórico ambientado na Rússia czarista da segunda metade do século XVIII. À época, mais de 80% da população era constituída por camponeses. Séculos antes, ocorreu a unificação do país e o primeiro imperador se intitula Czar, Ivã III. Durante muito tempo, e ainda durante o momento em que o enredo dessa obra se passa, a Rússia mantinha uma firme relação com a igreja ortodoxa do período bizantino.
O militarismo também exercia uma grande influência naquela sociedade. A Rússia era uma grande potência europeia, e isso a expunha a guerras. No país, os participantes do exército eram recrutados dos círculos da própria aristocracia. Vimos isso muito bem em “A Filha do Capitão”.
Na fortaleza Bielogóskaia, Piotr viu Vassilissa Iegórovna, a esposa do Ivan, governar a fortaleza como uma dona de casa governa o seu lar. Ivan Kuzmitch chegou à posição em que se encontrava após enfrentar a dura disciplina dos soldados recrutados para servirem ao exército. Assim mesmo, a fortaleza vinha se tornando um ambiente bem agradável para Petrucha.
Ele foi promovido a oficial. Enquanto narra a vivência de Piotr na fortaleza, Pushkin nos apresenta à Rússia de seu tempo. Era um país marcado por uma grande diversidade étnica, e ainda é. O autor também mostrou as peculiaridades da cultura do país decorrentes da presença da igreja ortodoxa bizantina.
Uma delas está no casamento. Nas igrejas católicas orientais, há diferenças entre os ritos de casamento em relação à Roma. Neles, há uma autonomia em relação ao rito católico ocidental. Na obra, vimos o casamento ser representado como a formação de um “novo reino”, o que ocorre nas coroações dos casamentos da religião.
Um dos primeiros episódios marcantes de Piotr na fortaleza foi o de um duelo que travou com Ivan Ignátitch. O duelo teve repercussões negativas e Vassilissa os proíbe na fortaleza. Em paralelo, Maria Ivanovna passa a ter pretendentes.
Contudo, era por Piotr que ela nutria profundos sentimentos. Isso promovia em Petrucha um arrefecimento de sua raiva quanto aos personagens que com os quais vinha se desentendendo. A sua família, por outro lado, não via com bons olhos um envolvimento entre ele e Maria Ivanovna.
Essa obra pertence à fase dourada da Literatura russa. Na realidade, foi o próprio Pushkin quem a inaugurou no país. À época, o Romantismo ainda estava em sua periodicidade. A estruturação de “A Filha do Capitão” é bem similar ao dos romances de cavalaria que desde o século XIII eram cada vez mais escritos no romance em prosa.
Na obra, vemos Piotr, o herói, em busca de sua donzela em apuros, Maria Ivanovna. Não entrarei em maiores detalhes a respeito porque muitos poderão se incomodar. Nas obras do Romantismo, essa estruturação foi em diversas vezes adaptada.
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